Espaço Universidade Proeza inédita no basquetebol feminino: Seleção da Bélgica conquista Eurobasket-2023 (artigo de Eduardo Monteiro, 86)
A seleção da Bélgica, com 3 jogadoras incluídas no cinco ideal do evento, foi a grande vencedora do “FIBA Women´s Eurobasket 2023”, que decorreu entre 15 e 25 Junho, em Israel e na Eslovénia. Foi o 1º título alcançado pela equipa nacional belga que, de há uns anos a esta parte, já vinha demonstrando uma evolução notável através da conquista da medalha de Bronze nos Eurobasket Chéquia-2017 e França/Espanha-2021. Agora, na final do Eurobasket 2023, disputada com a forte e experiente equipa nacional de Espanha venceu por 64-58 e entrou na listagem dos países campeões europeus. Embora estivesse em desvantagem no marcador durante 35 minutos, no final do encontro deu a volta ao marcador e conquistou o ambicionado título europeu.
Emma Meesseman a MVP do Eurobasket-2023
Não houve qualquer dificuldade na escolha da melhor jogadora do Eurobasket-2023, a belga Emma Meesseman. A pivot para além de ter realizado uma actuação decisiva na final contra a Espanha (24 pontos e 8 ressaltos), foi a primeira jogadora na história da prova a conseguir um triplo-duplo (15 pontos, 13 ressaltos e 10 assistências) no jogo disputado com a seleção Sérvia. Durante a competição conseguiu uma média de 21,8 pontos, 8,7 ressaltos e 5,2 assistências, em 30,5 minutos por jogo. Uma atleta verdadeiramente notável.
Historial do FIBA Women´s Eurobasket
O primeiro Eurobasket feminino foi realizado em Itália (1938), tendo a seleção italiana sido a vencedora logo seguida pela Lituânia e Polónia. Entretanto, a II Guerra Mundial provocou a suspensão da prova que só foi reatada em 1950 na Hungria. Nesse recomeço, a seleção da então União Soviética (Rússia, Lituânia, Letónia, Estónia, Geórgia e Ucrânia) conquistou 4 Eurobasket seguidos efectuados na Hungria-1950, União Soviética-1952, Jugoslávia-1954 e Checoslováquia-1956. No evento seguinte, a Bulgária cometeu a proeza de interromper aquele percurso vencendo na final a equipa soviética e conquistar o Eurobasket realizado na Polónia-1958.
Foi sol de pouca dura, porque a seleção da União Soviética liderada pela sua estrela, a gigante Semionova (2,13 metros e 120 kg), criou uma dinastia no basquetebol feminino europeu e mundial, que só terminou com a queda do muro de Berlim e o fim do regime soviético. Quer dizer, arrebatou 17 títulos europeus entre 1960 e 1991 ( Bulgária-1960, França-1962, Hungria-1964, Roménia-1966, Itália-1968, Países Baixos-1970, Hungria-1972, Itália-1974, França-1976, Polónia-1978, Jugoslávia-1980, Itália-1981, Hungria-1983, Itália-1985, Espanha-1987, Bulgária-1989 e Israel-1991).
Após o desaparecimento da União Soviética surgiu um novo ciclo desportivo e um sistema competitivo democratizado através da independência dos paises satélites saídos do regime soviético. Assim, os títulos do Eurobasket deixaram de estar concentrados na União Soviética e a conquista de lugares no pódio pelos países do leste europeu. Esta reviravolta possibilitou que os títulos do Eurobasket das senhoras começassem a ser conquistados por diferentes nações: Espanha (Itália-1993), Ucrânia (Chéquia-1995), Lituânia (Hungria-1997), Polónia (Polónia-1999), França (França-2001), Rússia (Grécia-2003), Chéquia (Turquia-2005), Rússia (Itália-2007), França (Letónia-2009), Rússia (Polónia-2011), Espanha (França-2013), Sérvia (Hungria/Roménia-2015), Espanha (Chéquia-2017), Espanha (Sérvia/Letónia-2019), Sérvia (França/Espanha-2021) e Bélgica (Israel/Eslovénia-2023).
