A justificação do Conselho de Disciplina para o castigo de Neres

Benfica A justificação do Conselho de Disciplina para o castigo de Neres

NACIONAL20.07.202300:16

David Neres foi, como se sabia, castigado com um jogo de suspensão, que o afasta do encontro da Supertaça, e esta quarta-feira foi revelado o acórdão do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que justifica a decisão com base no que considera insultos ao portista Otávio e também por ter identificado o sportinguista Pote num vídeo em direto, usando expressões como «chupa» e «chora bebé».

«Tais expressões, apesar de não constituírem difamação ou injúria, não são neutras, inócuas ou assépticas, pois valem pelo e no seu exato contexto: são vexatórias e procuram exibir a vitória de um campeonato como forma de humilhar os adversários, o que é uma gritante violação do fair play, abalando a imagem e credibilidade das competições além de constituírem um sério risco de potenciação do gérmen de fenómenos de violência desportiva», explica o CD da FPF.

Por outro lado, é igualmente esclarecido porque motivo David Neres não foi castigado no âmbito do vídeo gravado na Luz, em que se ouve o extremo dizer «chupem lagartos» e «chupem tripeiros», com aquele órgão federativo a considerar que o brasileiro alegou desconhecer, «por completo, a existência desses vídeos» e «não conhece o respetivo conteúdo, não conhece os seus eventuais autores, nem sabe, portanto, se os vídeos são ou não verdadeiros» gravados na Luz, após o Benfica-Santa Clara, na celebração do título e acrescenta que, mesmo sendo percetível a voz do brasileiro, não há «segurança e certeza jurídicas suficientes quanto à genuinidade ou integridade do vídeo, nem de que a sua divulgação/produção tivesse sido autorizada até porque foi realizado num contexto de reserva (mesmo que se admita uma permissão na sua obtenção).»


«No caso concreto, a impossibilidade de valoração de tal vídeo prende-se com a circunstância de tal vídeo não ter captado a imagem de pessoas num espaço e momento públicos, mas sim num contexto de reserva – momento posterior ao jogo e já depois do público ter saído do estádio, tendo ficado apenas os jogadores e algumas outras pessoas afetas ao clube a celebrar», realça o CD da FPF.