Talvez não o fim do Mundo como o conhecemos
Ainda resta algo (pouco, mas algo) da força dos finais, dos regressos, dos abraços
O NTEM, quando estava assim mais ou menos a chegar a hora do almoço, eu pensava que o mundo tinha acabado. Ronaldo a caminho do Manchester City semanas depois de Messi ir para o PSG era, de vez, o fim do mundo tal como o conhecemos: os dois maiores jogadores do meu tempo de vida, que toda a carreira representaram internacionalmente clubes de topo, tradicionais, vergavam-se às riquezas de PSG e City - dizia-se então àquela hora - clubes que, antes de serem comprados em 2011 e 2008 por investidores do Catar e dos EAU, tinham vencido, juntos, quatro campeonatos: dois, o City, dois, o PSG.
(Eu sei o mercado é o mercado e que clubes fracos podem passar a ser fortes, eu sei isso tudo - mas acontece que na verdade não quero saber.)
Felizmente, horas depois, o mundo não acabou. Ronaldo já não ia para o City, mas para o United. O que significa isto, afinal? Tudo. Significa que ainda não se perdeu a força dos finais, o poder dos reencontros, dos abraços a quem há muito não se via - afinal o que nos faz andar para a frente a todos e achar que há sentido nisto (na vida, ou lá o que é). Há sempre outras coisas pelo meio, claro, entre as quais o dinheiro, o que se pode ter e pagar, mas enquanto não for apenas isso a mandar nem tudo estará ainda perdido. O tweet que Evra partilhou de uma conversa rápida com Ronaldo, na qual este lhe confidenciava que ia para o United - «vou para o nosso clube» - é tudo o que ainda nos resta destas emoções. Ver, por exemplo, Ronaldo virar costas a tudo e vir jogar para o Sporting é coisa que já não existe neste mundo. Ele já só pode, no máximo, largar tudo e ir para o United. Mas nesse largar tudo ainda há algo emocionante.