Talvez seja inconsciente, mas não deixa de ser racismo
A propósito do cântico dos jogadores argentinos entoado após a conquista da Copa América
O bicampeão americano, campeão argentino e melhor jogador da história não tem de pedir desculpas a ninguém. Eles que continuem a chorar por uma simples canção de futebol.
Rodrigo Marra, político argentino
A canção de péssimo gosto que os jogadores argentinos entoaram após a conquista da Copa América, no autocarro da equipa, e que Enzo Fernández, absurdamente, partilhou em direto nas redes sociais, causou ondas de choque em todo o lado. Da França à própria Argentina.
Abstenho-me de a reproduzir, basta referir que tem diversas referências às origens africanas dos jogadores franceses e que questiona inclusivamente as preferências sexuais de Mbappé. Está, sem dúvida alguma, pejada de racismo e xenofobia.
Foi por serem racistas e xenófobos que os jogadores argentinos a cantaram agora, após ganharam a Copa América à Colômbia? Creio que não. Provavelmente, nem pensaram no significado das palavras, foi apenas uma provocação a um rival. Mas mesmo que inconsciente, ou não propositado, o racismo não deixa de ser racismo.
E a sugestão do secretário de Estado do Desporto argentino, de que Lionel Messi, como capitão, e o presidente da federação deveriam pedir desculpas, parece-me perfeitamente legítima. Mas neste mundo polarizado em que vivemos, e no qual tudo serve de arma de arremesso, até essa sugestão teve resposta dum político de Buenos Aires, que diz que Messi, por ter ganho o que ganhou, não tem de pedir desculpas a ninguém. Como se o palmarés fosse um livre-trânsito para se dizer tudo com impunidade...