Quarta Registada: Sporting sob pressão
Num ápice, em certos círculos, o campeão deixou de ser a equipa espetacular e de ter a SAD das incursões cirúrgicas no mercado, para passar a ser a maior dúvida do futebol português...
Esfreguem as mãos de contentamento: o futebol está de volta. Em ano ímpar o verão custa menos a passar, porque é de Campeonato Europeu ou Mundial, em ano bissexto os Jogos Olímpicos também nos atenuam a falta da competição desportiva na época estival, mas são as emoções do campeonato que voltam a preencher os nossos dias e tudo passa a ser diferente: no nosso íntimo de adeptos, sofredores e entusiastas; nas nossas casas; nos trabalhos onde voltam a surgir as discussões, as glórias e as ressacas de segunda-feira, as brincadeiras com os colegas.
Esfreguem as mão de preocupação: num ápice, o Sporting deixou de ganhar a Supertaça e vincar estatuto de candidato maior, conferido pelas credenciais de campeão nacional que lhe estão estampadas na camisola, para se tornar na equipa mais pressionada na 1.ª jornada da Liga — sexta-feira, às 20.15 horas, Alvalade abre o campeonato com a receção leonina ao Rio Ave. Num ápice, a euforia de um 3-0 ao FC Porto aos 24 minutos passou para a depressão de um 3-4 no final dos 120 minutos que se jogaram no Municipal de Aveiro. Num ápice, em certos círculos, o campeão nacional deixou de ser a equipa espetacular de processos solidificados e estabilizados na pré-época, de ter a SAD das incursões cirúrgicas e acertadas no mercado, para passar a ser a maior dúvida do futebol português — esfreguem as mãos para a bipolaridade que o futebol nos reserva, do céu ao inferno ou do inferno ao céu numa hora e meia (duas horas neste caso).
Mas a verdade é que os leões passam mesmo a ser a equipa que nesta 1.ª jornada mais tem a perder: se ganhar ao Rio Ave cumpre o que se espera, se não ganhar tudo passa a ser posto em causa. Mesmo que de grande exagero se trate, bastará um empate para cair o céu sobre Alvalade; para se colocar em causa as contratações; para se aumentar a urgência de resolver os dossiês em falta — sobretudo a do avançado.
O Sporting passou a ser a equipa que mais está proibida de falhar no arranque. E se isso é válido dentro de campo, também o é para fora dele. Depois da Supertaça já se colocam dúvidas sobre o novo guarda-redes Vladan Kovacevic e sobre o novo central Zeno Debast — como se não bastasse a reviravolta consentida, foram os dois reforços apresentados a comprometerem em três dos quatro golos azuis e brancos. Por isso, o avançado tem de chegar e mostrar que pode ser não apenas substituto de Gyokeres como complemento do sueco — e se for Ioannidis, tamanha e tão longa a novela, então passa a ser também o mais pressionado jogador da Liga, até pelo valor que pode obrigar a investir…
Esfreguem as mãos não apenas para apressar a sexta-feira mas antes logo a quinta e ouvir Rúben Amorim voltar a explicar a derrota na Supertaça, a lançar a 1.ª jornada e a defender os seus — e talvez a assumir também algum equívoco que no sábado à noite tenha contribuído para que o campeão nacional esteja agora mais pressionado do que os outros, é que não foi a derrota, antes a forma como ela aconteceu.
SELO DE GOLO
Patrícia Sampaio — Em plenos Jogos Olímpicos o selo de golo só pode ir para Patrícia Sampaio. A judoca de Tomar conseguir o bronze, até agora a única medalha portuguesa em Paris e, infelizmente, não serão muitas mais. Pedro Pablo Pichardo e Fernado Pimenta são a maior esperança nacional, talvez até para o ouro.