A análise de Duarte Gomes à arbitragem do E. Amadora-Benfica

Precipitação inicial e um cartão amarelo a mais

Hélder Malheiro ficou em casa para dirigir o jogo entre Estrela da Amadora e Benfica. A liderar a equipa de videoarbitragem esteve o bracarense Luís Ferreira. Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:

3' Precipitação de Hélder Malheiro, que assinalou erradamente pontapé de penálti num lance em que o corte de Mansur sobre Rafa (partiu de posição legal) foi notoriamente na bola. Um arranque em falso e um recomeço de jogo (pontapé de canto) que deixou alguma perplexidade, porque o apito aconteceu quando a bola ainda estava dentro do terreno de jogo. Mais importante do que essa desatenção grave: a verdade desportiva prevaleceu, porque o árbitro assumiu o erro e corrigiu de imediato. Fez muito bem, obviamente.

12' O lançamento lateral executado por Morato foi repetido para a equipa adversária por indicação do árbitro (ou do assistente), mas não foi executado erradamente: o pé esquerdo do lateral encarnado só levantou após soltar corretamente a bola das mãos. Erro menor.

18' Pedro Mendes, ao tentar jogar a bola, acabou por pisar o pé de Arthur Cabral de forma imprudente. O lance, muito perto do árbitro assistente, não foi tecnicamente sancionado como devia.

26' João Neves efetuou tackle deslizante, tocando na bola e depois no pé de Leo Cordeiro. Apesar da lesão momentânea do jogador da equipa visitada, aceita-se a leitura que fez o árbitro: o contacto foi decorrente de abordagem legal do médio encarnado.

28' Golo legal do Estrela da Amadora, a inaugurar o marcador no Estádio José Gomes.

31' Golo bem anulado ao Estrela por fora de jogo (muito) evidente de Leo Jabá, que ainda empurrou a bola para o fundo da baliza de Trubin. O avançado estava adiantado quando Aloísio lhe passou a bola.

41' Di María viu bem o cartão amarelo por protestos exacerbados, após decisão de Hélder Malheiro em interromper o jogo (ficou a dúvida se o argentino contestou a paragem ou alegada infração que sofrera antes).

44' Quando Di María picou a bola para a área adversária, Jean Felipe estava a colocar Arthur Cabral em jogo. O avançado marcou o golo do empate, partindo de posição legal. Excelente análise do árbitro assistente em lance muito difícil de avaliar em velocidade normal.

45+1' Segundo golo do Benfica, marcado por Rafa, na conclusão de jogada legal do ataque encarnado.

45+2' Régis foi advertido por tentar rasteirar Rafa. Apesar de algo desequilibrado por esse contacto, o avançado do Benfica aguentou a carga, prosseguiu a jogada e só perdeu a posse de bola após desarme posterior de outro adversário. Até se aceita a infração inicial como bem sancionada, mas a exibição de cartão amarelo ao extremo do Mali não se justificou. A decisão viria a ser determinante mais tarde.

45+4' Leo Cordeiro tocou, de raspão, na perna de Di María, quando ambos esticaram a perna na tentativa de jogar a bola. O toque foi ligeiro e não determinou a queda do avançado argentino. Lance legal e bem analisado na área do Estrela da Amadora.

45+5' Pedro Mendes entrou em carrinho e de forma algo arriscada, mas tocou apenas na bola, não cometendo falta sobre Rafa. A queda do jogador encarnado foi decorrente do contacto inevitável que se seguiu.

51' Otamendi promoveu contacto com Pedro Mendes (na área adversária), caindo de seguida. Não houve bloqueio nem qualquer infração sobre o central encarnado. Bem a equipa de arbitragem ao nada assinalar.

52' Golo do Benfica: primeiro cabeceamento à barra de Arthur Cabral, com António Silva em fora de jogo posicional (sem interferência), depois finalização legal de Otamendi. Tudo certo.

71' Decisão correta de Hélder Malheiro, inclusive em interromper o jogo (é o que sugerem as leis de jogo, nestes casos): Regis derrubou João Neves de forma negligente e viu, com justiça, o segundo cartão amarelo e respetivo vermelho. Vale a pena recordar que não concordámos com a primeira advertência ao jogador maliano.