Vencer e qualificar

OPINIÃO31.03.202106:05

A liderança do grupo está ao nosso alcance, basta manter a organização e controlo, sem obsessão pelos golos

1. Contra o Azerbaijão (Turim - 17/03) Portugal controlou o jogo no meio-campo adversário mas sem grande velocidade. O primeiro jogo de fase de apuramento é essencial pelos três pontos. O adversário defendia com duas linhas próximas da sua baliza. O golo nasceu de uma defesa do guarda-redes azeri que levou a bola a bater num companheiro e a entrar na baliza aos 37’: 1-0. Na segunda parte o Azerbaijão conseguiu chegar à nossa área mas sem perigo. Esperava-se outra dinâmica, pois o adversário era muito inferior. Faltou velocidade e concretizar oportunidades.

2. Contra a Sérvia (Belgrado - 24/03), Portugal, na primeira parte, controlou o jogo, com Danilo a fechar o corredor central. Jogámos no meio-campo adversário e dois cruzamentos com velocidade e destino à cabeça de Diogo Jota deram-nos dois golos. Segunda parte, mudança radical. Sérvia entra veloz e aos 30 segundos marca golo. Portugal perde organização, permite transições rápidas à Sérvia que empata: 2-2. O sonho da primeira parte, perto do pesadelo. Surgiu o Escândalo de Belgrado. Após cruzamento largo, CR7 desvia a bola que entra na baliza sérvia, com jogador da casa a tirar a bola de dentro da baliza. A dignidade da competição ficou abalada pela arbitragem, ao não validar golo legal. Trata-se da fase europeia de apuramento para um Mundial e esse resultado criou injustiça para este grupo. Apesar dos lucros, quer a FIFA, quer a UEFA, não colocaram as condições que estes jogos obrigam: tecnologia de linha de golo e VAR. Criou-se um atentado à verdade desportiva! No balneário o árbitro pediu desculpa ao nosso selecionador, mas desculpas dessas evitam-se. O futebol, em momentos de atropelo à justiça, potencia desequilíbrios emocionais, que não sendo apoiados são compreendidos pela dimensão da injustiça. A liderança do grupo está ao nosso alcance, basta manter a organização e controlo, sem obsessão pelos golos.

3. Ontem, no Luxemburgo, a nossa seleção não podia cometer erros. A realidade foi diferente do que se esperava: Luxemburgo surpreendeu pela positiva e Portugal pela negativa. Ganhámos o jogo por 3-1, depois de estarmos a perder por 0-1. Onze jogadores só fazem uma equipa se jogarem com raça, humildade e ligação eficaz. CR7 marcou um golo.


MÉRITO

O Presidente da República agraciou o treinador Abel Ferreira com a Ordem do Infante D. Henrique pelos seus êxitos no Palmeiras, do Brasil, prestigiando Portugal. Abel conquistou a Taça dos Libertadores (que o clube só tinha vencido uma vez, em 1999) e a Taça do Brasil. Por essas conquistas, como serviço relevante para o prestígio do nosso País, Abel foi homenageado, em cerimónia oficial que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém. Uma honra para o próprio e o nosso futebol. O Município de Penafiel, também em cerimónia oficial, atribuiu-lhe a Medalha de Ouro da cidade e passou a distingui-lo como cidadão honorário.


ANTECIPAR

C OMENTÁRIO dos jogadores do FC Porto sobre a renovação de contrato de Otávio: «Vamos ficar juntos mais uns aninhos.» Até 2025, Otávio é jogador dos dragões. Marchesín publicou nas redes sociais: «Às boas pessoas acontecem coisas boas.» E Sérgio Oliveira escreveu: «Parabéns, baixinho.» Esse é o espírito do FC Porto. «O Otávio está com a mesma determinação e vontade com que chegou ao FC Porto», afirmou o presidente Pinto da Costa, na cerimónia do anúncio da renovação do contrato até 2025. E assim se vai preparando o futuro, pois no FC Porto o destino é lutar pelos títulos. Sabemos que as dificuldades no caminho são constantes, inesperadas, fortes, porém SER PORTO é uma herança de campeões para campeões. Cada vez mais os obstáculos serão maiores. Reforçar a coesão, dar o máximo em todas as ocasiões, estar preparado para provocações e falhas naturais, até de arbitragem, fazem parte do quotidiano do futebol. Só trabalhando nos limites, só jogando cada jogo como uma final, com total coesão, só pensando na equipa, na vitória e, de preferência, sem contestar decisões que podem trazer água no bico (do género cartão amarelo ou expulsão) se consegue vencer. A presente época tem sido uma intensa aprendizagem a várias dimensões. Concentração na tarefa, nas exigências e na organização no jogo são objetivos essenciais para manter coesão. Perante os maiores obstáculos, o FC Porto sabe sempre o que fazer. 


