Liga das Nações Dia especial para a Croácia num estádio memorável para Portugal

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Jogo decisivo para a Croácia numa data marcante para o país: comemora-se hoje o Dia da Memória de Vukovar, uma das mais sangrentas batalhas da guerra da antiga Jugoslávia. Em Split 'cheira' a Hajduk por todo o lado

SPLIT - Colado ao mar Adriático, o estádio Poljud, esgotado e à espera de 35 mil pessoas, recebe hoje uma autêntica final para a Croácia, que está obrigada a pontuar para se apurar sem ter de esperar pelo resultado da Escócia em Varsóvia.

A expectativa pelo jogo é enorme em Split, apesar de na cidade pairar uma estranha tranquilidade e pacatez que se explicam pelo facto de muitas pessoas terem aproveitado o fim de semana prolongado para visitarem familiares e festejarem o feriado de Dia da Memória de Vukovar. A 18 de novembro de 1991, após um cerco de 87 dias, a cidade caiu nas mãos do exército sérvio durante a guerra da antiga Jugoslávia, fazendo mais de 3 mil vítimas mortais. Vukovar acabaria por ser reintegrada, pacificamente, na Croácia, sete anos mais tarde, e, desde 2020, as vítimas são homenageadas com feriado nacional e desfiles por todo o país.

São inúmeros os muros de edifícios pintados com as cores do Hajduk

Split é uma cidade que o tempo parece ter esquecido, tão caraterística da antiga Jugoslávia, onde os edifícios degradados e de cores baças lhe dão um ar carregado e que se sente em cada rua. O fervor pelo Hajduk Split é gigantesco e até a reportagem de A BOLA o pode constatar ao vivo e a cores: ao fim da tarde de ontem, junto à sede da Torcida Split, a principal claque do clube da cidade, vários adeptos cantavam e festejavam como se dia de jogo se tratasse, enquanto paredes-meias 10 meninos se divertiam com uma bola num campo de asfalto.

O túnel de acesso ao estádio Poljud

A cada esquina se encontra um novo muro pintado com as cores do clube, a cada canto há mais alguma alusão às claques e facilmente se percebe o amor desenfreado que há pelo Hajduk, que, sem ganhar um título croata desde 2005, nos últimos anos tem sido mais notícia pelos constantes confrontos violentos com o inimigo Dínamo Zagreb, uma espécie de ‘todo poderoso’ do futebol do país que desde 2006 só não venceu um (!) campeonato.

Como a cidade, o estádio Poljud, erguido para os Jogos Mediterrâneos de 1979, carrega uma enorme história e tem as infraestruturas degradadas, mas é de ótima memória para o desporto português, ou não tivesse sido aqui que, em 1990, Rosa Mota, conquistou a terceira medalha de ouro consecutiva nos Europeus de atletismo na maratona, depois de Atenas (1982) e Estugarda (1986), numa década brilhante onde ainda venceu o ouro olímpico (Seul, 1988) e Mundial (Roma, 1987), além do bronze nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Bom prenúncio para, mais logo, Portugal fechar com chave de ouro esta fase de grupos e encarar os quartos de final com dinâmica de vitória.