Seleção venceu por 9-0 num encontro que começou a ser desbloqueado bem cedo
Portugal defrontou nos últimos dois jogos dois 4-5-1, o eslovaco e agora o luxemburguês. Em Bratislava, sofreu e apenas conquistou três pontos numa situação em que misturou o erro de Duda à inteligência e à definição de Bruno Fernandes no momento da finalização. Diante do conjunto de Luc Holtz, que antes do final da partida teve de ir alguns minutos aos vestiários (respirar, talvez?), a criatividade juntou-se a um futebol muito mais distribuído e associativo, que valeu nove golos sem resposta. E até podiam ter sido mais.
A grande diferença entre os dois encontros prendeu-se com a forma como cada um dos rivais dos portugueses reagiu à entrada da bola entre linhas. Se tanto Palhinha, no primeiro encontro, como Danilo, no segundo, baixaram para a saída a três, os eslovacos anteciparam os movimentos de apoio de Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Vitinha, pressionando juntos e com agressividade, enquanto os luxemburgueses se mostraram mais passivos e permitiram que os médios ativassem o terceiro homem, muitas vezes Nélson Semedo na direita.
A partir daí, Portugal inclinou-se todo para esse lado. Além do lateral, havia Bernardo Silva e Bruno Fernandes para combinar entre si, e Gonçalo Ramos a movimentar-se no espaço vacante para finalizar. Do outro lado, o esquema repetia-se: agora Dalot (como na segunda parte em Bratislava) por dentro como médio interior e Diogo Jota quase um segundo avançado-centro, atraindo toda a defesa contrária para dentro. Surgia Rafael Leão colado à linha, com espaço para o 1x1.
A Seleção Nacional conseguiu a sexta vitória consecutiva no grupo J de qualificação para o Euro-2024 e que vitória: uma goleada das antigas, por 9-0, com nota artística como ainda não se vira na era Martínez! Que luxo aquilo que se viu esta noite no Algarve. Inesquecível
A capacidade de ter bola perto da área contrária, o que foi muito difícil em Bratislava, permitia o controlo do jogo e que os defesas também se aventurassem no caso. Gonçalo Inácio ficava depois de bolas paradas e de jogadas de envolvimento e foi assim que assinou dois golos. A capacidade de criar tanto pela direita (pelo ataque posicional e sobrecarga em número de jogadores nessa zona) ou pela esquerda (graças à velocidade e virtuosismo de Leão) criaram espaço para Gonçalo Ramos, que também bisou.
O que se passou depois foi um Luxemburgo cada vez mais desanimado e todo o talento luso a desabrochar, permitindo que Jota, por duas vezes, Ricardo Horta, Bruno Fernandes (um golo que coroa o melhor em campo para A BOLA) e até João Félix, a atravessar um momento difícil na carreira, marcassem. O campo tornou-se um latifúndio para explorar e o talento capitalizou-o.
Desta vez, não houve Cristiano Ronaldo e Portugal goleou. Os jogadores mais importantes assumiram a responsabilidade e tudo funcionou. Foi uma vitória coletiva. Tal como deveria ser. Tem a palavra Roberto Martínez.