Sporting-Casa Pia, 2-0 A conferência de Rúben Amorim na íntegra

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Técnico deixou elogios fartos a Daniel Bragança e não só, mas também se queixou de lesões, cansaço e linha de seis defesas do Casa Pia

— Como analisa esta partida, em que o Sporting teve de lidar com enorme bloco defensivo?

— O normal, muita gente atrás da linha da bola, nós com dificuldades para entrar. Nem era uma linha de cinco, mas sim de seis. Foi difícil, tirando o primeiro remate em que o Quaresma calcula mal a bola e o livre, controlámos as transições. Senti a equipa um bocadinho cansada, mas fomos tentando fazer as nossas combinações. Não sofremos golos e seguimos em frente. Trincão esteve muito bem, Inácio e Quaresma estavam em dificuldades físicas, mas não foram expostos a grandes problemas. Linhas de seis são complicadas, mas mas dependem da inspiração dos jogadores e Trincão desbloqueou o jogo.

— É o resultado perfeito antes da pausa as seleções?

— Estamos a precisar muito, temos muitos jogadores de fora. Quaresma jogou em dificuldades, o Inácio igual. O Matheus Reis, Pote… temos muitos jogadores de fora e isto foi uma bênção. O facto de o Casa Pia jogar tão baixo ajudou-nos, nem tudo foi mau. Ajudou-nos a controlar um jogo que poderia ter sido mais difícil. A paragem vem em muito boa altura.

— Considera que resultado foi melhor do que a exibição?

—  A equipa cumpriu. Foi jogo difícil, mas tivemos mais oportunidades, não foi um jogo tão bonito por parte do Sporting, mas a linha de seis dificulta. E depois temos muitos jogadores a fazer jogos seguidos e isso sente-se, mas mexemo-nos muito. Conrad não estava a jogar mal e foi sacrificado, exibição foi a possível para o desgaste que tínhamos.

— Daniel Bragança leva três jogos seguidos a marcar, são números de um avançado…

— Não é olhar apenas para os números, pois podem parar ou abrandar. Ele é um jogador diferente, com mais capacidade física, para chegar à baliza adversária. Está mais forte no contacto físico, só precisava de um treinador que o metesse a jogar mais vezes... Na época passada, com pouco tempo, 5,10, 20 minutos por jogo, foi sempre a sério, trabalhava a sério e isso tem recompensa. Hoje é difícil tirar o Daniel e quando tiro se calhar prova-me que estava enganado. Não esperava esta dimensão, tem de continuar a crescer, mas é um grande jogador.

Oito vitórias em oito jornadas de Liga. Sente que esta equipa é uma das melhores deste século em Portugal?

— É difícil dizer, também joguei em algumas equipas boas… Mas temos uma forma de jogar agradável para as pessoas, começámos bem, jogamos bem, temos de melhorar nos jogos de maior grau de dificuldade. Equipa tem posse e reage bem à perda de bola. Calendário vai ficar mais difícil e estou muito preocupado com o 9.º jogo.

— Qual a razão da aposta em Harder?

— Precisamos de jogadores frescos. Mas Conrad ia muito para o meio da baliza e não para o segundo poste — Paulinho conhecia melhor o jogo…. Ideia era ter jogadores fortes na frente, sangue fresco, esperávamos linha de cinco e não de seis. Harder não saiu do jogo pela fome [de golo], quer marcar, não tem jogado tanto. Rematar muito é uma característica para estes jogos. Mas Morita tem capacidade de jogo entrelinhas e estávamos um bocadinho coxos de um lado, comparando com o outro. O Conrad foi o sacrificado, acho que funcionou bem.

— Israel é o dono da baliza?

— O dono é aquele que estiver a jogar, mas nota-se a maturidade do Franco. Tem rendimento, está a jogar e fez por merecer, está no lugar dele neste momento.

— Neste tipo de jogos espera que os seus jogadores resolvam pelo coletivo ou pelo individualismo?

— Antigamente havia mais 4x3x3 ou 4x4x2, raramente se via uma construção a 3, era tudo muito estático, hoje em dia é tudo mais difícil, é difícil por vezes encontrar referências em equipas da Liga dos Campeões. Nestes jogos não há milagres, perante linha de 6 defesas e linha de 4 médios, ou vamos por cruzamentos ou por inspiração dos jogadores. Sporting vai pela inspiração dos jogadores, as características dos jogadores é que fazem a diferença, caso contrário não há milagres, podemos estar ali três horas sem marcar golo.