Vamos lá falar de futebol
Pedro Proença, Liga Portugal, Foto: Liga Portugal

Vamos lá falar de futebol

OPINIÃO11.09.202309:28

O encontro do Porto trouxe uma luz de esperança ao futuro do futebol português

Correu francamente bem o evento que decorreu no Porto e ao qual a Liga Portugal decidiu chamar Thinking Football Summit. Não gosto do nome, colado ao padrão do marketing internacional, mas reconheço que o nome é o menos importante. O essencial foi o espaço aberto de discussão abrangente e diversa que proporcionou, o que não é muito vulgar no futebol português.

O estilo tolerante e diplomático de Pedro Proença triunfou sobre o culto de personalidade em que tradicionalmente navega o dirigismo do futebol nacional. E isso permitiu que passassem pelo mesmo palco os presidentes do Benfica, do Sporting, do FC Porto e do SC Braga, os quatro clubes atualmente mais fortes e mais representativos do futebol nacional.

Nos três dias de discussão e de partilha de experiências, alguns casos marcantes e impressivos como o da visão moderna e de sucesso do Famalicão, apresentada por Miguel Ribeiro, ou, no âmbito internacional, a objetividade e frontalidade de Javier Tebas, presidente da Liga espanhola de futebol, que aconselhou o futebol português a não perder tempo e a abreviar o processo da centralização de direitos dos audiovisuais, única forma de valorizar a Liga e de criar condições para o interesse das OTT`S, um serviço media de distribuição de conteúdos diretamente pela internet, que irá criar mais e melhor oferta para os clubes e acabar com o poder desmesurado do monopólio de transmissões televisivas dos campeonatos profissionais, ao mesmo que tempo que irá devolver à Liga o controlo do negócio e criar conteúdos inovadores para os adeptos, permitindo-lhes assistir a entrevistas de jogadores no balneário, no intervalo e no final dos jogos, ganhando novas perspetivas de interesse e de valorização do espetáculo de futebol.

Discutir o futebol, partilhar experiências de clubes de dimensões diversas, explorar caminhos de futuro e, sobretudo, ter uma visão abrangente da chamada indústria do futebol é o caminho que deixará definitivamente para trás quem tem apenas uma visão egocêntrica, uma perspetiva de sucesso à custa da exclusão dos adversários e um conceito primário de que o que importa é que o seu clube ganhe, custe o que custar, contra tudo e contra todos. O encontro do Porto trouxe, de facto, uma luz de esperança ao futebol português.