Universidade da Maia: XVII Congresso Internacional de Futebol 2023 - Carta aberta

Espaço Universidade Universidade da Maia: XVII Congresso Internacional de Futebol 2023 - Carta aberta

ESPAÇO UNIVERSIDADE19.06.202320:41

Jamais e em qualquer circunstância, deveremos deixar de exprimir os nossos sentimentos de gratidão a quem por, em devido tempo nos ter dado a oportunidade de deixar que nos corram “lágrimas de humilde servidão” ou o corpo enrijecido pela natureza que se converte por um ato de amor.

No decorrer do tempo e na conversão de VII Seminários e XVI Congressos Internacionais de Futebol, a equipa promotora destes eventos e da qual tive a devida honra em liderar, sempre procurou prestar tributos de gratidão a pessoas e entidades que fazem parte duma cultura de memória e sempre foi dada resposta a este potencial lema: “a gratidão tem de ser aprendida para depois ser exercida”.

Foi assim com Mestre Pedroto, Diretores dos periódicos desportivos escritos e falados, Carlos Queirós e Campeões de Riade, Fernando Gomes (bi bota de ouro), Eusébio, Fernando Chalana, Luís Figo, Vítor Baía, Cubillas, Madjer, Artur Jorge e F. C. Porto Campeão Europeu (Viena 87), Mourinho, Manuel José, Vitor Oliveira, Jorge Mendes, Dr. Fernando Gomes e F.P.F. (centenário), A. F. Porto (Centenário), Jorge Nuno Pinto da Costa , Jorge Valdano, José Mourinho, Jogadores Campeões Europeus e Mundiais que nos confiaram a vertente cultural, científica e formativa a seus filhos, etc. … etc…

Este ano muito gostaria de homenagear o meu “pai de afetos” e nosso querido Professor Doutor Manuel Sérgio, agora com 90 anos feitos e cátedra concedida pela universidade católica, cujas ideias sempre e cada vez mais discutidas no saber universitário, fazendo (desde 1973)  um corte epistemológico com a Educação Física, dizendo: “não há a educação de físicos, há sim educação de pessoas em movimento intencional e solidário de transcendência, catalogando o Desporto como o fenómeno de maior magia no mundo contemporâneo”.

Contudo, a equipa promotora deste evento evitou das mais variadas formas, referindo que, talvez na sessão solene de abertura do próximo ano letivo … e não abdicou da ideia de tudo fazer para que se revertesse em mim, o que em mim tanto sou devedor e não tanto merecedor!...

Daí esta CARTA ABERTA vertida de eterna gratidão.

Foram muitos os testemunhos que á medida que eclodiam no auditório, arrasavam por demais este rasgar de pressão contida no meu peito: Professor Manuel Sérgio, Sérgio Conceição, Doutor André Seabra (Diretor da Portugal Football School - F.P.F.), Berto Machado (amigo/irmão), José Gomes, Álvaro Magalhães, Paulo Fonseca, Dr. Miranda Pereira (Ex Diretor da Cadeia Central do Norte - Paços de Ferreira e Ex Diretor Geral dos Serviços Prisionais), Prof. Neca, Professor Doutor José Carlos Noronha, colegas, alunos, etc. … e outros que entretanto “ressuscitaram”, pois estavam  adormecidos na nuvem ou Spam, como Toni e Simões (SLB), António Oliveira (ex selecionador), Paulo Futre, Dr. Humberto Brito e Professor Arménio Pereira (Presidente e Ex  Presidente da Câmara de Paços de Ferreira), José Pereira (Presidente da Associação Nacional de Treinadores), Dr. José Neves (Presidente da A. F. Porto), etc. … já nem sabia onde me devia de meter!... A este propósito aproveito para deixar uma nota de profunda gratidão ao meu colega Doutor Fernando Paulino do CLM e da sua equipa onde reside muita vontade de servir e uma elevada competência profissional, em especial ao Pedro Rodrigues e Diogo Mesquita pela fórmula mágica de combinar e qualificar tão distintamente as apresentações que lhes foram remetidas.

