O futuro no Bayern, a resposta forte à derrota e o elogio a Sporar: tudo o que disse Palhinha
João Palhinha, bem disposto e assertivo (Foto: Miguel Nunes)

O futuro no Bayern, a resposta forte à derrota e o elogio a Sporar: tudo o que disse Palhinha

SELEÇÃO29.06.202419:01

Médio, que não gostou de sair ao intervalo dos jogos com Turquia e («ninguém gosta»), garante que o ambiente ficou diferente após o desaire com a Geórgia, assegurando, porém, que já faz parte do passado

MARIENFELD – Tranquilo, assertivo e sem papas na língua. Assim se apresentou João Palhinha este sábado à meia centena de jornalistas que acompanham a Seleção Nacional, entre eles, pela primeira, seis repórteres eslovenos. Do futuro no Bayern, ao ambiente que ficou pós-derrota com a Geórgia, passando pelo seu estilo de jogo e o desgosto por ter saído já duas vezes ao intervalo, o médio do Fulham não deixou nada por dizer…

- Sérgio Conceição fez análise referindo que Portugal teve muita posse com a Geórgia, mas foi equipa lenta e previsível. Concorda?

- Olhamos para todos os aspetos do jogo em que temos de melhorar. Temos de ser mais objetivos, criar mais oportunidades. Tem faltado um poiuco, mas equipa preparada para o que aí vem. A resposta após a derrota está a see ótima. Toda a gente aqui quer vencer e fazer história pelo nosso País. Ansiosos por dar uma grande resposta.

- Há notícias dando conta que o Bayern fará novo esforço para contratá-lo. Vai ser desta? E as notícias trazem pressão acrescida?

- Estou focado apenas no trabalho na Seleção, em fazer história pelo meu País e ganhar jogos. É aí que está o meu foco. Mas respondendo à pergunta, ambos os clubes sabem onde quero estar dentro de um mês. O que tiver de acontecer, acontecerá.

- O que sabe da Eslovénia? E Sporar, já falou com ele?

- Privei com Sporar e tive a felicidade de partilhar balneário com um excelente jogador. Tínhamos boa relação. Ele é um jogador muito móvel, dá muita luta e é a imagem da equipa da Eslovénia, que joga com dois pontas de lança, Sesko e Sporar. É uma excelente equipa, uma das surpresas neste Europeu. Isto vai ficando mais difícil à medida que vamos avançando, a competitivodade é cada vez maior. Vamos apanhar uma Eslovénia muito forte, mas eles tambem vão apanhar um Portugal muito forte. Estamos preparados.

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João Palhinha garante uma Seleção preparada para dar boa resposta diante da Eslovénia (Foto: Miguel Nunes)

- Os cartões amarelos (e Palhinha já tem um) condicionam as escolhas do selecionador?

- O mister escolherá o melhor onze. Os amarelos são relativos. Até porque, para haver um jogo a seguir para cumprir castigo, primeiro… temos de ganhar este. Não seria bom pensar em poupanças. Nesta fase, numa competão com tantos jogos, dois amarelos de suspensão é curto. O que sei é que o mister escolherá o melhor onze para defrontar a Eslovénia.

- Os jogadores por norma têm mais prazer em ter a bola. O João também, mas parece igualmente gostar muito quando não a tem, como nos cortes. Sente prazer nessas ações de jogo?

- Todos têm o seu papel e no nosso plantel todos têm características diferentes, o que é uma mais-valia. Individualmente, já me conhecem, sabem o jogador que sou dentro de campo, a paixão que tenho na recuperação de bola, nos momentos defensivos. Foi algo que esteve sempre comigo desde o início, faz parte da minha imagem como jogador e também por isso acho que as pessoas gostam de mim, pela entrega que dou ao jogo. Vou tê-la sempre, se não… não sou eu.

- Saiu ao intervalo no último jogo. Estava a ser poupado? Foi gestão por já ter um visto antes um cartão amarelo?

- Não há aqui gestões! Em qualquer posição, quem entra está preparado para jogar. Não vai haver poupanças, por causa de amarelos. Respeitei a decisão do mister mas… nenhum jogador gosta de sair ao intervalo! Mas respeitei, falámos. O jogo estava propício a que caíssem mais amarelos. Não levei eu, levou o Rúben (Neves).

- Existe alguma trabalho mental para recuperar o ânimo?

- Quando perdes um jogo ou tiveste um momento menos bom, anseias sempre que o próximo jogo chegue. Ficamos a contar os dias. Quando perdes, o ambiente é diferente de quando ganhas. Nota-se nos jantares, na malta… Mas agora já não vale a  pena pensar na Geórgia, vale sim pensar na resposta que queremos dar e acima de tudo pensar onde queremos chegar nesta competição, porque queremos voltar a fazer história.

João Palhinha falou aos jornalistas, este sábado, em Marienfeld (foto: Miguel Nunes)

- Sentem que o sistema de três centrais não está a funcionar?

