‘Ranking’ da UEFA

OPINIÃO15.09.202107:00

Uma das grandes tarefas do futebol português, nesta Champions, é conseguir o maior número de pontos possíveis

EM função dos resultados obtidos pelos clubes de cada país nas competições europeias, Portugal está em 5.º lugar, perseguido pela França. Esta época, com a Conference League, tivemos oportunidade de reforçar posição, contudo o afastamento no play-off do Santa Clara e do Paços de Ferreira veio prejudicar um pouco. A França, em 6.º lugar, procura reduzir a nossa vantagem, apesar da desigualdade de número de clubes nas competições europeias (4 portugueses e 6 franceses em prova). Portugal poderá conseguir superar esse défice com excelentes desempenhos, onde reside a nossa esperança. Está em jogo a possibilidade do nosso país conseguir colocar, com acesso direto à fase de grupos, três equipas portuguesas no novo modelo da Champions que vai ser aplicado em 2024/2025. Por isso, temos de contribuir para um campeonato com exigência e rigor na calendarização, para se conseguir manter esse 5.º lugar.
 

LIGA

OClássico apresentou condições desiguais a anteceder o jogo. O FC Porto teve 11 jogadores utilizados nas respetivas seleções, alguns com deslocações superiores a 223 mil km, incluindo voos de cerca de 13 horas, muito diferente dos três jogadores do Sporting que acumularam viagens de cerca de 55 mil km. A polémica dos bilhetes (para os adeptos portistas unicamente para a zona especial exclusiva para portadores de cartão de adepto) era desnecessária: uma recomendação da Liga não é uma obrigação! Mas vamos ao jogo: o Sporting empatou com o FC Porto num jogo disputado com entusiasmo, demasiada agressividade, sem grande qualidade e com muitas perdas de bola, muitas faltas e cartões (12 amarelos e 1 vermelho) e muitas paragens. O Paços de Ferreira empatou com o Braga, num jogo equilibrado, com sinal mais do visitado, desperdício de oportunidades do visitante e com a experiência de cooperação luso-francesa de equipas de arbitragem, com início auspicioso (bom ritmo, critérios uniformes, sem perdas de tempo e posicionamentos adequados). O Santa Clara começou bem, mas acabou goleado em casa, pelo Benfica. O V. Guimarães sofreu duas expulsões (aos 10’ e aos 59’) e mesmo assim, apesar do Belenenses SAD ter criado oportunidades, o Vitória foi mais perigoso: empate a zero de 9 contra 11. O Moreirense marcou de grande penalidade e o Famalicão empatou; no segundo tempo, Famalicão marcou o segundo golo e o Moreirense empatou. O Gil Vicente lutou até ao fim para evitar a derrota perante o Vizela, num jogo intenso, com o visitante mais eficiente e a quem o VAR anulou um golo por 1 cm nas linhas de fora-de-jogo! O Tondela perdeu com o Estoril. O Boavista esteve a perder com o Portimonense, equipa mais organizada, mas lutou até ao fim e conseguiu o empate. O Marítimo e o Arouca empataram a dois golos.
 

Francês Willy Delajod apitou o Paços de Ferreira-SC Braga. Uma experiência positiva


INOVAÇÃO PARA ANALISAR

Ojogo entre o Paços de Ferreira e o Braga, relativo à quinta jornada, foi dirigido pelo árbitro francês Willy Delajod, jovem de 28 anos com estatuto internacional, e a sua equipa completa. Apesar da idade, já possui experiência considerável, incluindo na principal Liga francesa, na Champions e Liga Europa. Foi o primeiro árbitro a utilizar o protocolo federativo de arbitragem luso-francês, para colaboração mútua de reforço de experiência internacional. Uma boa aposta para a evolução da arbitragem.
 

CHAMPIONS

UMA das grandes tarefas do futebol português, nesta Champions, é conseguir o maior número de pontos possíveis para mantermos a posição no ranking europeu. No grupo E, o Dínamo Kiev foi dominado completamente pelo Benfica e só no fim criou lance de perigo, mas VAR não validou o golo.
 

