Saber planear é uma virtude!
O futebol não merece o futebol que os mais ricos e poderosos querem!
O futebol precisa de se manter como um desafio clássico. Só porque alguns lóbis pretendem na UEFA competições mais rentáveis, pode acontecer que os campeonatos nacionais sejam totalmente prejudicados. A ser aprovada a Super Champions, que os presidentes da UEFA e da Juventus querem e representam um desejo dos clubes ditos mais poderosos, o futebol europeu sofrerá grandes mudanças. Redução do número de clubes nas ligas principais (com consequências desastrosas para a modalidade), renegociação de contratos com as operadoras de transmissões televisivas (diminuição de largas dezenas de jogos), falência de alguns clubes, fim do fair play financeiro (que dá maior poder aos mais ricos), menos ofertas de trabalho para jogadores e treinadores e épocas mais curtas, logo menos receitas. No fundo, a questão principal é a concretização de um sonho antigo que começou por se designar como Super Liga Europeia e agora, com algumas pequenas mudanças, poderá passar a designar-se como Super Champions. Afinal, as decisões são tomadas em liberdade ou com pressões muito fortes? O futebol europeu tem a palavra decisiva! Desse modo, nunca mais poderemos ver David a vencer Golias, porque nos finais só existirão Golias. Não é esse futebol que o FUTEBOL quer. Há erros que podem ter efeitos desastrosos e irremediáveis…
CHAMPIONS
N A primeira mão, FC Porto perdeu com o Chelsea por 0-2 (jogando em casa). Azuis e brancos entraram confiantes para vencer a eliminatória. Chelsea tentou equilibrar o jogo mas FC Porto foi superior, controlando a posse, pressionando alto, circulando a bola com determinação, criando oportunidades de golo, desperdiçadas. Com menos ansiedade o resultado seria diferente. Dois lances infelizes, um em cada parte, permitiram ao Chelsea um resultado enganador: 0-2. FC Porto teve inúmeras oportunidades que não conseguiu aproveitar. A um Chelsea com poder físico, o FC Porto contrapôs a qualidade do jogo, com dinâmicas envolventes para tentar superar o adversário: confiança e concentração. Arbitragem boa na primeira parte e muito diferente no segundo tempo, com decisões erradas contra o FC Porto.
Na segunda mão, jogando fora a tarefa era imensa. FC Porto entrou com intensidade, jogando no campo do adversário com pressão alta. Até aos 16’, o jogo desenrolou-se no meio-campo do Chelsea. Os dragões acreditaram sempre que era possível. FC Porto foi melhor, mais ousado, lutador e após as substituições conseguiu vencer o jogo, com um golo excecional de Taremi, que tinha entrado um pouco antes. Vencer o Chelsea é prestígio internacional tanto mais que o adversário revelou receio fundamentado. Perder tempo e reduzir a velocidade são estratégias de equipas que não querem perder. FC Porto, além da vitória escassa (que poderia ter sido mais ampla), apesar de eliminado por lances infelizes no jogo da primeira mão, provou que é uma equipa da Champions.
LIGA
O Portimonense, moralizado pelo resultado da jornada anterior, venceu Vitória de Guimarães com resultado alargado 3-0, deixando vimaranenses em fase menos confiante. O Marítimo venceu pela margem mínima o Farense que, apesar de revelar qualidade, continua em posição de risco para a manutenção. No Bessa, decorreu um jogo com marcador sempre a mudar até aos 3-3 com Boavista reduzido a 10 quando o resultado era 2-1 com Rio Ave e com um final turbulento, com responsabilidades também da arbitragem. O Tondela defrontou o FCP e o campeão nacional controlou o jogo, venceu para 2-0 para se concentrar na jornada europeia. O Paços de Ferreira recebeu o Benfica, cedo perdeu Eustáquio por expulsão do VAR (árbitro tinha mostrado amarelo) e a partir daí o Benfica teve um passeio tranquilo e muitos golos, mesmo sem penáltis. O Gil Vicente vinha de uma fase vitoriosa mas foi vencido, em Barcelos, pelo Moreirense: 1-2. O Santa Clara, após exibição de qualidade no Dragão, mesmo perdendo, recebeu e venceu o Nacional com goleada, subindo na classificação. O Braga, equipa com menos empates, recebeu Belenenses SAD, equipa com mais empates, e o jogo terminou empatado a uma bola. O Sporting marcou cedo, o Famalicão no minuto seguinte igualou com personalidade e organização e o Sporting não conseguir ligar-se com eficácia obtendo o segundo empate sucessivo; no fim do jogo, Rúben Amorim dirigiu-se aos árbitros e foi-lhe exibido o cartão vermelho. A partir de agora, as emoções serão mais complexas.
