A conferência de Imprensa do treinador do Benfica na íntegra

NACIONAL15:11

Bruno Lage aborda a questão do nevoeiro na Choupana e afasta pressão das palavras de Rui Costa, presidente dos encarnados, sobre o desejo de passar o Natal na liderança da Liga

— Tendo em conta que o jogo com o Nacional já começou [interrompido ao minuto 8 a 6 de outubro] e que passaram mais de dois meses, este Nacional é equipa diferente?

— Acredito que com tempo e treino e a jogar uma vez por semana tenha conseguido consolidar processos. O facto de ter vencido o último jogo traz sempre energia muito positiva para a equipa, mas à partida os onzes estão definidos e olhámos muito para aquilo que foram os primeiros 3 ou 4 minutos [do jogo da Choupana] e para aquilo que Nacional fez nos últimos jogos. Importante referir é que joga normalmente em 4x4x2, que tem boa dinâmica quer nas saídas curtas, quer nas longas, e dinâmicas diferentes nas laterais, com lateral-esquerdo mais profundo e lateral-direito com capacidade para tentar cruzar e meter bolas na área para a entrada quer do avançado, quer do ponta de lança. Penso que vai ser jogo difícil, é sempre difícil jogar na Choupana, mas queremos muito jogar o jogo e estamos preparados.

— Está previsto pelo IPMA nevoeiro para a Choupana à hora do jogo (17 horas de quinta-feira], como acautelar isto? Há algo pensado pelo Benfica em torno de um novo adiamento?

— Pensámos na realização do jogo. Não pusemos outra hipótese em cima da mesa, preparámos o jogo da forma como temos vindo a fazer e estamos muito determinados em jogar. O que queremos neste momento é jogar. Pelas informações que tivemos nos últimos dois meses nada de especial aconteceu, e agora encontramo-nos na mesma situação de há dois meses. Penso que o que o regulamento diz é que se não se jogar pode ser no dia seguinte, mas não pusemos isso em hipótese. O que temos na nossa cabeça é jogar, temos muita vontade e ambição de jogar o mais rápido possível o próximo jogo. Primeiro, que o avião tenha condições para sair de Lisboa e aterrar no Funchal, depois é chegar ao estádio e ver se o jogo pode realizar-se. Uma coisa de cada vez.

— O Benfica vem de dois empates seguidos, algo que ainda não tinha acontecido com Bruno Lage. A equipa está de certa forma abalada? Sente alguma quebra exibicional na equipa?

— Há momentos do jogo que ainda não controlamos como gostaríamos. Sinto que reorganizámos a equipa, foi conhecer a real posição de alguns jogadores, fomentar o jogo ofensivo que pretendemos, criar imensas oportunidades de golo, temos média de aproximadamente 3 golos por jogo, são factos reais dos últimos 3 meses. Mas ainda sinto que há momentos do jogo em que temos de evoluir. Um deles é a forma como nós ainda não controlamos o jogo em certos momentos com bola, momentos em que recuperamos a bola e a perdemos nos toques seguintes, o que obriga a correr o que não queríamos e traz desgaste maior à equipa. Evolução procura-se no treino e tempo de treino e isso é repetir e fazer acreditar os jogadores de que podem evoluir.

— O presidente do Benfica afirmou que gostaria passar o Natal em primeiro lugar. Isso pode ter pressionado a equipa, dado que o resultado seguinte foi um empate?

— Sim, mas não é consequência das palavras do presidente. A ambição deste clube é enorme. A seguir ao jogo do Mónaco até surgiu esse desafio de começar a olhar para a frente, senti que podíamos conquistar o segundo lugar e aproximar-nos nos do primeiro lugar e esses objetivos mantêm-se. A pressão existe sempre, estamos sempre pressionados em particular quando estamos nesta posição, como treinador e jogadores do Benfica, a nossa pressão é diária, é de vencer todos os jogos, a exigência máxima, a minha avaliação dos momentos também tem de ser máxima. Não posso ficar satisfeito, enquanto treinador, com a segunda parte que fizemos. Fiquei satisfeito com as cinco alterações e com as oportunidades criadas na primeira parte e poderíamos ter feito outro resultado ao intervalo, mas não fiquei satisfeito com segunda parte. Nada isso implica que o nosso objetivo não seja alcançado, o nosso objetivo é chegar ao fim no primeiro lugar. Estamos melhor, estamos numa posição em que dependemos apenas de nós para sermos campeões. Acredito muito, pela resposta dos jogadores, que é com este plantel que a equipa vai ser campeã nacional ou vencer títulos pelo Benfica.

— Que comentário faz à candidatura de Pedro Proença à Federação Portuguesa de Futebol e o que pode trazer ao futebol português?

— Vejo-o como uma pessoa com enorme capacidade de trabalho, por isso, a acontecer, [triunfo nas eleições da FPF], desejo-lhe as maiores felicidades. Que tenha sucesso e que o futebol português continue a crescer e a evoluir.

— Luisão trabalhou diretamente com Jorge Jesus e Roger Schmidt enquanto diretor técnico do Benfica e acaba de anunciar o regresso ao Brasil para assumir um novo projeto de carreira. Pergunto-lhe se está a pensar num sucessor ou se há a possibilidade de Luisão manter as funções.

— É um tema que não entra no nosso dia a dia, foi referência como jogador, foi capitão e foi líder, trabalhou diretamente com equipas técnicas anteriores, nós não tivemos essa oportunidade. Com o tempo o Benfica irá eventualmente comunicar, se comunicar, alguém para essa posição. O que desejo ao Luisão, porque nos cruzámos várias vezes, é que tenha imenso sucesso nesse novo projeto.