Voo de Quenda, proteção divina e aproveitar ao máximo Gyokeres (enquanto o tem): tudo o que disse Rui Borges

Treinador quer alcançar terceira vitória consecutiva e terminar ciclo antes da paragem para os compromissos das seleções na liderança. Em conferência de imprensa abordou saída de Quenda, a ascenção de Harder e a evolução de Pedro Gonçalves

- O Famalicão é um adversário que, tradicionalmente, causa problemas aos grandes. Como vai contrariar este adversário para terminar ciclo com três vitórias consecutivas?

- Não olho para ciclos. É importante ir para a pausa com mais uma vitória, dar seguimento a esta fase de crescimento ao nível físico e de confiança. Ganhámos três jogos, mas amanhã vamos ter um encontro difícil, com um bom coletivo. É uma equipa que nos tem habitado a bons jogadores individualmente e, nesta fase, não foge a isso. O Famalicão nos últimos sete jogos sofreu apenas dois golos e tem uma derrota, isso dita bem o que vamos encontrar amanhã. Tem jogadores com qualidade no último terço, bons no meio-campo, uma boa linha defensiva, é uma boa equipa e temos de estar pré-avisados, sem fugir ao nosso foco e ao nosso rigor. Temos de olhar para o que somos e dar continuidade a isso, para acabar esta fase, como dizem, com mais uma vitória porque os campeões não podem estar felizes por ganhar três jogos seguidos, têm de ganhar sempre o próximo.

- Está a ser noticiada a saída de Quenda para o Chelsea. Pode confirmar?

- É um miúdo que, pelo que tem feito, com um crescimento tão rápido, é natural que falem dele para grandes clubes. Há 15 dias também se falou na saída. Ele terá de saber conviver com isso, porque acredito que possa mexer com a parte mental. Em relação ao negócio de que se fala não me posso alongar muito, porque também não sei nada, só do que li nas notícias. Até o clube dar essa garantia, não posso falar, porque também não sei.

- Já falou com o Quenda sobre a saída? Qual o estado de espírito do jogador? Foi agora divulgada a convocatória da Seleção Nacional e é um dos eleitos.

- Não falei especificamente disso. É algo com que ele tem de saber conviver, tem tido um crescimento rápido, às vezes esquecemo-nos de que ele tem apenas 17 anos. É natural que vão falar dele, vão ligá-lo a muitos clubes, isso fará parte do seu crescimento. Vai mexer em termos mentais, mas ele tem de saber conviver com isso. Fico mais feliz com a chamada à Seleção porque é um garoto que está a jogar com os ídolos dele. Que vá com o sentimento de aprendizagem, de crescimento, com ambição de jogar, integrado no grupo da Seleção. Só estar lá já é uma felicidade enorme. Se jogar cinco ou noventa minutos ficará feliz, se não jogar tem de estar feliz por estar num grupo com tanta qualidade como a Seleção.

- Tem garantias por parte da Direção que isto não será o início de um desmantelamento deste plantel?

- Não! Até porque pela notícia que se fala ele fica mais um ano. Mas, estou focado no agora, depois a seu tempo decidiremos a próxima época, com mais calma. Acredito que grande parte do plantel ficará. Estou focado no que eles poderão fazer até ao final da época para sermos campeões.

- O presidente Frederico Varandas disse, numa intervenção pública, que viriam aí semanas difíceis e depois chegariam os pesos-pesados, acredita que nesta pausa de seleções consegue recuperar fisicamente a equipa?

- É uma paragem ingrata para quem trabalha com jogadores de seleção, e acaba por ser ingrato para mim porque vamos ter mais de meia equipa nas seleções e os jogadores da equipa B também estarão a representar os sub-21, 20 e 19. Não conseguimos ganhar grande tempo em termos de trabalho, naquilo que é ganhar comportamentos porque não vamos ter muita gente para o fazer, mas faz parte do que é trabalhar no Sporting. No que diz respeito ao descanso, nessa parte sim, será benéfico. Mas é seguir o caminho, há que olhar para as coisas positivas e ver chegar mais gente que estava indisponível. Quem está para regressar? O Morita, o Edu [Eudardo Quaresma], o St. Juste, possivelmente voltará nesta paragem. Tudo isso é positivo, são jogadores importante para termos o grupo mais completo e com mais opções.