- O mister não tem falado disso. E, se ganhássemos, não se falava. Na qualificação, jogámos quase sempre com três centrais e foi o que foi (dez vitórias em dez jogos). O gosto depende de pessoa para pessoa. O mister tem vários sistemas. Não sei ainda qual é com a Eslovénia. Aliás, até sei, mas não posso dizer. Seja qual for, estamos preparados e vamos com tudo!

- Na sua opinião, qual a melhor equipa do Euro até ao momento?

- Ontem (sexta-feira), o mister perguntou-nos isso mesmo à mesa. Éramos quatro e gerou logo discórdia. Pessoalmente, vejo duas: a Espanha, que é sempre forte, e a Áustria, uma belíssima surpresa com muito mérito na qualificação para os oitavos. São muito fortes. E a Alemanha também está num grande nível.

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- Portugal sente mais dificuldades contra equipas em bloco mais baixo e com a Eslovénia será assim. O que tem Portugal de fazer para desbloquear estas equipas?

- Vem ao encontro da primeira pergunta: temos de ser mais objetivos, fazer mais movimentos de rutura, tentar penetrar mais no espaço interior durante o jogo. É o que vamos tentar fazer. Na análise à derrota com a Geórgia, havia muitos jogadores a pedir a bola no pé e isso facilitou o trabalho da Geórgia. Procuramos sempre encarar o jogo seguinte de forma diferente e é o que vamos fazer.

- Que jogador é o Palhinha aos 28 anos?

- A Premier League obriga todos a crescer. É inevitável. Competimos entre os mehores. Sim, o Fulham obrigou-me a creser, como já acontecera antes, no Sporting e no Braga. Vou fazer 29 anos em breve, mas continuo a evoluir. Ainda tenho muito para dar. O João que veem hoje, amanhã ainda vai ser melhor e é o que quero para o futuro.

Palhinha admite que derrota com a Geórgia deixou marcas, já ultrapassadas (Foto: Miguel Nunes)

- Pepe falou ontem de flexibilidade, independentemente do sistema, e de uma equipa capaz de explorar debilidades dos adversários. Mas, com três centrais, não tem corrido muito bem. O problema está aí?

- Se virmos os jogos com a Chéquia e a Geórgia, com defesas em bloco muito baixo, sabemos que aí temos de ser mais objetivos. As equipoas jogam contra nós cada vez mais dessa maneira, o que nos obriga a crescer como Seleção. É o que vamos encontrar no próximo jogo. Mas, independetemente de uma linha de 5 ou de 4, o mister vai escolher a melhor equipa e não duvido de que faremos excelente jogo, seja qual for o sistema.

- Que peso tem a componente mental num jogo a eliminar como o de segunda-feira?

- A motivação esteve (e está) sempre lá em cima. O discurso interno é mesmo esse. Queremos muito ganhar pelo nosso País e fazer o mesmo que em 2016, se possível. É um orgulho enorme estar aqui, para alguns será o último Europeu e é muito por aí que vai o discurso dos capitães dentro do grupo: temos de dar todos uma grande resposta. Estivemos com as nossas famílias e não há maior motivação do que representar o nosso País. Agora, estamos só focados no próximo jogo e Pepe disse, e bem, que o foco e a determinação têm de estar presentes. Temos de dar todos uma grande resposta.

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Foco total na Eslovénia (foto: Miguel Nunes)

- No Mundial, após derrota na última jornada da fase de grupos, Portugal respondeu com goleada à Suíça. É esse o espírito?

- O importante é ganhar, seja por um, seja por quatro. Assinava já por baixo o documento que garantisse a vitória independentemente do resultado. Quando perdemos um jogo, ou nos corre menos bem individualmente, só queremos que chegue o jogo seguinte o mais rapidamente possível. É o jogo que queremos jogar. Todos os olhos e críticas estão em nós. Então que essa crítica seja boa e não má e que estejamos todos a festejar no final.

- Portugal jogou na Eslovénia em março e perdeu por 0-2. Como compara esse duelo com o de agora?

- Primeiro, era um particular, a motivação é completamente diferente. Como jogadores, o nosso foco e a nossa concentração têm de estar no topo. Sabemos o que vamos enfrentar, a Eslovénia é uma das surpresas, para mim. E passei tempo com Sporar, conheço-o bem, sei que têm uma grande equipa, mas também vão enfrentar um grande Portugal, forte.

- Que diferenças há do seu papel do clube para a Seleção?

- Quando jogamos com quatro defesas, é igual ao do Fulham. Aliás, Marco Silva (Fulham) e Roberto Martínez, quando falam comigo, pedem-me quase sempre o mesmo.

- É a primeira vez da Eslovénia nos oitavos contra Portugal, um cliente habitual destas fases…

- Quando se está neste nível, a experiência conta pouco. O futebol é presente, o passado pouco interessa. Sabvemos o que vamos enfrentar e o que a Eslovénia vai enfrentar. A nossa ambição está no nível máximo.