Qualificar com futuro

OPINIÃO20.04.202306:35

A primeira e importante alteração terá de ser a mudança do Conselho de Arbitragem

É também a imprevisibilidade que seduz, emociona e motiva, que leva muitos milhares de adeptos e não só, a sentirem alegrias, prostração e ansiedade. Quando as previsões se definiam, tudo se alterou na jornada seguinte. Regressaram as incertezas, os receios, a insatisfação da dúvida, nestas sete semanas finais do turbilhão emocional. A luta pela descida e pelo play-off está a ser muito disputada, porque existe uma ténue possibilidade de superação.

O acesso às provas europeias é outro universo. O início da época acrescentou razões várias, descuidos e erros de gestão, que cavaram o fosso que é muito difícil de vencer. No topo da classificação, tudo caminhava para um passeio tranquilo, com vitórias sem parar. Porém, inesperadamente, surgiram desequilíbrios que tornaram a luta pelo título uma tarefa imprevisível, à medida que o campeonato se aproxima do fim.

Aumentaram as falhas e a pressão sobre as equipas e os treinadores com efeitos incalculáveis. E se as decisões da arbitragem, por vezes, tiveram erros inaceitáveis, quando deveriam ter sido mais justas, nem o VAR conseguiu reconhecimento. O erro humano não se reduziu como era esperado e o famoso protocolo VAR para uniformizar decisões, nunca se manteve constante. Há falhas enormes que se repetem.

A primeira e importante alteração, terá de ser a mudança do Conselho de Arbitragem, para poder contribuir para colocar o futebol português nos lugares cimeiros da Europa. Depois, o Conselho de Disciplina, com decisões que deixam no ar erros de coerência, alguns de difícil entendimento, com prazos muito alargados, que podem constituir problemas, com influência em fases que nada tenham a ver com o tempo em que se aplicam, o que dá ideia de cirurgia penal. A transparência não se revela com entrevistas para reforçar ideias, nem com comunicados tardios e sem uniformidade, mas com a celeridade, justiça e profissionalismo imparcial, o mais breve possível. O nosso futebol tem características únicas, tem muito talento, que poderia ser mais aproveitado, na criação de uma escola nacional de formação de árbitros jovens, que progressivamente alimentaria uma bolsa de árbitros que se preparariam com muita qualidade, em idades fundamentais, para procurarem atingir os patamares mais elevados.

Há alguns juízes que não possuem as efetivas e imprescindíveis capacidades. Pretendemos os máximos e, por isso, árbitros que consigam acompanhar o jogo, num ritmo sem pausas e não com sucessivas paragens, para respirar. A FPF tem de ser um monumento de competência exemplar, com o qual todos os desportistas se sintam confortáveis pelas decisões.

Todos os clubes têm, de facto, de ser tratados da mesma forma e não apenas nos discursos. O que se passou com algumas questões de calendarização, esta época, pode ter estado na base de uma classificação infeliz para uns e que acabou por favorecer outros.

Finalmente, as distribuições de verbas pelos clubes têm de assentar numa plataforma clara, assim como na criação de uma bolsa para os que descem de divisão (usual nas ligas europeias mais evoluídas), para não se afundarem cada vez mais, como um destino irreversível, num universo de dificuldades que podem condenar ao seu fim.

Dispensamos enumerar os clubes que desceram e hoje são apenas lembranças. É urgente planear o futuro e não nos limitarmos a viver o dia a dia, o caso a caso: isso é apenas o passado.  Nunca ter a certeza do garantido, porque o futebol tem essa fantástica capacidade da imprevisibilidade. A Taça de Portugal é uma das marcas que também merece a máxima atenção, porque traz consigo muito de paixão e de criatividade.


UEFA

EM casa da Juventus, o Sporting revelou mais organização, mais intensidade e caráter. Jogou no meio campo do adversário, criando diversas oportunidades. A Juventus, com força, mas sem criar perigo, não conseguia controlar a surpresa do futebol leonino. A equipa italiana não conseguiu ligar setores e o Sporting foi muito superior e controlou o jogo, com Morita como maestro principal: grande exibição! As lesões obrigaram o Sporting a reforçar dinâmicas. Ao intervalo, o empate a zero era injusto para os leões.

Segunda parte recomeçou com Sporting intenso e dominador e italianos sem criatividade. Desperdício mútuo de oportunidades, os leões tiveram de recuar um pouco pela pressão italiana e com situações de golo não aproveitadas, a Juve, num lance muito infeliz do guarda-redes do Sporting, conseguiu o golo que valeu a vitória aos italianos.

O Sporting a jogar como fez em Itália, tem capacidade para superar, vencer e apurar-se para continuar: teve momentos de excelência. Criar uma mão cheia de oportunidades de golo e não concretizar alguma, foi o que aconteceu em Itália, porém, em Alvalade, poderá ser o inverso. Arbitragem de eleição, com a qual esperamos que os árbitros nacionais tenham aprendido uma grande lição.

Hoje, desejamos que o Sporting consiga superar a Juventus, no resultado das duas mãos, para se apurar para as meias finais da Liga Europa.


LIGA

CADA vez mais, com o avançar do tempo, os jogos decidem os futuros das equipas, potenciando emoções e ansiedades, por isso se tem de exigir arbitragens competentes, imparciais, sem prepotências nem erros inaceitáveis. O que está em jogo é demasiado importante e pode permitir a manutenção na principal Liga ou a descida aos infernos, com as consequências nefastas e de risco futuro.