Medalhas conquistadas na história do Eurobasket feminino
OURO : União Soviética (21), Espanha (4), Rússia (3), França (2), Sérvia (2), Itália (1), Bulgária (1), Ucrânia (1), Lituânia (1), Polónia (1), Chéquia (1) e Bélgica (1);
PRATA: França (8), Checoslováquia (7), Bulgária (5), Jugoslávia (4), Rússia (3), Polónia (2), Hungria (2), Espanha (1), Itália (1), Lituânia (1), União Soviética (1) e Turquia (1), Eslováquia (1) e Chéquia (1);
BRONZE: Checoslováquia (8), Espanha (6), Hungria (5), Bulgária (4), Polónia (2), Jugoslávia (2), Rússia (2), Bélgica (2), Alemanha Oriental (1), Itália (1), Eslováquia (1), Sérvia (1), Alemanha (1), Bielorrússia (1) e França (1).
Década fantástica da seleção espanhola
Na última década, ou seja, entre 2013 e 2023, a seleção feminina de basquetebol da nossa visinha Espanha, alicerçada no trabalho de base efectuado pelos nuestros hermanos com as meninas do baloncesto espanhol, conquistou 8 medalhas em competições internacionais, tendo mesmo ultrapassado a sua congénere masculina, embora esta ocupe, actualmente, a primeira posição no ranking mundial.
1 – (Ouro) Eurobasket: França-2013;
2 – (Prata) Campeonato Mundial: Turquia-2014;
3 – (Bronze) Eurobasket: Hungria/Roménia-2015;
4 – (Prata) Jogos Olímpicos: Rio de Janeiro-2016;
5 – (Ouro) Eurobasket: Chéquia-2017;
6 – (Bronze) Campeonato Mundial: Espanha-2018
7 – (Ouro) Eurobasket: Sérvia/Letónia-2019
8 – (Prata) Eurobasket: Israel/Eslovénia-2023
Ranking Europeu FIBA Women´s (actualizado em 28 Fev 2023)
1º - Espanha, 2º - França, 3º - Bélgica, 4º - Sérvia, 5º - Turquia, 6º - Itália, 7º - Bosnia Herzegovina, 8º - Grécia, 9º - Suécia, 10º - Eslovénia, 11º – Grã Bretanha, 12º - Montenegro, 13º - Eslováquia, 14º - República Checa, 15º - Hungria, 16º - Letónia, 17º - Ucrânia, 18º - Croácia, 19º - Lituânia, 20º - Alemanha, 21º - Polónia, 22º - Portugal.
Ranking Mundial FIBA Seleções Femininas Europeias (28 Fev 2023)
4º - Espanha, 6º - França, 7º - Bélgica, 8º - Sérvia, 11º - Turquia, 14º - Itália, 15º - Bosnia Herzegovina, 17º - Grécia, 18º - Suécia, 19º - Eslovénia, 20º - Grã Bretanha, 21º - Montenegro, 22º - Eslováquia, 23º - República Checa, 24º - Hungria, 25º - Letónia, 26º - Ucrânia, 28º - Croácia, 34º - Lituânia, 36º - Alemanha, 41º – Portugal.
Através destes rankings, ficamos com a noção do posicionamento da nossa seleção senior feminina tanto no contexto europeu como no internacional. Se compararmos com o lugar que a seleção nacional senior masculina portuguesa ocupa no ranking europeu (29º) e no mundial (54º), verificamos que o basquetebol feminino nacional tem maior valor e prestígio internacional do que o masculino. Os números falam por si. Enquanto continuarmos a contratar americanos às resmas e não dermos oportunidade aos nossos jovens talentos não vamos a parte nenhuma.