Assim, agora mais tranquilo, quero com esta CARTA ABERTA expressar o meu sentimento:

Ao Senhor Secretário de Estado do Desporto Dr. João Paulo Correia pela forma tão afetuosa, solidária e amiga como se dirigiu à minha pessoa, aproveitando para o saudar vivamente pela passada de gigante como tem emprestado às causas do Desporto, validando os compromissos de ética e fair play, exigindo premissas funcionais para a excelência comportamental e dignificando o ato desportivo como cultura, saúde, vida e festa. Muitos Parabéns!...

Grato ao meu distinto e magnífico reitor Professor Doutor José Ferreira Gomes pelo significativo conteúdo expresso à minha pessoa. Vindo duma figura de relevo internacional, comprovado pelo domínio duma experiência técnica e científica exemplar, claramente que me coloca mais exigência para as funções que me estão confiadas.  

Muito Obrigado ao nosso Presidente da Maiêutica e ex. reitor Professor Doutor Domingos Silva pelo brilho do seu olhar quando exprime o que lhe reserva a alma. Não mereço tanto …por amor de Deus!...

Um abraço apertado de gratidão à equipa, queridos colegas que levaram a efeito um dos maiores Congressos Internacionais de Futebol, onde se afiliaram o saber qualificado no estudo e sustentado no labor aplicado, e onde parte dos congressistas palestrantes “beberam” o conhecimento na nossa casa e, hoje aí estão ao serviço de clubes internacionalmente qualificados, quer na área do Treino, na Fisiologia do esforço, na Observação e análise do jogo (estes são  os nossos porta bandeiras que muito nos prestigiam). Ana Sousa, Jorge Batista, Fábio Nakamura, Diogo Coutinho, Nuno Silva e Júlia Castro – uma equipa coesa e vencedora… apenas com um senão: o facto de não me terem deixado trabalhar mais do pouco que fiz!...

Como posso articular as palavras com o que o coração se me oferece pelo significado disso merecedoras?!... mas, como referi, por vezes basta um simples olhar para que as mesmas se transformarem numa longa viagem, que só a arte do silêncio o poderia explicar!...

Conta-se que havia na universidade de Bolonha (como sabemos a mais antiga do mundo - 1088), um Professor que solicitou a um cardeal amigo para visitar os aposentos papais, onde eclodia uma pintura da alta renascença: um fresco de Rafael intitulado Escola de Atenas. Na data combinada, lá se dirigiu para o local do Vaticano e depara com um quadro interpretativo de todos os pensadores que havia estudado (Platão, Aristóteles…) e a beleza tão significativamente interpretada por Rafael. Tremeram-lhe os joelhos … caíram-lhe as lágrimas … rasgou a murça vermelha de catedrático de Direito e exclamou: “NÃO SOU DIGNO”!...

Assim como o Professor da universidade de Bolonha que caiu de joelhos, também me apeteceu fazer o mesmo pelo facto da beleza moral e afetiva a mim, com este ato me conferiram!...

Por vezes olhamos para trás e perguntamo-nos: Fui eu??? Aquele que está ali, sou eu??? É verdade que fiz isto, fiz aquilo??? Depois a consciência nos vai respondendo e acabamos por dar graças a Deus pelo percurso e agradecer a quem tanto nos ajudou!...

Por isso os testemunhos escutados derreteram o meu coração. Eu sinto que deverei sim, eu próprio, prestar a minha gratidão:

Lar doce Lar – minha família sagrada. Vivida em absoluta necessidade de presença como o ar que se respira e ali estava junto a mim este fortíssimo núcleo feito de pedra angular, convertendo o seu olhar num perfumado e apelativo gesto de ternura…

Lar doce Lar – meus bons amigos que ao longo do tempo vão enriquecendo o meu património de existência, duplicando as alegrias umas vezes, e amparando as inquietudes e desalento, outras tantas. Amigos representados pela fervorosa magnitude fraterna do Francisco Alberto Magalhães Machado e pela regeneradora vontade do encontro do passado “Pelo Desporto uma Amizade mais Forte” (o ano transato conquistamos as bodas de ouro) e Grupo “Os Bravos” também de Paços de Ferreira, cuja obra tanto dignifica a fidalguia da sua pertença.

