Paris, 8 de Dezembro de 2020

OPINIÃO16.12.202003:00

O futebol sofreu uma derrota trágica. O jogo entre PSG e Basaksehir, na sexta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, foi interrompido aos 14 minutos, por invasão de campo do racismo.


O quarto árbitro ao comunicar ao árbitro principal a decisão de expulsar o treinador adjunto da equipa turca, após protesto por uma falta, identificou-o como «negro».
«O racismo é um crime contra a Humanidade. Estamos com o nosso representante Basaksehir», afirmou o ministro turco Mehmet Kasapoglu, num protesto em que se incluiu o presidente da Turquia, condenando as observações racistas sobre Pierre Webó.


Por decisão do presidente do clube, a equipa turca recusou-se a continuar o jogo caso o 4.º árbitro não fosse expulso. Os jogadores das duas equipas abandonaram o terreno: estiveram à altura que o momento exigia. Depois de interrompido, cerca de duas horas, foi decidido que o jogo se iniciaria no dia seguinte, a partir do momento em que foi suspenso. A formação e escolha de árbitros e decisores em geral implicam valores e competências que nunca podem ser desvalorizados. No dia seguinte, antes de se iniciar o tempo em falta por cumprir do jogo, jogadores de ambas equipas e a nova equipa de arbitragem ouviram o hino da Champions com um joelho no solo e uma mão cerrada, para simbolicamente reforçar a tarefa de derrotar o racismo.


Os comentários do universo do futebol foram praticamente unânimes, excepto os de quem não consegue pensar para além dos egos. Saibamos manter a dignidade e contribuir para erradicar um dos mais prolongados crimes da história humana, que ainda perdura, em todas as áreas.
Champions

O FC Porto é a única equipa apurada para os oitavos-de-final que não pertence às Big Five e a equipa nacional que mais vitórias alcançou na Champions.
No último jogo da fase de apuramento, Sérgio Conceição colocou equipa com 8 jogadores novos, que souberam manter o prestígio, qualidade, confiança e intensidade de jogo que o clube sempre manteve.


Vencer quatro jogos e não sofrer golos nos últimos cinco jogos é prova do valor da equipa e do modelo de jogo.


Desta vez, com mais estreias na prova, o FC Porto teve a mesma qualidade, garantindo futuro e dinâmicas imbatíveis. Comparando plantéis parece impossível, contudo há algo mais que faz a diferença: a liderança de Sérgio Conceição.


O sorteio dos oitavos-de-final já decidiu: FC Porto-Juventus. Eliminatória difícil, mas possível.


Sérgio Conceição é o único treinador português nesta prova. Uma publicação da UEFA destacou o FC Porto:


«A campanha pode ser resumida nestas palavras: deram a volta por cima de um desaire inicial para, no final, darem uma demonstração de classe.» Destacou ainda os contributos de alguns jogadores do clube: «O FC Porto alcançou o objetivo da qualificação, garantindo o segundo lugar do grupo (…) amealhou três triunfos consecutivos. Uma defesa sólida - com cinco jogos seguidos sem sofrer golos - aliada a dois médios inteligentes e trabalhadores, Sérgio Oliveira e Uribe, foi essencial, assim como a experiência de Corona e Otávio.»
Sobre Sérgio Conceição afirma: «Campeão por três vezes no FC Porto como jogador, o antigo extremo conseguiu conduzir o clube a mais dois títulos desde que regressou, em 2017.»

Liga Europa

SORTEIO dos jogos dos 16-avos-de-final da Liga Europa, para equipas com treinadores portugueses: Benfica-Arsenal, Braga-Roma, Maccabi Telavive-Shakthar Donetsk e Olympiakos-PSV!
Treinadores portugueses na Liga Europa: Jorge Jesus, Carlos Carvalhal e Paulo Fonseca num confronto direto, Luís Castro e Pedro Martins.
Com tanta qualidade no futebol, o que nos falta para atingirmos patamares mais elevados, com menor turbulência e sem casos lamentáveis: será organização, capacidade de diálogo, regulamentos transparentes e precisos? Ou também dirigentes com visão de futuro? Muitas felicidades para as eliminatórias.

A Taça

OSporting eliminou Paços de Ferreira com vitória folgada. Nesta competição não pode haver lugar para provocações e dependências de treinadores que menorizam os clubes que servem: trata-se da Festa do Futebol, uma competição única e essencial. FC Porto voltou a receber o Tondela, marcou cedo e sofreu empate precisamente nos mesmos minutos dos primeiros golos do anterior jogo para o campeonato (aos 4’ e aos 20’). O golo do Tondela ficou a dever-se a desatenção e falha individual na cobertura defensiva, fruto dos efeitos da densidade competitiva do FC Porto que marcou segundo golo após 4 minutos do golo do Tondela, numa resposta rápida, tendo criado mais oportunidades. Segundo tempo, Tondela procurou jogar mais à frente, mas FC Porto mantinha jogo controlado, muito disputado, com resultado justo e continuidade na prova de que também é titular. O Sporting, repito, eliminou sem dificuldade o Paços de Ferreira, o Rio Ave deixou o Famalicão pelo caminho, o Estoril surpreendeu ao vencer o Boavista e o Moreirense, o Fafe e o Académico de Viseu continuam em prova. O Benfica goleou Vilafranquense. O Torreense, o Estrela da Amadora e o SC Braga (com goleada ao Olímpico de Montijo, no Jamor) seguem para a próxima eliminatória. Ficam por disputar, no dia 23 deste mês, os jogos Marítimo-Salgueiros, Leiria-Gil Vicente, Belenenses SAD-Espinho e o Nacional-Leixões. Surpresas existem sempre e é também por essa incerteza que se considera a Taça de Portugal como a festa maior do nosso futebol.

Futebol tecnológico

A tecnologia invade o futebol. As competições nacionais desvalorizam-se em relação às internacionais. Os adeptos apoiam equipas estrangeiras pelos seus craques e poder económico. O jogo está a ser transformado com plataformas que pretendem transferir para os espectadores a vivência dos jogadores. Para já só dispomos de VAR, da tecnologia da linha de golo e muitas confusões com as linhas de fora-de-jogo!
Caminha-se para um algoritmo que, através de câmaras e sensores, arbitrará o jogo sem árbitro. A aplicação da inteligência artificial é realidade que, dizem, ajuda a melhorar. Porém, é preciso defender referenciais que são parte imprescindível do jogo. Nenhum robô, ou jogador virtual, consegue a ligação mental e afetiva, como os jogadores e treinadores humanos. Os e-sports, cada vez mais aperfeiçoados, causarão naturalmente pulverização de interesses. Contudo, no futebol, a paixão vem do Tempo e mantém herança como destino. Substituir o jogo nas quatro linhas por um jogo eletrónico poderá ser uma diversão, mas nunca se aproximará de um jogo ao vivo, nos estádios.