5 março 2024, 07:41
«O problema do Desporto em Portugal é de ordem cultural e não partidária»
José Manuel Constantino, presidente do COP, traça o retrato desportivo do nosso país
José Manuel Constantino, presidente do COP, é o convidado do Conselho de Estádio
O Conselho de Estádio tem como convidado José Manuel Constantino, 73 anos, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) desde 2013, estando agora no último mandato, e antigo líder do Instituto Nacional do Desporto e da Confederação do Desporto de Portugal.
5 março 2024, 07:41
José Manuel Constantino, presidente do COP, traça o retrato desportivo do nosso país
- Estamos em ano de Jogos Olímpicos, em Paris, que deverão ser dos mais mediáticos da história do movimento olímpico. Há uma certa expectativa em relação aos resultados dos atletas portugueses. Estes podem ser os Jogos Olímpicos com melhores resultados para Portugal?
- Diz a história que temos que ter muito cuidado e muita reserva do ponto de vista da projeção dos resultados. Vocês são duas das pessoas que, em Portugal, acompanharam, local e fisicamente, mais edições dos Jogos Olímpicos, e recordar-se-ão que a nossa missão olímpica aos Jogos de Pequim era composta por alguns titulares das melhores marcas mundiais do ano, por primeiros lugares dos rankings mundiais, e previu-se que o número de medalhas poderia chegar às cinco. E tivemos os resultados que tivemos, com exceção da Vanessa Fernandes e do Nelson Évora. Houve uma série de atletas, no judo, no atletismo, até no tiro, onde tínhamos o João Costa no primeiro lugar do ranking mundial, a quem as coisas não correram bem. Os Jogos Olímpicos são um momento muito especial…
- Mas não existe a perversão de querer catalogar o nível do nosso Desporto pela quantidade de medalhas que se conseguem de quatro em quatro anos?
- Não consigo fugir a isso. E sou avaliado por essas vitórias, quando a avaliação desportiva de uma missão olímpica não pode medir-se exclusivamente pelas posições de pódio. Mas não conseguimos fugir a este anátema. E é verdade que estamos num quadro de resultados extraordinários, no ciclismo de pista, no tiro feminino, na canoagem, na natação, e temos, simultaneamente, outros atletas que são potenciais candidatos a posições de topo.
- E o Pedro Pichardo?
- O Pichardo está lesionado, ainda não se inscreveu na Federação e não fez os mínimos olímpicos.
- Mas a nossa margem nos Jogos é sempre curta…
- Num país que tem uma elite desportiva tão restrita, qualquer coisa que desalinhe os nossos potenciais candidatos a posições de topo cria-nos enormes dificuldades.
- É preciso que os astros se alinhem todos…
- Aqui tem que estar tudo alinhadinho. E, muitas vezes, a comunicação social também não ajuda…