A análise de Duarte Gomes à arbitragem do V. Guimarães-FC Porto
Trabalho globalmente positivo
Nuno Almeida viajou até Guimarães, para arbitrar o Vitória SC-FC Porto que se disputou no D. Afonso Henriques. Na sala de vídeo arbitragem esteve André Narciso (VAR). Não está fácil arbitrar jogos em Portugal. A tensão crescente que se sente nas equipas, com reflexo na intolerância e sensibilidade que os seus jogadores demonstram em campo, dificulta muito a missão de quem tem que ajuizar com razão e lucidez, recorrendo sempre que possível à prevenção e pedagogia. É preciso colaborar mais com quem tem missão tão ingrata.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes da partida:
1' Borevkovic empurrou Evanilson. Já com o adversário no solo, o croata tentou tirar a bola que estava entre as pernas daquele, mas fê-lo com impetuosidade evitável para a circunstância. É certo que não pareceu haver malícia ou força excessiva (o pé que pisou escorregou de seguida), mas o central não mediu o perigo para a integridade física do brasileiro. A sua negligência devia ter sido sancionada com cartão amarelo (tal como a reação posterior de Pepê).
9' Foi Bruno Gaspar quem desviou a bola (com o peito) pela sua linha de baliza. O árbitro equivocou-se ao não indicar o respetivo pontapé de canto para o FC Porto. O erro, menor, surge aqui plasmado porque a jogada foi clara, evidenciando alguma desatenção da equipa de arbitragem.
15' Jorge Sánchez e Ricardo Mangas chocaram de cabeça, na sequência de colisão visivelmente perigosa para ambos. As indicações são claras nestes casos: Nuno Almeida devia ter parado o jogo de imediato (seria o caos se uma das equipas marcasse naquelas circunstâncias). A partida esteve interrompida 9'.
25' Otávio entrou fora de tempo e de forma negligente sobre Jota Silva, pisando o pé esquerdo do vimaranense. O árbitro não se apercebeu, mas a infração justificava advertência.
45+1' Gonçalo Borges, pela direita, tocou na bola para dentro da área adversária. Varela, que saíu da sua baliza para encurtar o ângulo, desviou-a com o braço/ombro direito. O choque posterior deveu-se essencialmente à movimentação em velocidade do avançado do FC Porto. Certo é que o guarda-redes do Vitória não cometeu qualquer infração. Lance bem analisado na área dos visitados.
45+4' João Mendes condicionou a execução de pontapé livre para o FC Porto (a meio campo), escapando à advertência pela forma como impediu taticamente o recomeço.
45+8' Jorge Sanchez foi corretamente advertido após puxar o braço de Jota Silva, cometendo "falta tática" (infração geralmente em zona mais recuada do terreno, que visa impedir o adversário de iniciar saída potencialmente prometedora).
45+10' Remate na queima de Nico González contra o braço esquerdo de Borevkovic, que estava ao longo do corpo, em posição natural. Lance bem analisado na área vitoriana.
56' Amarelo bem exibido a Otávio, após impedir ilegalmente Nélson Oliveira de prosseguir saída prometedora.
58' João Mendes cometeu falta tática quando impediu Pepê de iniciar saída rápida. A infração antidesportiva foi bem sancionada com advertência.
60' Jota Silva atingiu o joelho direito de Pepe na sequência de abordagem demasiado impetuosa ao lance. A infração do internacional português foi negligente. Faltou o amarelo.
65' Queda empolada de Jota Silva na área do FC Porto, na sequência de abordagem legal de Jorge Sánchez. O avançado vimaranense arriscou desnecessariamente o amarelo por simulação.
71' Amarelo bem mostrado a Borevkovic, que cortou com a mão jogada conduzida por Evanilson. A exibição do vermelho por eventual anulação de clara oportunidade de golo não podia acontecer por não estarem cumpridos dois fatores: o da distância à baliza adversária (mais de 60 metros) e o facto de não ser certo que a bola, que estava no ar, pudesse ser depois controlada pelo avançado brasileiro. Bem o árbitro.
79' Amarelo bem mostrado a Kaio César, após agarrar de forma ostensiva Otávio. Comportamento antidesportivo claro.
80' Wendell foi advertido com justiça após entrada negligente sobre Kaio César.