- Ainda em relação à saída de Quenda, falasse num negócio a rondar os 50 milhões de euros, considera um valor baixo?

- Sou treinador, não trabalho em bolsas nem em valores. Isso é para quem gere o clube, não para mim. O Quenda é um miúdo fora do normal, estou feliz por contar com ele. Ele está feliz, quer melhorar de dia para dia, isso é o que me foca nele ou noutro jogador do plantel.

- Olhando para o jogo com o Famalicão vai usar Debast na linha defensiva ou intermédia?

- É um jogador que dá-me as duas soluções, não vou especificar onde é que ele vai jogar. Estou muito feliz pelo que tem dado como centro-campista e como defesa-central. Ganhámos um médio, mas onde quer que jogue estou confiante no que dará à equipa. Torna a equipa mais forte.

- Morita está preparado para fazer 90 minutos? O Sporting está em contacto com a federação japonesa para, de alguma forma, ser feito algum tipo de gestão do jogador? É um jogador que você aprecia muito, está para renovar?

- Foi um jogador que elogiei mesmo antes de ser treinador do Sporting. É um jogador diferenciado. Quanto ao futuro, quererei contar com ele, com toda a certeza, até porque tem contrato com o clube, pelo menos, por mais um ano. É um jogador que admiramos muito. Em relação ao tempo de utilização, é natural que possa não conseguir jogar os 90 minutos. Importa é estar disponível para o jogo, depois também depende daquilo que forem as ações do jogo, mais partido, com intervenções mais rápidas. Teremos de gerir o jogo dele para perceber durante quanto tempo pode dar resposta, tal como o Morten [Hjulmand].

- O regresso de Pedro Gonçalves à competição tem sido adiado. Tem alguma indicação de quando poderá voltar?

- O que posso dizer é que o Pote está a recuperar bem, num processo mais final. Tem começado a trabalhar aos poucos na relva, mais perto do regresso e espero contar com ele o mais breve possível, pela importância que tem tido na equipa. Quanto mais rápido melhor.

- Harder disse numa entrevista que chorou ao ser convocado para a Dinamarca. Como vê a importância dos objetivos pessoais para os jogadores a nível de representarem os seus países?

- Qualquer atleta, quando sonha ser jogador, o ponto máximo é representar o seu país. Era impossível o Harder não ficar feliz, como outro qualquer. Como disse do Quenda, mais do que estar preocupado com chegar à Seleção para jogar e ser titular, tem de estar feliz por representar a Seleção Nacional. Pela idade dele, por chegar tão cedo a uma seleção recheada de jogadores, tem de desfrutar do momento e estar feliz. Claro que preferia tê-los cá, mas compreendo a felicidade deles. É impossível dizer a um atleta para não representar a seleção, não pode haver maior felicidade do que representar milhares de pessoas.

- Falta uma pergunta sobre Gyokeres, para não fugir à regra. Está preparado para perder o jogador?

- [Risos] Estou preparado para ele amanhã fazer mais golos. Não estou focado na próxima época, mas sim nestes dois meses e meio. O Viktor é importante para o Sporting e não é só de agora, já vem de trás. Estou feliz por poder contar com ele pelo que dá diariamente e, por isso, vamos aproveitar o máximo dele, Quando não estiver, arranjaremos outro Viktor ou outro Harder.

- É religioso? Vai rezar nesta pausa para as seleções para não haver mais lesões?

- Sim, sou católico. Vou de folga e vou parar em Fátima [risos]. Ficamos expectantes, por tudo o que têm sido estes últimos meses de infelicidades, para que todos venham disponíveis das seleções. O Morita tem 20 horas de viagem para lá e mais 20 para cá, com fusos horários... Ficamos na ansiedade de que venham todos disponíveis, mas temos de saber viver com isso, faz parte.

- Com uma semana de trabalho mais limpa o que se pode esperar do Sporting? Há algum jogador recuperado para o jogo com o Famalicão?

- As semanas têm sido um bocadinho mais limpas, dá para trabalhar mais alguma coisa, mas não pensem que vai aparecer outro Sporting de um jogo para outro. É bom ter semanas limpas, pela capacidade de gerirmos algum cansaço, algum descanso também, porque a sobrecarga era clara. O Eduardo Quaresma está disponível para este jogo, o St. Juste ainda não.