'FAIR-PLAY' FINANCEIRO 

AS constantes alterações, da nova normalidade, poderão levar a UEFA a decidir o funeral do fair-play financeiro. Basta colocar fora de jogo os critérios que equilibram despesas e receitas. Sugere-se novo modelo menos rígido, particularmente para os clubes mais poderosos e que fazem maiores investimentos. A dúvida do fim do fair-play financeiro pode tornar-se realidade: as equipas mais fortes poderão gastar o que entenderem nos reforços, sem o entrave de equilibrar as contas em cada ano, embora apregoando «gastar apenas o necessário?!».
Essa eventual alteração é justificada, abusivamente, como consequência da pandemia. Se assim acontecer, os clubes deixarão de ser penalizados pelos seus excessos. As limitações que afetaram o planeta, com a invasão do Covid-19, poderão permitir mais espaço de investimento com menos rigor de critérios do equilíbrio financeiro. A liderar a pretensão está a Associação Europeia de Clubes (ECA) liderada por Andrea Agnelli (presidente da Juventus), que divulga perdas globais enormes em termos financeiros. Aguarda-se que o presidente da UEFA, muito próximo de Agnelli, divulgue alterações e os pormenores do novo sistema de controlo financeiro, que beneficiarão os clubes mais ricos, mediante uma maior liberdade em relação às despesas. Poderão ser muitos os excessos com grave risco, mesmo que justificados como medidas temporárias de emergência…
O fair-play financeiro foi instituído na primeira década do século XXI (por Platini e Infantino), com regras para impedir que os mais poderosos reforçassem os seus plantéis, sem limites, em função das receitas anteriores. Porém, as eventuais alterações das normas em vigor têm de ser concretizadas em concordância com a legislação da União Europeia e com aprovação do Parlamento Europeu! Nada que a ECA não possa conseguir.


É PRECISO MUITO MAIS...

O secretário de Estado da Juventude e Desporto (SEJD) pediu «fiscalização da consciência» no regresso à atividade desportiva. A partir do dia 5 de Abril o desconfinamento no desporto terá de ser exemplar, porque tardio.
Substituir a fiscalização das autoridades pela consciência de cada um é a estratégia habitual de passar ao lado. Quanto «à certeza absoluta» da responsabilidade dos desportistas, não basta afirmar mas falta criar condições e meios. Não há milagres. Ficam as dúvidas se quem assumiu formalmente o compromisso governativo tem noção do universo que deveria liderar, com profundo conhecimento… Não basta acreditar, é preciso saber fazer!


REMATE FINAL

O regresso de Ibrahimovic. O jogador sueco, emocionou-se no anúncio do regresso à seleção, sem conseguir conter lágrimas, após cinco anos de ausência voluntária. Com 39 anos, o jogador do AC Milan é a novidade na lista de convocados para a fase de apuramento para o Mundial-2022, no Catar, frente à Geórgia e ao Kosovo, e ainda para um jogo particular com a Estónia. O craque tinha-se retirado da seleção sueca após o Euro-2016. Contudo, nos finais de 2020, revelou vontade de regressar. «Estou aqui porque mereço, por causa do meu rendimento no Milan, o que fiz antes não importa nada. Estou aqui com orgulho, para ajudar e não para exigir nada. Se tivesse dito não, iria arrepender-me. O mais importante é continuar a fazer o que amo durante o máximo de tempo que for possível», afirmou Ibrahimovic, o maior goleador de todos os tempos da seleção sueca, com 62 golos em 116 jogos. Um regresso histórico, que o futebol agradece.
No Campeonato da Europa Sub-21 de 2021, após duas vitórias, basta um empate à seleção de Portugal, para ser apurada para os quartos-de-final: tanto talento e organização!