Antigo selecionador nacional abriu o livro a A BOLA
Onze meses depois de ter deixado o cargo de Selecionador Nacional, na sequência do Campeonato do Mundo, Fernando Santos abre o livro sobre as escolhas que fez no Catar, nomeadamente a que deixou o capitão fora do onze nos jogos com a Suíça e Marrocos. Algo que, garante, voltaria a fazer. Nesta primeira parte de uma longa entrevista, o treinador confessa perceber a mágoa de CR7, revela não falar com ele desde então e mostra-se de braços abertos para retomar uma «relação muito forte»
– Arrisco-me a dizer que deve ser o único português com a camisola da Grécia lado a lado com uma da Seleção Nacional portuguesa, depois daquela recordação do Euro-2004...
–Foi o Katsouranis que me ofereceu. Eu tenho uma paixão enorme por esse país. Toda a gente sabe. Eu nunca escondo nada. Portugal é o meu país, é pelo qual eu sofro, mas este é o meu segundo país… Eu nem sou capaz de dizer segundo país, tenho alguma dificuldade em pronunciar o segundo, percebe o que eu estou a dizer? Para mim também é o meu país. É outro, mas sinto-me lá em casa como em Portugal.
Entrevista a Fernando Santos, o único treinador que levou Portugal à loucura pela conquista de um Campeonato da Europa de futebol. Conquistou uma Liga das Nações. Foi o engenheiro do Penta para o FC Porto. Treinou o Benfica e o Sporting.
– Esse amor à Grécia foi fácil de gerir no Euro 2004?
–Não foi fácil, mas sou português e queria que Portugal ganhasse. Estava a comentar a final para uma rádio grega e sofri bastante com a vitória da Grécia em Portugal. Agora, a mágoa atenuou-se um pouco por ser para a Grécia, porque dos 23 jogadores da seleção dessa altura, 21 tinham sido meus jogadores no Panathinaikos e no AEK. Eu queria que Portugal ganhasse, mas se não ganhou, e tinha de ir para alguém, que fosse para a Grécia.
– O reconhecimento do Fernando Santos surgiu primeiro dos gregos, da Grécia, do que de Portugal? Antes de 2016 o Fernando Santos era grande na Grécia e ainda não era grande em Portugal?
–Eu já era grande em Portugal, não era reconhecido. Talvez assim. Mas eu sei porquê. Primeiro eu estava identificado com o Benfica. Toda a gente sabia isso, e depois fui treinar primeiro o FC Porto. E fiquei com uma ligação fortíssima ao FC Porto. Tenho dois primos que são Benfica e deixaram de me falar. Não aceitaram que eu fosse treinar o FC Porto. Na Grécia mudei do AEK para o Panathinaikos e não senti nada disso. Mas aqui aconteceu mesmo. Depois do FC Porto, vou para o Sporting e depois para o Benfica, com a Grécia pelo meio. Acho que essa é a questão central. Se calhar se eu tivesse feito seguido e depois tivesse ido para a seleção, como aconteceu na Grécia, não era assim. A partir de 2016 ficou taco a taco.
Antigo selecionador nacional abriu o livro A BOLA.
– O Euro 2016 é a conquista de uma vida?
– Sim, é o momento mais marcante. Os momentos mais marcantes são sempre os troféus.
Antigo selecionador nacional abriu o livro A BOLA.