Das tabelas de madeira improvisadas nos Camarões… à NBA

Yves Missi resume a sua própria história de forma simples: «A vida é uma loucura»

A vida de Yves Missi é uma daquelas que dava um filme.

«A vida é uma loucura». Ele prefere resumir assim.

Nascido na Bélgica, Missi cresceu nos Camarões como o mais novo de cinco irmãos e só começou a jogar basquetebol de competição em 2019, com 15 anos.

Mas o desporto já não era nada estranho para ele, já então media 1,85m. Ou pelo menos, o básico do desporto. Junto à sua casa, o então adolescente tinha uma tabela de basquetebol improvisada através de tábuas de madeira.

E foi ali, à beira de uma estrada poeirenta, que começou a sonhar alto. Tão alto como os seus braços compridos podiam alcançar. Na altura, isso era pouco mais do que os 3,05 metros de uma tabela de basquetebol. Das verdadeiras. Mas agora, é nas tabelas da NBA que ele vai brilhar.

Um passo de cada vez.

Porque Yves Missi quis sonhar mais alto. O que o fez voar para os EUA, em 2021, onde chegou «pele e osso» para jogar e estudar na West Nottingham Academy, em Maryland.

«Chegou envergonhado e muito cru. Era pele e osso, por assim dizer. Se o vissem na altura e agora iam notar grandes diferenças. O músculo que ele foi capaz de ganhar! E a timidez também já não existe e está cada vez mais refinado», descrevia Tom Fabian, treinador que o recebeu, em declarações à Sports Illustrator, sobre o gigante de 2,13m.

Ainda estudante de escola secundária, mudou-se para a Califórnia. E no ano passado, no momento de optar por uma Universidade, foi a de Baylor, no Texas aquela que lhe ofereceu as melhores condições para continuar a crescer.

E o menino que jogava na tabela improvisada de tábuas de madeira junto à estrada de Yaoundé cresceu tanto e tão depressa que, cinco anos depois de ter começado a jogar, e três depois de ter aterrado nos EUA, foi escolhido na primeira ronda do draft da NBA.

Yves Missi foi a 21.ª escolha e vai jogar nos New Orleans Pelicans, que tinham apenas a possibilidade de selecionar um jogador. Ele saiu dos Camarões e construiu o seu sonho americano.

«Sem dúvida que é um dia especial. Havia apenas cinco pessoas na história dos Camarões que conseguiram entrar na NBA. Ser um deles é uma loucura. Agora, seis entre 30 milhões conseguiram, o que é inacreditável», disse após ser escolhido.

E agora vai tentar trilhar o caminho de sucesso dos compatriotas Pascal Siakam (Indiana Pacers) ou Joel Embiid (Philadelphia 76ers).

«A vida é uma loucura». É verdade, Yves.