FC Porto vai lutar até ao fim, como faz intensamente em todos os jogos, acreditando sempre até ao último segundo. Nada se conquista com discursos, mas apenas com entrega, esforço e competência. Sérgio Conceição é um exemplo de personalidade que nunca espera pela sorte, mas antes com a confiança de quem se prepara para todos os jogos. O FC Porto é mais do que uma excelente imagem dos últimos anos!

Essencialmente, trata-se de uma fusão de vontades e de uma entrega total para alcançar sempre os melhores resultados. Confiamos no Sérgio porque sabemos que, para ele, não há limites, apensas metas sucessivas a conquistar. Uma palavra de apoio a João Mário para que recupere rápido e completamente, porque irá regressar mais forte e com a raça e a técnica que o carateriza. O FC Porto, apesar de ter meia equipa em risco de exclusão, conseguiu uma vitória muito importante e sofrida, na receção ao Santa Clara, lutando todo o jogo com intensidade, permitindo aos dragões continuar a lutar pelo título. O Famalicão, também apurado para as meias finais da Taça de Portugal, venceu o Guimarães (em fase menos positiva) num jogo muito disputado, com rivalidade intensa. Estoril e Portimonense, tentaram fugir do risco da descida, mas a vitória sorriu aos de Portimão. O Marítimo deu um passo importante na fuga à despromoção, com uma vitória merecida, deixando o Paços de Ferreira nos lugares de descida.

O Benfica, inseguro, foi a Chaves para procurar estabilidade, mas o Chaves conseguiu vencer, marcando golo nos últimos momentos: terceira derrota seguida do Benfica, o que nunca é habitual.  Rio Ave e Casa Pia empataram com um golo cada. O Braga recebeu o Gil Vicente e venceu com um golo solitário. O Sporting, em Alvalade, começou a perder com   o surpreendente Arouca, mas conseguiram empatar com uma grande penalidade nos minutos finais. O Vizela, num excelente campeonato, recebeu o Boavista e o resultado foi um empate. 


CHAMPIONS

DEPOIS da derrota na Luz por 0-2, o Inter e o Benfica disputaram a segunda mão dos quartos de final, no Estádio San Siro, com italianos a começar a vencer, mas com resposta do Benfica que, até ao fim, lutou e conseguiu empatar (3-3). Inter segue para meias-finais.


REFLEXÃO

NOS momentos finais do campeonato, a arbitragem tem uma exigência decisiva. Essencial: árbitros com coerência uniforme perante lances idênticos e VAR com único protocolo, o mesmo rigor de observação factual, sem opiniões, mas antes com observações rigorosas, sem dúvidas. Caso contrário, o campeonato perde prestígio, torna-se fonte de polémica que subverte o nosso futebol. «Não pode haver dois pesos e duas medidas» afirmaram o treinador Sérgio Conceição e o administrador da FC Porto SAD, Vítor Baía, como frase que certamente todos apoiam. O futebol não se joga com régua e esquadro, mas antes com a magia do momento e a criatividade imparável, por isso continua a encantar gerações.

As visões catastróficas, por vezes são lamentáveis formas de pressão sobre arbitragem para se desculparem erros próprios. Destilar ódios e semear tempestades são estratégias que deveriam ser devidamente sancionadas.

No ranking da UEFA, por descuido sistemático, nunca se procurou superar os índices que definem os pontos para essa importante classificação. Por isso, sem dar nas vistas, progressivamente temos sido ultrapassados pelos Países Baixos (mesmo tendo nós algumas equipas mais fortes e com maior peso internacional).

O facto é que por cerca de 3,4 pontos, baixamos para o 7.º lugar, com as devidas consequências. Essa queda teve também origem na falta de análise sistemática do nosso futebol, suas carências e virtudes. Em Portugal há muitas faltas e muitas paragens; redução do tempo útil de jogo; muitas simulações; a percentagem de golos deveria ser maior, porque atrai mais público; estádios repletos e fair play sem conflitos; os constantes programas e publicações a abordar essencialmente não só o jogo e as suas potencialidades, mas também os adeptos que causam problemas e polémicas, por vezes com violência física. Será que alguém das entidades que gerem o nosso futebol, alguma vez, decidiu que precisamos de um observatório para defender o jogo e o país?  Na última jornada da Liga, a média de golos foi um pobre 2,1 golos por jogo. Pois…


REMATE FINAL

Sérgio Conceição atingiu na nossa Liga as 200 vitórias, com muito menos jogos do que todos os outros. No nosso país somente 8 treinadores atingiram esse valor. Conceição exige sempre máxima concentração, jogando sempre no limite: «Nós nunca desistimos!» afirmou Pepe. O presidente do FC Porto pretende manter, por mais anos, a continuidade de Sérgio… e os adeptos também.

O jogo do dia 15 de abril, no Estádio dos Barreiros, entre o Marítimo e o Paços de Ferreira, totalizou os 20 mil jogos do futebol profissional português (I Divisão/Liga) e teve como presenças, o presidente e a diretora executiva da Liga Portugal. Parabéns ao futebol e a todos os que contribuíram e contribuem para o seu prestígio.