Um esclarecimento técnico importante

OPINIÃO10.01.202305:30

Um recomeço de jogo no Benfica-Portimonense deixou muitas dúvidas até nalguns jogadores

NO recente Benfica- Portimonense, jogo da 15.ª jornada do campeonato, um recomeço de jogo deixou muitas dúvidas em alguns jogadores, o que foi percetível através das imagens televisivas. Esta situação ocorreu à passagem do minuto 44, na sequência da anulação (via vídeo árbitro) de um pontapé de penálti favorável à equipa lisboeta, erradamente assinalado pela equipa de arbitragem em campo.

Depois de rever o lance e decidir-se pela invalidação da decisão, o internacional Vítor Ferreira recomeçou o jogo com o lançamento da bo- la ao solo para o guarda-redes Nakamura, dentro da área dos algarvios.

Esta opção técnica foi contestada, porque no momento em que o árbitro bracarense interrompeu a partida, a bola estava quase a chegar aos pés do benfiquista João Mário, que se encontrava perto do árbitro assistente, junto à linha lateral.

O momento oferece-nos a oportunidade de clarificarmos a letra da lei nesta matéria. Na verdade, existem duas situações que impõem que uma bola ao solo seja efetuada dentro da área de penálti, apenas para o guarda-redes da equipa defensora: uma é quando a bola está nesse espaço no momento em que o árbitro interrompe o jogo; a outra é quando o último toque dado na bola (antes da ordem de interrupção) é feito dentro da área.

Ora foi precisamente isso que sucedeu na Luz, no lance que originou algumas dúvidas. Se bem se recordam, Vítor Ferreira não assinalou o pretenso pontapé de penálti de forma imediato (pareceu ter sido induzido pela opinião de um colega de equipa), mas a bola, quando o fez, estava fora da área e ainda não tinha sido tocada pelo jogador dos encarnados. O último jogador a tocá-la foi o companheiro de equipa Florentino, que estava bem dentro da área algarvia. A decisão do bracarense foi correta.

Esta é uma daquelas regras que não têm relevância aparente, mas o seu desconhecimento (até por parte dos árbitros) pode originar recomeços indevidos, além de contestações desnecessárias de jogadores, bancos técnicos e adeptos.

A talho de foice, recordo os leitores que, nas demais situações em que um jogo seja reiniciada da mesma forma, o lançamento tem que ser efetuado para um jogador (qualquer um) da equipa que tinha joga- do a bola pela última vez, no local onde essa foi tocada/jogada.

Outras notas que convém reter: todos os outros jogadores (não apenas os adversários) devem estar a pelo menos quatro metros do local onde a bola é reposta em jogo; uma vez que a bola é lançada pelas mãos do árbitro, nunca pode haver fora de jogo diretamente desse recomeço; a bola entra em jogo só quando toca no solo; antes de ser marcado um golo e, após lançada, a bola tem que tocar ou ser jogada por, pelo menos, dois jogadores (isso para evitar que o jogador que a recebe não marque golo diretamente em nenhuma das balizas); o lançamento é repetido se a bola tocar no solo e sair por uma das linhas antes que algum jogador a toque; e também é repetido se a bola, antes de tocar no solo, for joga- da por um qualquer jogador. 

Para fechar, este recomeço pressupõe sempre a inexistência de infração por parte das equipas. É a escolha técnica para quando o jogo é parado momentaneamente por razões como quebras de energia, erros do árbitro, invasões de campo, paragens para socorro médico grave, objetos e pessoas no campo que influenciem jogo/jogadores, etc.