Portugal-Croácia, 2-1 Ronaldo, homenagem a Pepe e lesão de Vitinha: tudo o que disse Roberto Martínez

SELEÇÃO05.09.202423:13

Selecionador de Portugal comentou o golo 900 da carreira do capitão, elogiou bastante Pepe, que foi alvo de uma homenagem no Estádio da Luz, e Vitinha, este último que saiu lesionado no final da partida

Portugal entrou a vencer na nova edição da Liga das Nações, na receção à Croácia, por 2-1, graças aos golos de Diogo Dalot e Cristiano Ronaldo, que chegou ao golo 900 da carreira. Roberto Martínez ficou muito satisfeito por isso, assim como pelos primeiros três pontos na competição e também pela boa exibição.

Gostou mais da primeira ou da segunda parte? E pode explicar as alterações ao intervalo?

Como selecionador gostei das duas partes, porque na primeira estivemos brilhantes. Acho que o jogo com bola foi de um alto nível, a movimentação, os padrões de ataque, que nós fizemos os dois golos, mais oportunidades, mas depois a segunda parte gostei, porque perdemos mais o controlo da bola e nós defendemos com intensidade, com um foco incrível e uma resiliência que todas as equipas ganhadoras precisam. O talento é importante para jogar um jogo, a resistência e o foco tático é preciso para ganhar torneios. O selecionador gostou muito disso, mas a primeira parte, para os nossos adeptos, foi brilhante.

O Ronaldo disse que se sentiu mais livre nesta partida, também sentiu isso dos jogadores?

Livre é uma palavra… é importante ter um equilíbrio, mas é importante ter uma disciplina. Os jogadores sentem-se livres no relvado, mas o que gostei muito é da disciplina tática. É um jogo posicional que permite usar o nosso talento para marcar golos. Marcámos um golo dentro dos 10 minutos, continuámos a criar oportunidades, a Croácia teve muitos problemas para defender o nosso jogo durante a primeira parte, mas liberdade é muito importante quando há disciplina tática e tivemos isso. Um dia muito especial hoje porque marcar 900 golos não é fácil, mas gostaria de mostrar o exemplo. O Cristiano marca 900 golos pelo compromisso com a seleção, pelo trabalho durante os treinos, que ninguém pode ver, ter uma disciplina de trabalhar muito e isso faz com que marcar 900 golos é fantástico para a história do futebol português, para o Cristiano, para o futebol mundial, mas também um bom exemplo para o balneário, porque o compromisso do Cristiano para a seleção é incrível.

Que valores o Pepe deixa?

Foi uma honra trabalhar com o Pepe no seu quinto europeu. Deixou valores de equipa, vou falar de resiliência, exemplo, intensidade defensiva, dar tudo até ao fim, companheirismo. Os valores que nós mostrámos nos últimos 20 minutos de jogo são o Pepe e nós queremos deixá-lo orgulhoso, porque hoje é um dia… a homenagem a Pepe é especial e vai estar muito orgulhoso do que mostrámos nos últimos 20 minutos e a nossa qualidade durante o jogo, porque é o Pepe, isso é o que ele deixa para as gerações a seguir.

Diogo Dalot jogou a segunda parte por dentro e a primeira por fora: «Faz diferença porque nós temos diferentes opções e podemos executar isso depois de três treinos. Quando temos lista de convocados é porque há um trabalho e uma continuidade. Agora o Dalot pode jogar por fora, pode jogar por dentro, o Semedo pode jogar por fora, temos muitas opções. Hoje a estratégia de jogo permite que a Croácia tenha dificuldades por dentro e o Dalot executou isso muito bem, não é uma coisa para todos os jogos, é estratégia, mas é uma coisa de opções no balneário. Agora a Escócia é uma equipa totalmente diferente, competitiva, uma equipa difícil na bola parada, e precisamos de mais opções, mas gostei muito do foco do Dalot, 45 minutos por dentro e 45 por fora, mas o principio de jogo não mudou e isso na seleção é fantástico e fala muito bem do trabalho dos jogadores, porque não é fácil em apenas três treinos ter a execução dos conceitos táticos.»

