«A afirmação de um líder que sabe ganhar a sofrer», a crónica do Portimonense-Sporting
Paulinho resolveu jogo em Portimão (Foto: LUIS FORRA/LUSA)

«A afirmação de um líder que sabe ganhar a sofrer», a crónica do Portimonense-Sporting

NACIONAL31.12.202300:06

Portimonense surpreendeu na primeira parte com uma resistência insuperável; Sporting encontrou a saída no meio de um labirinto

Há vitórias que valem mais do que três pontos. Esta, do Sporting, em Portimão, foi uma delas. Porque representa a afirmação de um líder, pelo que significa da sua disponibilidade de lutar e de sofrer para manter essa condição de ser primeiro e de virar o ano à frente de todos, dizendo ao mundo que está disposto a tudo para provar a sua condição de sério candidato ao título.

Terá sido um jogo bem mais difícil do que o Sporting esperaria. Mérito da estratégia de Paulo Sérgio que levou a sua equipa a uma resistência heroica, que não raras vezes recorreu a uma verdadeira muralha assente num invulgar sistema de 6x3x1 muito fechado na sua grande área, procurando evitar espaços de aproveitamento de Gyokeres e de Paulinho e bloqueando a ação atacante leonina.

Durante toda a primeira parte, apesar de ter tido uma avassaladora posse de bola, o Sporting só conseguiu fazer três remates à baliza do Portimonense e nenhum deles enquadrado. E isso é quanto basta para explicar como foi eficaz o sistema algarvio e as dificuldades sentidas pelo líder.

Um intervalo regenerador

O Sporting mudou muito na segunda parte. Rúben Amorim aproveitou bem o intervalo para regenerar a equipa. No onze, mudou apenas central por central, ou seja, Neto por Quaresma, porque não queria correr riscos pelo facto do capitão já ter visto um cartão amarelo. Era o primeiro sinal de que o Sporting iria arriscar mais e iria ter mais presença na área contrária. Para isso, Gyokeres deixou de ser um caixeiro viajante pelas alas e passou a ser parceiro mais efetivo de Paulinho. A mudança obrigou o Portimonense a sentir-se menos confortável na marcação e começaram a suceder-se lances de golo. Infelizmente para o Sporting, Paulinho não estava suficientemente inspirado.

Porém, quase a chegar à hora de jogo, o Sporting conseguiu, finalmente, marcar. Um passe de génio do Pedro Gonçalves e a finalização do incansável Gyokeres.

Um final empolgante

Parecia, enfim, que estava escrita a história do jogo. O Sporting sentia-se, também, mais confiante e o seu futebol, que desde o início da segunda parte se tornara frenético, agora passava a ser calmo, pensado, gerido com o sossego de uma vantagem preciosa, depois de um caminho tão duro e tão cansativo.

Durou dez minutos essa sensação de bem estar leonino. Um livre desnecessário de Diomande, numa zona lateral, uma marcação exemplar e uma cabeça vitoriosa de Filipe Relvas a repor a igualdade e a fazer o jogo voltar ao princípio.

De novo, o Sporting teve de arregaçar mangas do seu fato macaco, de novo teve de chamar as forças do sofrimento de lutar em cada palmo e de procurar jogar nas zonas mais populosas junto à grande área algarvia. E também de novo o Portimonense regressou ao seu plano de resistência, criando um labirinto onde o ataque sportinguista se perdia.

Aos 80 minutos, porém, em mais um lance desenvolvido pela ala esquerda, Morita soltou-se na área e cruzou rasteiro para Paulinho que, desta vez, mesmo com a sorte de um ressalto, fez o golo que a sua equipa tanto ambicionava.

Desta vez, sim, seria um golo decisivo para a vitória, mas é importante que se assinale que dois minutos antes Hélio Varela poderia ter feito o 2-1 e que o mesmo jogador, aos 85 minutos, poderia ter conseguido, de novo, o empate. Apesar dos factos, na justiça do futebol, o Sporting soube ganhar com indiscutível mérito.