Portimonense surpreendeu na primeira parte com uma resistência insuperável; Sporting encontrou a saída no meio de um labirinto
Há vitórias que valem mais do que três pontos. Esta, do Sporting, em Portimão, foi uma delas. Porque representa a afirmação de um líder, pelo que significa da sua disponibilidade de lutar e de sofrer para manter essa condição de ser primeiro e de virar o ano à frente de todos, dizendo ao mundo que está disposto a tudo para provar a sua condição de sério candidato ao título.
Terá sido um jogo bem mais difícil do que o Sporting esperaria. Mérito da estratégia de Paulo Sérgio que levou a sua equipa a uma resistência heroica, que não raras vezes recorreu a uma verdadeira muralha assente num invulgar sistema de 6x3x1 muito fechado na sua grande área, procurando evitar espaços de aproveitamento de Gyokeres e de Paulinho e bloqueando a ação atacante leonina.
O treinador do Sporting falou sobre o tema na conferência de imprensa depois da vitória (2-1) em casa do Portimonense, este sábado, na 15.ª jornada do campeonato
Durante toda a primeira parte, apesar de ter tido uma avassaladora posse de bola, o Sporting só conseguiu fazer três remates à baliza do Portimonense e nenhum deles enquadrado. E isso é quanto basta para explicar como foi eficaz o sistema algarvio e as dificuldades sentidas pelo líder.
Um intervalo regenerador
O Sporting mudou muito na segunda parte. Rúben Amorim aproveitou bem o intervalo para regenerar a equipa. No onze, mudou apenas central por central, ou seja, Neto por Quaresma, porque não queria correr riscos pelo facto do capitão já ter visto um cartão amarelo. Era o primeiro sinal de que o Sporting iria arriscar mais e iria ter mais presença na área contrária. Para isso, Gyokeres deixou de ser um caixeiro viajante pelas alas e passou a ser parceiro mais efetivo de Paulinho. A mudança obrigou o Portimonense a sentir-se menos confortável na marcação e começaram a suceder-se lances de golo. Infelizmente para o Sporting, Paulinho não estava suficientemente inspirado.
Chegaram a andar três em cima do sueco mas quando lhe deram uma nesga marcou e até com parte do corpo pouco habitual; Morita magistral, que jogão do japonês; Paulinho fez o golo mais difícil de calcanhar
Porém, quase a chegar à hora de jogo, o Sporting conseguiu, finalmente, marcar. Um passe de génio do Pedro Gonçalves e a finalização do incansável Gyokeres.
Um final empolgante
Parecia, enfim, que estava escrita a história do jogo. O Sporting sentia-se, também, mais confiante e o seu futebol, que desde o início da segunda parte se tornara frenético, agora passava a ser calmo, pensado, gerido com o sossego de uma vantagem preciosa, depois de um caminho tão duro e tão cansativo.
Dois sistemas em alternância para estancar o leão e tentar feri-lo; Alemão teve azar nos golos do Sporting, Relvas marcou pelo 2.º jogo consecutivo e Hélio Varela não foi capaz de bater Adán, duas vezes isolado.
Durou dez minutos essa sensação de bem estar leonino. Um livre desnecessário de Diomande, numa zona lateral, uma marcação exemplar e uma cabeça vitoriosa de Filipe Relvas a repor a igualdade e a fazer o jogo voltar ao princípio.
Treinador dos algarvios gostou da atitude da sua equipa; disse que falou com o árbitro (Manuel Oliveira), que reconheceu erro na origem do segundo golo leonino.
De novo, o Sporting teve de arregaçar mangas do seu fato macaco, de novo teve de chamar as forças do sofrimento de lutar em cada palmo e de procurar jogar nas zonas mais populosas junto à grande área algarvia. E também de novo o Portimonense regressou ao seu plano de resistência, criando um labirinto onde o ataque sportinguista se perdia.
Treinador do leão recusa a ideia de que houve um Sporting na primeira e outra na segunda parte, este sábado, frente ao Portimonense, na 15.ª jornada da Liga
Aos 80 minutos, porém, em mais um lance desenvolvido pela ala esquerda, Morita soltou-se na área e cruzou rasteiro para Paulinho que, desta vez, mesmo com a sorte de um ressalto, fez o golo que a sua equipa tanto ambicionava.
Treinador do Portimonense reconhece que «fica um amargo de boca» na derrota
Desta vez, sim, seria um golo decisivo para a vitória, mas é importante que se assinale que dois minutos antes Hélio Varela poderia ter feito o 2-1 e que o mesmo jogador, aos 85 minutos, poderia ter conseguido, de novo, o empate. Apesar dos factos, na justiça do futebol, o Sporting soube ganhar com indiscutível mérito.