RECONHECER

EM Istambul, ocorreu a entrega do Prémio Presidente da UEFA. Distinção entregue à equipa médica que salvou o dinamarquês Eriksen, no jogo com a Finlândia para o Europeu, com aplauso geral para os médicos que venceram a luta contra a tragédia. Para além dos oito médicos, fisioterapeutas e paramédicos envolvidos, foi também integrado o capitão de equipa da Dinamarca, Kjaer, que mobilizou os jogadores para criar um cordão humano para proteger a imagem pública de Eriksen durante as manobras de reanimação no relvado. Talvez a organização do Euro, com alguns equívocos infelizes, devesse ter adiado o jogo, evitando um desgaste emocional enorme da seleção da Dinamarca, que ficou sem condições psicológicas para continuar: os jogadores foram heróis mesmo sem ter vencido, porque não tiveram outra hipótese. A UEFA terá apresentado três opções: jogar imediatamente e concluir os restantes 50 minutos que faltavam disputar; recomeçar a partida ao meio-dia de domingo; abandonar o jogo e perder 0-3. O selecionador dinamarquês, na conferência de imprensa depois do jogo, lamentou que os jogadores tivessem de entrar em campo outra vez naquele dia. Transparência é essencial.
 

PREVENÇÃO

Odesporto, como a vida, pressupõe cuidados, hábitos e acompanhamentos a vários níveis. Não se controlam impossibilidades mas podem-se prever e reverter situações complexas. Por vezes acontecem momentos trágicos. A obrigatoriedade de existir um desfibrilador automático externo em espaços desportivos e de pessoas devidamente certificadas na sua utilização célere permite um apoio urgente que pode salvar vidas. Todos sabemos que há momentos imprevisíveis, difíceis e até impossíveis de reverter. Sendo o futebol um universo de descobertas e investigações, os cientistas concluíram também que o treino com pesos reforça o funcionamento das células e acelera o processo de queimar gordura. Os músculos dos atletas, depois da exercitação com pesos, dão origem à libertação de pequenas bolhas de material genético que podem ser transportadas para as células de gordura e provocar perda de peso. Treinar com pesos ajuda a desenvolver os músculos, mas também a saber que esses exercícios reduzem a massa gorda, aumentando a capacidade dos jogadores. Cada vez mais, o contributo da ciência é indispensável para a evolução do treino, em todas as áreas.
 

REMATE FINAL

— O próximo desafio já começa a ser anunciado, com tempo e estratégia: A FIFA pretende alterar a periodização dos Mundiais, para ocorrerem de 2 em 2 anos, desvalorizando as competições nacionais, os Campeonatos Europeus, outras provas internacionais, inclusivamente criando problemas aos Jogos Olímpicos e sobrecarregando calendários competitivos. Depois do inicial apoio discreto à Superliga pela FIFA (muitas dúvidas ficaram), a UEFA, através do seu presidente, afirmou: «O futebol não é para venda.» Infantino e Ceferin vão disputar um novo jogo de desentendimentos: comercialismo livre ou salvaguarda do futebol? Os próximos capítulos vão marcar o futuro.

— O presidente da La Liga afirmou: «Os clubes-estado são tão perigosos para o ecossistema do futebol como a Superliga e somos igualmente críticos do PSG. Perdas superiores a 300 milhões de euros com a pandemia, menos de 40% de receitas televisivas em França e mais de 500 milhões em salários? Insustentável!». Espanha gastou em contratações cerca de 293 milhões de euros, os franceses investiram 377 milhões, os alemães 416 milhões, os italianos 550 milhões e os ingleses 1346 milhões. Para onde te querem levar, futebol?

— O empresário John Textor volta à carga revelando o acordo de compra de 25% das ações da SAD do Benfica ao empresário José António dos Santos, o maior acionista privado, pelo valor de 50 milhões de euros. Esse investidor norte-americano acredita que se trata de um excelente negócio para o clube, para a nossa Liga e para Portugal. Exige-se total transparência!

— Cristiano regressou ao Manchester, marcou dois golos na vitória sobre o Newcastle por 4-1, e ainda um golaço de Bruno Fernandes.

— No domingo passado, José Mourinho dirigiu o milésimo jogo como treinador principal, no confronto entre a Roma e o Sassuolo, no Olímpico da capital italiana: assinalar esse feito com mais uma vitória é uma marca inesquecível para a história.

— Três momentos muito tristes: o falecimento do antigo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, de João Aranha, o primeiro presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que desempenhou funções entre 1978 e 1980, e o dia 11 de Setembro, uma data lamentável que marcou para sempre a Humanidade.