Réus há muitos

OPINIÃO19.11.202105:50

Ninguém perde sozinho - nem na Seleção; Daniel Alves, 38 anos; e o dragão no feminino?

1. Campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações, obras-primas que garantem ao engenheiro o estatuto de melhor selecionador da história do nosso futebol, Fernando Santos vive momento penoso ao leme de uma Seleção que poucas vezes jogou bonito e que agora nem sequer joga bem. Notam-se sinais de fim de ciclo, as partidas ante Irlanda e Sérvia mostraram que os problemas não são só táticos e estratégicos - falta uma ideia de jogo adequada ao perfil de uma geração habituada a ditar leis nos clubes. Se a responsabilidade do selecionador nestes maus resultados é notória e por ele assumida, qual a quota-parte de culpa dos jogadores sobretudo naquela noite miserável na Luz? A protagonistas daquela qualidade exige-se que sejam capazes de trocar a bola no meio-campo adversário, que consigam sair a jogar do guarda-redes com segurança, que revelem personalidade quando as dificuldades aumentam, que sejam matreiros para queimar tempo ao cair do pano... Em suma:  Fernando Santos não pode ser o único réu neste processo. Os jogadores, Ronaldo à cabeça, têm de dar a cara, no caso de CR7 assumir o papel de líder que lhe permite, por exemplo, monopolizar a marcação de livres. Não basta dizer para falarem com o Carlos, como em 2010, ou esbracejar em campo com o selecionador para português ver. Na hora das derrotas há atitudes que também valem Bolas de Ouro.

2. Aos 38 anos, após passagem pelo S. Paulo a jogar no meio-campo, Daniel Alves interrompeu a pré-reforma e voltou ao Barcelona para reforçar um balneário órfão de Messi e de jogadores habituados a ganhar. O drama de Xavi, revelador do estado atual dos blaugrana, é que poderá ter de utilizar o lateral-direito por não dispor de melhor.  

3. Benfica e Sporting impulsionaram o futebol feminino para outro patamar - estranha-se cada vez mais que o FC Porto não dê igualmente um passo em frente...