Última dança ou até já?...

OPINIÃO19.01.202305:30

Ronaldo e Messi protagonizaram - e partilharam - alguns dos melhores jogos da história do futebol. Hoje pode ser o último duelo. Em Riade…

AA BOLA TV transmite hoje em direto e exclusivo, pelas 17 horas, um jogo que pode ficar na história como o derradeiro duelo (o 37.º) entre os dois melhores futebolistas do séc. XXI e, possivelmente, da história: Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. O português integra o misto dos melhores jogadores do Al Nassr e do Al Hilal (Saudi All Stars XI) na condição de capitão; o argentino veste a camisola do PSG no regresso à península arábica, onde há um mês se sagrou campeão mundial com a Argentina.

É um jogos particular que marca a estreia de Cristiano no futebol saudita depois da tumultuosa saída do Manchester United. Apetece dizer que não lhe podiam ter escolhido melhores padrinhos para a ocasião porque, além do velho e incontornável rival Leo (devem tanto um ao outro!), também irão a jogo Kylian Mbappé, grande admirador de CR7 desde a adolescência, e Neymar, com quem Ronaldo estabeleceu uma relação de cumplicidade desde que contracenaram juntos num (divertido) anúncio publicitário. Digamos, para simplificar, que o jogo que a BOLA TV transmite em directo junta os dois melhores jogadores do século e o escudeiro n.º 1 deles (Neymar) e o herdeiro do trono, o formidável Mbappé. Caramba, um cartel das arábias! Mesmo que  seja a brincar, não é todos os dias que vemos quatro estrelas desta grandeza no mesmo jogo.

O 37.º duelo entre as lendas portuguesa e argentina fecha uma semana de emoções muito fortes na cidade Riade, que foi autenticamente a capital do futebol mundial nestes últimos dias. Por ali passaram as equipas do Barcelona, Real Madrid, Bétis e Valência para a final four da Supertaça espanhola, ganha pelo Barça (3-1) no superclássico com o rival de sempre e onde o extraordinário Gavi (18 anos) mostrou o que é um menino de ouro a sério; por ali passaram os arqui-rivais de Milão, Milan e Inter, que ontem jogaram no mesmo estádio King Fahd a final da Supertaça italiana. Ganhou o Inter (3-0) com um golo soberbo do argentino Lautaro Martinez (o terceiro, com comemoração à la Messi…) a confirmar a superioridade nerazzurri.

Cristiano e Lionel reencontram-se hoje certamente orgulhosos daquilo que ofereceram ao futebol: tanto, tanto!, tanto!... e durante tanto tempo!

Eles protagonizaram - e partilharam - alguns dos melhores jogos de futebol de que há memória quando defendiam as cores do Real Madrid e do Barcelona e eram treinados por José Mourinho e Pep Guardiola (de 2010 a 2012). Nesses dois anos, Cristiano e Messi defrontaram-se por 11 vezes (!) em duelos titânicos a contar para a Liga, Taça do Rei, Supertaça espanhola e Champions. Era o tempo em que o Mundo sustinha a respiração e parava para ver o maior espetáculo desportivo do planeta, lembram-se? Terá sido a rivalidade mais intensa, mais mediática, mais trepidante e mais polémica alguma vez vista no futebol europeu. Nunca me saiu da cabeça aquela fascinante final da Taça do Rei de 2011, no Mestalla de Valência (noite de 20 abril), um duelo absolutamente sumptuoso pela qualidade dos intervenientes (Ronaldo, Di Maria, Özil, Xabi Alonso, Marcelo, Pepe, Ricardo Carvalho, Sergio Ramos e Casillas de um lado; Messi, Xavi, Iniesta, David Villa, Pedro, Busquets, Piqué e Mascherano do outro) e pela quantidade de ocasiões de golo criadas pelos dois titãs durante mais de 120 minutos. O duelo foi decidido por Ronaldo (1-0), com uma autêntica pedrada de cabeça no minuto 103 do prolongamento, mas essa final podia ter terminado empatada, sem escândalo, 5-5 ou 6-6. Que jogo maravilhoso!

Hoje não se espera nada do género, como é evidente, mas será muito bom sentir a memória desses duelos fantásticos no momento em que as duas lendas se cumprimentarem. De que falarão eles? Será mesmo a última vez, a despedida? Ou apenas um até já, a fazer fé nos rumores que dão conta da intenção do Al Hilal, rival do Al Nassr, em contratar Messi a peso de ouro para reeditar na península arábica os duelos que encantaram o planeta futebol durante bem mais de uma década - a primeira vez aconteceu a 23 abril de 2008, na meia-final da Champions, num Camp Nou superlotado, e Cristiano falhou um penálti nos minutos iniciais. Ironia das ironias, o jogo terminou empatado a zero, único nulo registado nos 36 duelos entre os dois…


BRUNO, CEM E… SEM

UM livre soberbo do esquerdino Michael Olise nos instantes finais (90+1) privou ontem Bruno Fernandes de ser a cara da décima vitória consecutiva do Manchester United em jogos oficiais, algo que não acontece desde 2009 (Alex Ferguson). O capitão português dos red devils havia marcado um belo golo à beira do intervalo e tudo apontava para mais um triunfo do United, a despeito da forte reação final do Crystal Palace. A expressão de desalento do frio e pragmático Erik ten Haag assim que o míssil de Olise acertou no alvo dispensa legenda. Esteve quase. Conta certa e consumada foi a centésima participação de Bruno Fernandes em lances de golo (marcou 55+45 assistências) ao jogo 153 com o United. Mesmo sem décima vitória in a row, são números de craque. Que ele efectivamente é.