Urgente!

OPINIÃO09.02.202305:30

A Justiça tem de aplicar penas que travem repetições da violência protagonizada por grupos ligados a claques desportivas

ALÉM de dezenas de mandatos de busca domiciliária, na zona da capital, a PSP divulgou que há muitos mais crimes violentos associados a claques desportivas. O tempo é de insegurança, de revolta pela incapacidade dos governantes que adiam decisões importantes que contribuem para o aumento de violência, com origem em membros de claques desportivas.

Não basta criar legislação, importante é aplicá-la com equidade. Com ligações a movimentos organizados, há grupos que fazem da violência uma forma de vida. Esses grupos de adeptos desafiam a Polícia, praticam roubos e potenciam conflitos violentos. Recentemente, nesses movimentos, foram detidos elementos relacionados com dois clubes grandes da capital, com posse de armas de fogo e de artefactos pirotécnicos.

Na recente final da Taça da Liga (e com a presença, na tribuna oficial, do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto) apesar de legislação finalmente aprovada e com penas pesadas, a pirotecnia foi utilizada como arremesso sobre adeptos de clube adversário. Esperamos que o membro do governo presente consiga entender o estado a que se chegou, por desvalorização e incúria.  

As leis ou se cumprem ou então potenciam a violência. Não basta passar uma noite nas esquadras da PSP. O desperdício de verbas para conter estes acontecimentos nefastos e os riscos para a integridade física de muitos jovens, exige uma resposta coletiva com a máxima exigência e devidas consequências.

O desporto em geral e o futebol em particular, não podem ser vítimas de cenários que colocam a vida em perigo. Temos legislação, mas faltam ações! Quando não se conseguem definir estratégias eficazes, certamente que há especialistas que saberão dar conta do recado sem demora, sejam Casuals ou habituais…

De facto, a estratégia de segurança, quer nos jogos de futebol, quer nas ruas, não mostra nenhuma articulação que consiga travar os desacatos no início das contendas. Cada vez se observam menos polícias nas ruas e as experiências com ‘esquadras móveis’ (carrinhas, afinal) foi muito infeliz. A justiça tem de aplicar penas que travem repetições, porque um dia destes pode ocorrer um desastre grave e depois é tarde.

A segurança prometida pelo governo não se cumpre, nem há capacidade para controlar de imediato. E os cidadãos pacíficos que tiverem o azar de serem ‘apanhados na onda’ e correm riscos da própria vida? O Governo tem de aplicar medidas que todos sintam que, desse modo, respiram segurança, caso contrário fica somente o mito e não a realidade.

Agressões, crimes violentos à volta dos estádios, cerca de três dezenas de buscas domiciliárias, em grupos que vão desde os 18 aos 50 anos, causando ofensas à integridade física, quer sobre adeptos quer sobre a Polícia, roubos, rixas e desobediência de entrada nos recintos desportivos!

Por outro lado, há personalidades, como o caso de um Presidente de um clube grande da capital, que em vez de se apresentar no auditório do estádio para as perguntas dos jornalistas, preferiu um espaço mais recôndito (uma garagem), sem a razão que a situação merecia, para apresentar o seu desacordo (habitual quando não vence os jogos), impondo que jornalistas tenham aceite não colocar perguntas!

O futebol tem uma tradição profunda, certamente com episódios lamentáveis, mas também outros de dimensão exemplar, mas há uma forma de o saber privilegiar: aceitação das divergências e mais qualidade das arbitragens, sem comentadores com visão unidimensional e que lançam suspeições por clubismos doentios e dependências… é fácil acender fogueiras e não assumir as consequências das polémicas criadas para provocar os adversários.

Nos comentários aos jogos, pratiquem a imparcialidade e evitem suspeições que só aumentam confusões. Os riscos são inúmeros e com grau elevado de atos de violência em certas localidades. Exige-se plano eficaz das forças de segurança, com o apoio total dos dirigentes dos clubes e das lideranças do futebol português, porquanto além da redução progressiva de espectadores, promovem um ambiente de confronto que afeta gravemente o futebol.

Todos os agentes desportivos têm de saber cumprir as suas funções e, particularmente os árbitros, podendo utilizar o diálogo sereno, embora por vezes prefiram a prepotência de decisões infelizes (expulsão de treinadores e dirigentes injustificadas) quando o quarto árbitro poderia baixar o clima emocional, com pequenas frases de acalmia e respeito, em vez de serem mais uma acha para a fogueira da violência.

Culpados há muitos e, por isso, estamos num momento fundamental para manter o nosso futebol com padrões de qualidade, respeito e dignidade. O tempo corre célere e assim também deverão ocorrer as decisões indispensáveis. Que vença o saber, o fair play e o clubismo militante, mas sem violência, porque a continuar nesse percurso, os resultados já começam a potenciar sinais que urge corrigir.

