Ritmo pausado de fim de verão deu o golo 900 ao capitão: a crónica do jogo da Luz
E lá vão 900 golos! FOTO: IMAGO
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Portugal-Croácia, 2-1 Ritmo pausado de fim de verão deu o golo 900 ao capitão: a crónica do jogo da Luz

SELEÇÃO05.09.202422:40

Um cartão amarelo e onze faltas ajudam a explicar a suavidade deste Portugal-Croácia, que também por isso acabou por ser um bom espetáculo de futebol. E lá vai CR7 batendo recordes...

Juntar duas equipas que gostam de jogar futebol, de tratar bem a bola, num final de tarde/início de noite de final de verão parece sempre indício favorável para duas horas bem passadas. Se — sem desmerecer da competição — o jogo não for realmente a doer, como seria numa qualificação para Europeu ou Mundial ou numa fase final, o estádio estiver cheio e o tempo bom, está encontrado o cocktail certo. Pena o vento que foi esfriando a noite de Lisboa, mas lá está, é setembro e já lá vai o pico da época alta.

Portugal foi globalmente melhor que a Croácia. Os espaços que ambas as equipas deram à outra foram, regra geral, mais bem aproveitados pelos homens de Roberto Martínez, a eficácia ditou regras durante a primeira parte e o resultado final (quer já o era ao intervalo) assenta como justo depois de visto e analisado o jogo.

Percebeu-se, desde o início, que nenhuma das seleções entrou no relvado da Luz para asfixiar a outra. A pressão foi baixa, a espaços média. Lá está: o facto de cada um saber que o outro sabe mexer na bola, acariciá-la, trocá-la com prazer, inibe grandes entradas à queima ou intensidades demasiado loucas. O jogo fluiu, por isso, de forma muito agradável à vista e com pormenores, de parte a parte, que chegaram a roçar o brilhante.

Um Portugal-Croácia que termina com um cartão amarelo (mostrado por protestos) e onze faltas cometidas entra na galeria de bons concertos de final de verão, mas dificilmente ficará na retina do público e da crítica como uma noite especialmente emocionante e marcante. Cada jogo serve para o que serve. Talvez a Liga das Nações (um pouco à imagem da Taça da Liga em Portugal) venha a ganhar a sua importância no espaço afetivo dos adeptos, mas por enquanto é uma forma inteligente (e competitiva, sobretudo para as equipas menos fortes) de evitar os aborrecidíssimos jogos particulares que anteriormente ajudavam a preencher os calendários FIFA.

Portugal atacou a partida num 4x3x3 formal, que em modo ofensivo incluía a derivação de Diogo Dalot da direita para o meio, sempre devidamente coberto por Rúben Dias numa defesa que ficava momentaneamente a três. O esquema tinha sido ensaiado quase desde o pontapé de saída e aos sete minutos deu logo frutos. Nuno Mendes (que jogo!) encontrou Bruno Fernandes perto da área, o médio do Manchester levantou a cabeça, esperou e encontrou o companheiro de clube na pequena área. Dalot chegou, dominou e marcou. Três dos melhores jogadores da noite da Luz começaram a brilhar logo de início.

A Croácia, sempre ritmada pela classe de Modric e empolgada pela vivacidade de Kovacic, não deu a noite por perdida e continuou, pacientemente, a tentar construir o seu jogo. Quando perdia a bola, esperava que as iniciativas de Portugal fossem perdidas por culpa própria ou anuladas pela ação defensiva.

Entre duas ameaças de Kramaric e uma de Cristiano Ronaldo, foi o capitão português a protagonizar, aos 34 minutos, o momento alto da noite da Luz. Não pela espetacularidade da finalização, mas pelo significado de ser o golo 900 da carreira e ter culminado mais uma boa jogada de Portugal, com direito a cruzamento de luxo por parte do melhor português da noite — já falamos de Nuno Mendes?

A Croácia, para bem do jogo-concerto de final de estação, reduziu a desvantagem quase em cima do intervalo, o que permitiu assistir a uma segunda parte com suspense sobre o resultado final, embora ainda assim menos aberta e fluída. Portugal soma uma vitória justa e sai na frente nesta Liga das Nações, cuja primeira edição conquistou.