O regresso dos árbitros
Na minha última crónica, abordei a questão relativa às condições em que os árbitros de futebol profissional regressariam ao ativo, caso a Liga NOS viesse a recomeçar, como é expectável que aconteça.
A dimensão do que está em jogo exigia a introdução de medidas exigentes e, na verdade, foi isso que aconteceu.
O bem-estar emocional e a saúde física dos árbitros - a terceira equipa em todos os jogos que faltam disputar - é tão importante como o de jogadores, técnicos e demais agentes desportivos.
Nesse sentido, era importante garantir que nada seria esquecido ou exposto a riscos desnecessários.
Importa então referir que todos os árbitros (e também os árbitros assistentes e videoárbitros) já realizaram testes a Covid-19. Além desses, de resultado negativo, farão outros periodicamente: um a cerca de 48 horas de cada jogo e outro no próprio dia.
Mas há mais:
- A deslocação para cada treino terá que ser efetuada em viatura própria (uma pessoa por carro) e já equipados;
- Os balneários, desinfetados antes e depois de cada sessão, serão utilizados em casos excecionais;
-A temperatura será medida à chegada e, mesmo assim, só poderão treinar seis elementos de cada vez, de forma individual e com distanciamento social salvaguardado;
- Os treinos físicos (três por semana) e o teórico (um) serão centralizados em dois polos: o do Norte, na cidade do Porto e o do Sul, em Lisboa;
- Todos os árbitros utilizarão um sistema de monitorização GPS, para acompanhar a evolução do trabalho físico efetuado;
- Dentro de sensivelmente duas semanas, os juízes sujeitar-se-ão a provas físicas rigorosas, para aferir a qualidade da sua condição a esse nível. Quem não cumprir os mínimos, só atuará quando as repetir com sucesso;
- O uso de máscaras será obrigatório em todos os momentos, à exceção do trabalho realizado em campo (relvado);
- O regresso a casa após cada treino deve ser imediato, sendo que aí o respetivo confinamento será mandatário. No fundo, será casa/treino, treino/casa.
- Apesar de nada estar definido quanto ao transporte a utilizar para cada jogo, a ideia é que, para cada equipa de arbitragem, seja disponibilizada uma carrinha de nove lugares, com um acrílico a separar a zona dos passageiros da do motorista. O uso de máscaras será obrigatório na viagem;
- O ideal, também por definir, é que a estadia em hotéis (no caso de estágio para deslocações longas) seja feita em quartos individuais;
- O VAR, que em Portugal continuará a acompanhar a competição, terá seis salas ao dispor, todas devidamente higienizadas. O distanciamento estará garantido, tal como a obrigação do uso de máscaras para todos os envolvidos (técnico de imagem incluído).
Se, entretanto, algum árbitro tiver um teste com resultado positivo, será imediatamente colocado em quarentena.
Risco zero não existe, mas a preparação, profissional e rigorosa, antecipa bons resultados. Assim esperamos.