Virgens ofendidas

OPINIÃO23.06.202306:30

N A Assembleia Geral para análise e aprovação do orçamento do Sport Lisboa e Benfica para a próxima época 23-24, ouvi in loco Rui Costa afirmar que tomou a «decisão pessoal» de apoiar Proença e a sua Liga de Clubes. Algo que é evidentemente contrário ao sentimento e vontade manifestados pelos sócios naquela Assembleia. Referiu Costa que seria populista da sua parte se o SLB fosse «contra tudo e todos» e manifestasse que «não precisa de ninguém». Não lhe explicaram (nem o aconselharam) que existe um meio termo pois não tinha que votar a favor (o que é inaceitável perante os seus) ou contra os membros da Liga. Simplesmente abstinha-se. Mas ele lá entende (sem se perceber porquê) que não apoiar Proença é o mesmo que andar em «sentido contrário na autoestrada». O que é curioso pois não considera que está a ser populista quando disse, em alto e bom som, que o Benfica não irá cumprir Lei nenhuma sobre a centralização se se sentir prejudicado. Resumindo: prefere satisfazer e andar colado aos que prejudicaram a entidade que representa em níveis e cargos diferentes, mas não se importa de enfrentar o Estado de Direito numa estrada de faixa única em velocidade máxima e com um penhasco em 2028? Fez lembrar Vieira. Todos sabem qual a sua escola desde 2008 com um péssimo professor. Felizmente baldou-se a algumas aulas e ainda vai a tempo de se salvar mas não lhe bastam resultados desportivos. Por último, a tão propalada indignação dos assobios a Otávio. Parecia estar em causa a defesa «da instituição nacional de fair play». Não se deixem levar pelas falsas virgens ofendidas do nosso futebol. Até Martinez foi contraditório: ao mesmo tempo, viu o ambiente mais espetacular para seleção e uma doença. Desde quando um assobio é manifestação, sinal ou expressão de incitamento à violência, racismo, xenofobia ou intolerância? Serve para o 63.º do Regulamento Disciplinar da Federação ou para punição da Lei 39/2009? Qualquer dia os adeptos nem podem assobiar os treinadores e atletas dos próprios clubes. É comer e calar. Só falta defender os comportamentos antidesportivos dos atletas como os cânticos insultuosos de Otávio ou o dedo de Ronaldo em 2005 porque «o público não foi simpático».