FUTURO HOJE
A Federação Inglesa (FA) divulgou investimento de 210 milhões de euros para o futebol de base. Com plano para quatro anos, a FA pretende atingir 14 milhões de praticantes dos escalões de formação. Recentemente, a FA levantou restrições à prática desportiva ao ar livre como resposta à pandemia, acrescentando as orientações para recuperar a formação e superar as consequências. Vão investir 210 milhões de euros, durante quatro anos. Além de procurar o regresso dos praticantes, a FA pretende ir mais longe e captar mais praticantes jovens, com melhores condições de treino. A interrupção da prática desportiva teve consequências graves. Por outro lado, foi realizado um estudo do futebol de base que revela um impacto social e económico de cerca de 12 milhões de euros por ano (9 milhões diretos e 1,9 milhões nas poupanças com a saúde). O projeto inglês pretende reduzir substancialmente o abandono dos jovens futebolistas (em cerca de 25%), investir no futebol feminino jovem nas escolas primárias e secundárias, também com a construção de mais 5 mil campos de qualidade pelo país.
Portugal, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também anunciou apoios de 65 milhões de euros para esse setor, dos quais 30 milhões, a fundo perdido, para apoiar a retoma da atividade desportiva, 5 milhões para reforço de programas existentes destinados a infraestruturas e os outros 30 milhões de euros na forma de linha de crédito para as federações com estatuto de utilidade pública.
A questão é saber o que vai acontecer e depois fazer as respetivas comparações. Porque de palavras ocas, Portugal está farto!
EVIDÊNCIAS
F ERNANDO SANTOS... «Para bem do futebol...»! O selecionador alertou para as condições da qualificação para o Mundial de 2022, com jogos muito concentrados em poucos dias. Abordou as dificuldades das concentrações em períodos curtos mas espaçados. Afirmou que o tempo não permite mais do que um «treininho» com intervalos reduzidos para recuperar. Valorizou a exigência mental e a intensidade de concentração, porque os jogadores não são máquinas. Falou da importância de um futebol de qualidade. É urgente encontrar as melhores soluções, pois os jogadores chegam aos clubes cansados e não podem parar. Gerir a recuperação dos atletas é complexo, assim como motivar o coletivo para manter organização, com total empenho. A qualidade técnica dos jogadores de seleção é muito elevada mas não é suficiente, é preciso equilibrar a equipa, criar dinâmicas de confiança, dar o máximo. Ouvir e cantar o Hino nacional é motivante mas faltam sempre 90 minutos onde tudo se pode decidir num pormenor e, para isso, é necessário saber construir uma identidade forte.
REMATE FINAL
Numa recente entrevista a A BOLA, o Dr. Gilberto Madaíl falou do aparecimento do VAR: «Duvida-se do próprio VAR ou o VAR faz com que se duvide dele. Enquanto não se encontrar uma forma de ultrapassar esta desconfiança… É tudo um problema de desconfiança permanente. O que o futebol português hoje tem é muito difícil de ultrapassar. Só com boa vontade de todos os agentes desportivos se pode ultrapassar. Não é por regras. É pela boa vontade. Que as pessoas tomem como exemplo o que se passa noutras ligas. Por exemplo, na Inglaterra, em que os jogos se limitam a ser jogos. Não há antes do jogo e depois do jogo. Como na Alemanha, a mesma coisa. É uma questão de mentalidade e de evolução. Quando houver bom senso o futebol português vai melhorar imediatamente».
Parabéns a AJM/FC Porto por mais título nacional no voleibol feminino.