Fica o alerta: «Estes grupos têm como finalidade a prática da violência (…) estamos a falar de grupos que, apesar de terem elementos já com idade adulta em posições de liderança, têm muitos jovens em tenra idade que acabam por entrar por algum fascínio pelo culto do dia de jogo», afirmou o presidente da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto.
 

POLÍTICA NO FUTEBOL

EM Portugal, o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), por ‘chumbo’ do Partido Socialista, não precisou de explicar na Assembleia da República, os contratos com o ex-selecionador e o atual selecionador nacional. O objetivo dos deputados que o pretendiam fazer, tinha a intenção de esclarecer se o Ministério Público estava a investigar ‘suspeitas de crime fiscal’, como estratégia escolhida pelo Presidente da FPF, para pagar esses salários e da respetiva equipa técnica. Essa reprovação da maioria PS contou ainda com a abstenção do PSD. 

Em Itália, o respetivo procurador que está a investigar o caso dos salários ‘escondidos’ na Juventus (durante a pandemia, os jogadores anunciaram abdicar de quatro meses de salários, mas três foram pagos clandestinamente), acaba de pedir a sanção de retirar mais de 20 pontos à atual classificação da equipa, que já tinha perdido 15 pontos no processo das mais-valias. A diferença entre os dois países, nestes casos, é abismal. Em Itália, a justiça desportiva aplicou a sanção de perda de 15 pontos à Juventus por fraudes fiscais, o que levou a Federação do país a suspender 11 dirigentes e ex-dirigentes do clube.

As punições à Juventus constam de perda de 15 pontos na tabela do campeonato, a suspensão de 30 meses para o ex-diretor desportivo, a suspensão de 24 meses para o ex-presidente Andrea Agnelli, a suspensão de 8 meses para o ex-diretor Pavel Nedved e mais 9 dirigentes castigados. O clube estava no 3.º lugar do respetivo campeonato, com 37 pontos e com a punição, baixou do 3.º lugar para o 10.º, apenas com 22 pontos. Além da Juventus, há mais oito clubes envolvidos. Em 2006, também se descobriu um caso de favorecimento ao bicampeão italiano nas temporadas 2004/05 e 2005/06. O escândalo que ficou conhecido como ‘Calciopoli’, retirou dois títulos italianos da Juventus, em 2005 e 2006, e o rebaixamento imediato da equipa para a Série B na temporada 2006/07. Que sirva de exemplo! Inesperadamente, saiu a notícia de que o Manchester City pode correr o risco de perda de pontos e até a expulsão da Premier League, por irregularidades financeiras: começam a vir à superfície eventuais tempestades…
 

PRIMEIRA LIGA

O FC Porto, com duas baixas de vulto (Otávio e Eustáquio) voltou a vencer pelo mesmo resultado (2-0) o Marítimo e o Vizela, com duas arbitragens muito fracas. Da apreciação dos especialistas de arbitragem, quer deste jornal quer de O Jogo, a coincidência é sinal inquestionável de árbitros que não possuem capacidade para arbitrar jogos desta dimensão. Essas falhas ao longo das épocas, acabam por ter influência decisiva na classificação final. Em A BOLA, o respetivo especialista avaliou a prestação de Fábio Veríssimo com um 3 (nota muito negativa), e os respetivos comentadores apontaram 17 falhas graves, com a apreciação «Arbitragem muito negativa».

 Em relação ao jogo seguinte, entre FC Porto e Vizela, o respetivo especialista avaliou a prestação de Cláudio Pereira com um 4 (nota muito negativa), e os respetivos comentadores apontaram 12 falhas graves, com a apreciação «Nada esclarecido nem esclarecedor, só consegue elucidar não ter categoria para ali andar». Se no primeiro desses jogos expulsou Sérgio Conceição e Vítor Bruno, no segundo jogo o respetivo árbitro várias vezes mal colocado no terreno, manteve um tratamento diferente para os jogadores do Vizela, não assinalando grande penalidade por falta sobre Galeno. Os erros dos árbitros acabam sempre por prejudicar o nosso futebol. De qualquer forma, o Vizela merece um aplauso pela forma como se bateu no jogo.
 

REMATE FINAL 

— Sérgio Conceição conseguiu conquistar os quatro títulos nacionais em disputa: Campeonato Nacional/Liga Portugal, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça. «Qualquer dia expulsam-me por pensamentos que tenha», afirmou Sérgio.

— Uribe atingiu o jogo 100 pelo FC Porto no Campeonato.

— Vasco Sousa, jovem médio de 19 anos, estreou-se na equipa principal do FC Porto, substituindo Grujic, aos 67’.

— Felicita-se o regresso de Taremi aos golos.