Repentes da FIFA

OPINIÃO27.10.202107:00

Futebol não pode ser encarado como um impulso mas antes como património da Humanidade e tratado com muito cuidado

Opresidente da FIFA deseja um Mundial em 2030 organizado por países árabes. A escolha do Catar já está esquecida? Apresentou essa ideia, como inspiração, numa conferência em Jerusalém.
Sugeriu a organização conjunta do Mundial-2030 e transmitiu a ideia ao governo de Israel e de alguns países árabes.
«Confirmo que o presidente da FIFA lançou a ideia de que Israel poderia sediar o Campeonato do Mundo de 2030 com outros países da região, liderados pelos Emirados Árabes Unidos» afirmou o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett.
Na conferência organizada pelo jornal Jerusalem Post, Infantino defendeu que o Mundial tem a «capacidade e a magia de unir as pessoas». Depois teceu considerações sobre a vantagem da organização conjunta e apresentou o seu sonho de um Mundial em Israel. Afinal, serve qualquer Mundial (sénior, júnior, masculino ou feminino!).
Em 2020, países como os Emirados Árabes Unidos, Barém, Sudão e Marrocos normalizaram as suas relações políticas com Israel. «A FIFA quer colocar o futebol ao serviço da sociedade, para fazer a diferença, dando a sua contribuição sempre que possível, para a paz e a estabilidade na região», concluiu.
Utilizar o futebol para manter a estabilidade e paz na região é estratégia que merece reflexão profunda, para não haver recuos com complexidades evitáveis. Recordemos que no caso da Superliga Europeia, Gianni Infantino começou por apoiar e depois os ventos levaram os sonhos para a terra de ninguém. Há vários anos, o futebol esteve prestes a ser considerado como alternativa para o Prémio Nobel da Paz e acabou por ficar somente como fogacho sem rastilho.
O futebol não pode ser encarado como impulso mas antes como património da Humanidade e tratado com muito cuidado. Depois de Blatter, veio Infantino… e como será o futuro?
 

Gianni Infantino sugeriu organização de Mundial em Israel e nos países vizinhos árabes


PROVAS INTERNACIONAIS

Champions 

N O Grupo E, o Benfica defrontou, na Luz, o Bayern, num jogo intensamente disputado e equilibrado. Pressão muito forte das duas equipas e a luta a meio-campo foi constante. A equipa germânica manteve o controlo do corredor central e uma organização eficiente. Um livre direto aos 70’ deu origem ao primeiro golo dos alemães. A partir daí, o jogo desequilibrou-se e o Bayern em cinco minutos (80’, 82’ e 85’) alcançou um resultado dilatado.

Liga Europa

N O grupo F, o Ludogorets defrontou o Sporting de Braga e aos 7’ a equipa portuguesa vencia por 0-1, com um golo de Ricardo Horta, numa jogada ao primeiro toque. O SC Braga começou com organização e objectividade. Apesar da diferença de qualidade, a equipa búlgara aproveitou a menor intensidade dos bracarenses e, num jogo mais direto, foi avançando no terreno, criando algumas dificuldades que poderiam ser evitadas.


LIGA

DEPOIS da paragem para Seleções e Taça de Portugal, a Liga voltou. O FC Porto venceu em Tondela, começando a perder nos minutos iniciais. O Sporting, com o goleador Coates, conseguiu vencer o Moreirense. O Vitória derrotou o Marítimo em fase eleitoral. O Famalicão alcançou a primeira vitória na Liga. O Benfica foi a Vizela para ultrapassar pesadelo europeu e encontrou um grande adversário que só no último segundo sofreu o golo dos encarnados. No Paços de Ferreira-Arouca não houve golos. No duelo entre o quarto e o quinto, o Estoril levou a melhor. Depois da jornada europeia, o SC Braga foi a Barcelos vencer com um golo nos minutos iniciais. O Boavista  e o Belenenses SAD empataram sem golos. Só 14 golos em nove jogos deve merecer análise urgente