Minutos finais sem bola: «Queremos defender com bola, mas também é uma competição jogar contra a Croácia em casa e ter o marcador à frente, é importante também ter experiência e mostrar que podemos defender sem bola. Faz parte de ser uma equipa que pode usar diferentes valências e acho que hoje não tivemos os últimos minutos a bola, mas deixámos a Croácia ter a bola nas áreas que nós queremos e podemos defender bem no último terço. O 2-0 é muito difícil, porque o próximo golo muda o jogo totalmente.

Vitinha: «É um contraste, o sentimento de Vitinha… é um jogador que acho que nos últimos 12 meses é o jogador que mais evoluiu, entrou num patamar excecional, é incrível que o Vitinha pode controlar o jogo, a capacidade de tempo e espaço, a qualidade técnica que tem e o que está a fazer merece estar na lista de Bola de Ouro. Resta saber a avaliação médica, mas está de fora do jogo com a Escócia, sem dúvida, com um problema no tornozelo, mas vamos avaliar as próximas 48 horas.»

Saídas de Pedro Neto e Rafael Leão ao intervalo: «Com outras palavras, o Pedro Neto não joga 90 minutos desde abril, portanto sabemos que um jogo 2-1 e com a qualidade da croácia com bola, precisamos de ter mais energia, sermos mais fortes na zona central. Parar o jogo de Modric e Kovacic, era importante controlar o centro do campo e aí parámos o perigo. Uma coisa é ter a posse de bola e outra é ter perigo no último terço. A saída do Rafael era mais para ajustar as posições, para poder jogar com o Nuno Mendes de uma forma mais acima, mas faz parte, temos dois jogos, 72 horas, é importante utilizar as valências e foi o motivo.»

Ligação fraca entre Rafael Leão e Nuno Mendes na ala esquerda: «Não concordo, é certo que quando o Nuno e o Rafael jogam juntos precisam de ocupar espaços diferentes, portanto quando o Rafael joga, para nós, é melhor que jogue por fora e olhamos para a chegada do Nuno e, como hoje, os cruzamentos, o último passe no último terço é mais por dentro. O Nuno também pode jogar por fora, toda a sua carreira em Portugal jogou por fora e agora no PSG também pode jogar nas duas funções. Ligações entre jogadores são diferentes, mas acho que na primeira parte precisamos do Rafael para termos um jogador por fora mais acima e na segunda parte para termos um jogador por fora mais por baixo.»

Quem é o substituto de Pepe, Gonçalo Inácio ou António Silva: «Todos os jogadores têm um fim, mas o importante é deixar um legado e nem todos os jogadores podem deixar um legado. O Pepe deixa um legado muito importante, os dois são agora melhores jogadores por partilhar o balneário e o europeu juntos e agora acho que os dois jogadores, valências diferentes, hoje o Gonçalo era importante na primeira parte pelo que fez com a bola, o pé esquerdo dá um equilíbrio melhor, mas, defensivamente, nos últimos minutos precisávamos de energia e o António fez isso muito bem, um jogador muito forte numa situação com espaços grandes e os dois jogadores são muito importantes. O Rúben Dias, neste momento, tem uma liderança e uma importância para nós muito alta e depois acreditámos no António e no Gonçalo. O Renato seria muito bom ver o Renato no relvado, porque uma coisa é chegar à seleção e outra é ganhar jogos com a seleção, com os seus desempenhos, faz parte do processo, mas acho que temos muitos jogadores para poder olhar para a frente.»

Portugal correu menos riscos na segunda parte: «Concordo com a reflexão, acho que… falei da disciplina tática e executar os conceitos, os padrões de ataque, acho que fizemos isso muito bem, o bernardo, o bruno, fizeram muitos movimentos para abrir espaço e chegar à bola. Acho que é difícil mostrar isso na seleção, porque é companheirismo é deixar outro jogador aproveitar, mas a equipa ganhar porque críamos oportunidades e fazemos golos. Na segunda parte não temos os movimentos, porque um resultado 2-1 dá um sentimento de menos risco, o movimento sem bola não é o mesmo, o espaço não é aberto da mesma forma, mas faz parte. Acho que jogar do minuto 0 ao 95 da forma brilhante que fizemos e ganhar 5-0 é perfeito, mas não é futebol.»