Eu cognominei um grupo restrito de amigos “a quadratura do círculo” a representar um coletivo duma vintena. Também ali, muito próximo, a evocar um autêntico tesouro dum saber existir, ao emprestar um traço de fidalguia evocada por nobreza de princípios, onde residem a educação de valores, a cultura de saberes, relembrando a alegria quando nos encontramos e a saudade quando nos despedimos (Eng. Alberto Carlos e distinta Migó, Drs. Joaquim Ribeiro, António Gandra e Archer)

Lar doce Lar – alguns dos mais representativos colegas que muito me honraram com a sua presença.

Lar doce Lar – meus amados alunos que norteiam o meu desejo de pertença. Esta dádiva de ser PROFESSOR, uma vida misturada de sorrisos e abraços … este privilégio em poder ajudar a renovar a vida em cada dia, semeando perguntas, descobrindo generosamente a arma das ideias para a conquista dum futuro.

Lar doce Lar – da cadeia para a valorização do homem/recluso através de normativas onde imperava o desporto (1980/82) – uma das mais fantásticas experiências sociais e profissionais da minha vida.

Lar doce Lar – dos clubes com os quais me permitiram rasgar os silêncios das noites longas, até altas madrugadas, com ecos de glória CAMPEÕES NÓS SOMOS CAMPEÕES F. C. Porto, depois S. C. Braga e Vitória S.C. e outros com apoio a subidas (Trofense, Moreirense, Feirense, Tondela e Santa Clara), meu Paços (3º lugar) no milagre da obtenção  duma disputa na Liga dos Campeões – Treinadores que me abriram as portas dos balneários e fizeram do seu espaço uma âncora indestrutível de lealdade e confiança. Como lhes estou grato!... É claro apadrinhado pelo Mestre Sr. Pedroto e de imediato com “rei” Artur e T. Ivic que me ajudaram a subir as escadas e bater nas portas do céu!...

Ainda no seio da Arbitragem e a confiança para a criação e desenvolvimento dos Centros de Treino (9), anotando metodologias e avaliação de conteúdos, que dariam muitas páginas de reflexão …

Lar doce Lar – primeiramente Instituto Superior da Maia, depois Instituto Universitário da Maia e desde algum tempo a esta parte, Universidade da Maia. Um caminho, feito de convergência diversificada, movido por uma proatividade criadora, e que vai apresentando ofertas científicas renovadamente alinhadas com as exigências deste novo tempo pletórico de vitalidade.

No que respeita aos nossos cursos de Desporto, pela moldura laboratorial qualificada, pela produção científica sustentada na investigação do rendimento para o treino, para a saúde, para a gestão, para a competição, existe uma polivalência de saberes que germinam das suas entranhas e ainda com 33 anos, parece mesmo que já lhe conferem uma soberana jovialidade.

Apresenta-se a quem ouse “calçar-lhe as sandálias e suar-lhe a camisola” como uma promessa de uma recompensa servida pela beleza do conhecimento e mais, encarna um projeto de uma permanente e renovada esperança.

Foi no último domingo de junho de 1991 (tinha de ser a um domingo), ao ouvir o toque suave das trindades no sino da minha aldeia que primeiramente o Professor Doutor Eduardo Nunes e de imediato o Professor Doutor Domingos Silva me ligaram, convidando-me a fazer parte da sua equipa e preparando-me para ganhar o futuro e com prazer fazer do trabalho alegria e também daqueles e daquelas que ao longo do tempo me vão sendo confiados. De forma muito feliz e honrada, reconhecidamente o atesto.

Termino esta carta que já vai longa, mas como dizia o P.e António Vieira nas suas cartas “desculpem a carta tão longa, mas não tive tempo de a tornar mais breve”, dizia, termino com uma última observação:

Creio que só há um caminho para obter a felicidade: encontrar uma nobre causa, saborear o perfume que escapa da sua beleza, apaixonar-se por ela, casar-se com ela e viver até que a morte os separe. Na família, como na profissão, ir iluminando esse caminho do relacionamento humano com transparência, humildade, amor e gratidão.

Muito Obrigado… LAR DOCE LAR!...

José Neto: Metodólogo Treino Desportivo; Mestre Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário - Universidade da Maia; Embaixador nacional para a Ética e Fair Play do Desporto