ERA UMA VEZ O NEWCASTLE

R ECENTEMENTE, Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, de acordo com a imprensa britânica, usou fundo de investimentos desse país para comprar o Newcastle, por um valor elevadíssimo, tornando o clube um dos financeiramente mais poderosos do futebol à escala global. Os adeptos ficaram contentes, porque a «injecção de muito capital» poderá ser um apoio decisivo. Que consequências poderão advir? Só o futuro esclarecerá. Essa compra do clube provocou um movimento de 18 clubes da Liga para travar esse investimento e proibir revogação dos contratos de patrocínio (só Newcastle votou contra e Manchester City se absteve. Essas duas equipas têm em comum o imenso capital árabe). Os clubes da Premier League vão criar um grupo para analisar o tema. A aquisição do Newcastle aconteceu após terem sido dadas garantias seguras de que o Estado saudita não assumiria o controlo do clube. Em relação aos novos donos do Newcastle levantam-se muitas dúvidas, incluindo as da Amnistia Internacional. A FIFA deverá solicitar investigação a entidades judiciais e clarificar a situação, antes que o futebol perca a sua dimensão e se transforme numa contradição.
 

RECONSTRUIR IDEIA ANTIGA

D EPOIS do impedimento muito divulgado e da posterior legalidade atribuída, anulando os castigos aos fundadores, surgem presidentes de clubes a pretender a reformulação. Ouvem-se vozes a realçar a qualidade do projeto Superliga Europeia, apenas discordando da execução apressada. Já há clubes a pensar em inovar processos e a promover apoios. O presidente do Barcelona divulgou que a administração da Superliga está a tratar do relançamento, com o apoio de uma empresa de marketing, para melhorar a imagem e o formato. Segundo a Der Spiegel, a Superliga pensa regressar com duas divisões, promoções e despromoções. Por mais iniciativas e promoção que façam, há sempre tantas dúvidas não esclarecidas, que aparentam uma mão cheia de nada…. Curiosamente fica a ideia de unir clubes com graves problemas financeiros, com o objectivo de conseguirem superar obstáculos complexos. O que move os presidentes desses clubes?


ARSÈNE WENGER

Aexperiência é boa conselheira, mas tem limites. Quando se começam a confundir alternativas com ideias cuja finalidade tem objectivo (criar condições para um Mundial ou Competição Continental de dois em dois anos, no final de cada época) convém manter uma visão alargada. Não basta liderar um gabinete desenvolvimento do futebol para alterar o calendário internacional e reduzir qualificações, para tentar conseguir essas provas internacionais, todos os anos. O senhor Wenger considera fácil acrescentar esses torneios internacionais, desde que se reduzam as qualificações, e até garantir tempo de repouso de três semanas para os jogadores que disputem essas competições. Nunca se mexeu tanto com o futebol como agora (seja no formato, nos calendários e nas regras), depois de tanta estabilidade, surgindo um ciclone de reformulação! Numa análise cuidada, podem descortinar-se diversas razões, embora algumas pareçam obsessões ou dependências...


REMATE FINAL

— Filipa Martins, a ginasta do Acro Clube da Maia, é a primeira portuguesa a alcançar o 7.º lugar no ‘all-around’, um Diploma e a obter o 8.º lugar na final de aparelhos (paralelas assimétricas), no Campeonato Mundial de Ginástica Artística, em Kitakyushu, Japão.

— Ricardinho, considerado o melhor jogador de futsal do Mundo de todos os tempos, representando a nossa Seleção, ajudou a conquistar o último campeonato Mundial, partilhou na imprensa que estava a passar uma fase de grande desgaste psicológico, com uma lesão que lhe limitava o desempenho, só conseguindo continuar porque conseguiu aceitar a situação e adaptar-se, o que lhe permitiu contribuir para esse título Mundial, afirmou: «Este ano foi muito difícil para mim (…) cada dia era um sofrimento. Dediquei-me tanto a isto que me esqueci do resto e agora o corpo ressente-se.»

— Em 2020, por motivo da pandemia do Covid-19, foi decidido não atribuir o troféu Bola de Ouro. A concordância generalizada apoiava a escolha do avançado polaco do Bayern, Robert Lewandowski, que, nesse ano, recebeu o Prémio UEFA.

— O jovem Ansu Fati renovou recentemente o seu contrato com o Barcelona. Recusou várias propostas milionárias (segundo o ‘Daily Mail’, do Manchester United, PSG e Liverpool) para se manter no clube espanhol. Jovem com prioridades definidas é sempre um bom exemplo. O Barcelona respondeu ao ‘mercado’ com a fixação da cláusula de rescisão em mil milhões de euros.

— Florentino Pérez deu públicos indícios de eventual contratação (em janeiro) de Kylian Mbappé ao PSG. O diretor desportivo do PSG comentou a falta de «elegância» do presidente do Real Madrid. É muito importante saber sair a tempo, com a máxima dignidade e ‘fair play’.