Só me preocupa o nível medíocre da minha equipa

OPINIÃO05.06.202004:00

Um pedido estranho

Vinha na capa da edição de 4ª feira deste jornal. Mas tive de ler duas vezes, antes de voltar a reler em duplicado: o Sr. Presidente da Liga anunciou que «aos jogadores só peço uma coisa: comam a relva!» A sério? Mesmo?

Baby Killers

Ese a segunda mais forte equipa da Alemanha - logo, por inerência e consequência, uma das mais competitivas de toda a Europa - utilizar como atacantes um inglês com 20 anos, um norueguês com 19 e um norte-americano com 17? Pois é, a realidade ultrapassa, uma e outra vez, a mais delirante das imaginações. Esse conjunto germânico, como se está mesmo a ver, é o Borussia Dortmund, pelo qual, aliás, alinha também o nosso Raphael Guerreiro. No passado, já há algumas épocas que acreditava ser este emblema correspondente a uma das equipas dotadas de melhor direcção desportiva em toda a Europa continental ou no Reino Unido. No presente, porém, já não penso assim. Porque não, não é, de todo, uma das melhores. É mesmo a melhor. O que é muito diferente porque faz toda diferença. A este propósito, se alguma dúvida sobrasse, o exemplo supra enunciado seria suficiente para rebater quaisquer putativos equívocos. Efectivamente, a verdade é que só um brilhante ourives saberia (es)colher Jadon Sancho, promover Geovanni Reyna e, para completar esta deslumbrante tiara de pedras preciosas, juntar-lhe o mais raro dos diamantes (Erling Haaland). Já voltaremos a este artista, mas antes, por dever de ofício, sinto-me obrigado a chamar a atenção para algo que nos atinge de forma plenamente inesperada. Refiro-me, muito concretamente, a esse fantástico jogador que é Reyna, nascido em Londres mas com dupla nacionalidade: americana e… portuguesa! Estou só a lembrar esta condição porque não me consta que alguma vez haja sido chamado para qualquer selecção nacional. Voltemos então aos números do jovem viking: começou a temporada ao serviço do Red Bull Salzburgo, tendo marcado 28 golos em 22 jogos. A meio da época transferiu-se para Dortmund, pelo qual já anotou 13 tentos em 14 desafios. E numa coisa chamada Liga dos Campeões marcou por 10 vezes em 8 ocasiões! Ainda não fez 19 anos e a tendência é clara: mais golos do que jogos…  
Sobra uma questão talvez incómoda mas com toda a certeza pertinente: para onde estavam a olhar os directores desportivos das mais ricas equipas do mundo? Não sei dizer. Mas sei que se custasse dez vezes mais haveria, obviamente, quem pagasse tal peço…

Cinco pontos desperdiçados

Esta semana, após 86 dias, o futebol voltou. Em 1874 foi pela primeira vez editado um livro de Julio Verne intitulado A Volta ao Mundo em 80 dias. Sempre são 6 dias a menos do que aqueles em que ficámos privados do nosso futebolzinho. E logo para abrir este torneio de clausura, mais uma derrota do meu FC Porto, tal como sucedera já com o Gil Vicente na primeira jornada da Liga. Mas esta segue-se ao empate em casa contra o Rio Ave. Isto para quem se diz pretender ser campeão. Facto é que recuperou de uma desvantagem de 7 pontos, mas só nas últimas duas partidas desperdiçou 5. Lamento muito, mas esta equipa não tem, definitivamente, categoria suficiente para ser parte da estirpe que orgulha o Dragão. Sim, é certo que o Benfica também não estava nada bem quando se deu a interrupção. Mas o que me preocupa não são as águias. Nem as arbitragens. Nem as sortes. É só uma pequena coisa: o nível medíocre da minha equipa.

Entrevista imaginária

- Acredita que os atletas polares adoram mesmo o frio?
- Talvez. Já quanto aos bipolares, umas vezes sim e outras não.