O que ainda falta a Portugal

OPINIÃO10.01.202205:30

Suspira-se na Luz por Rúben Amorim, técnico de perfil próximo a Bruno Lage

P ORTUGAL tem excelentes jogadores e cada vez mais brilhantes treinadores, porém continua com lideranças muito aquém das que o jogo já exige. A constante preferência pelo lado sentimental em detrimento do racional explica parte dos problemas, enquanto outros são bem profundos e até culturais, reflexo (como quase tudo) da sociedade em que vivemos. Só assim se entende que alguém como Bruno Lage, que provavelmente seria treinador para muitos anos no Benfica, não tenha resistido a uma segunda época e agora se suspire na Luz pelos sucessos de um Rúben Amorim de perfil mais ou menos semelhante. Até a escolha de Nélson Veríssimo, interino de aparente longa duração, metade experiência metade aposta, resgata o que os encarnados perderam ao escolher Jesus em vez de dar sustentação a Lage ou eventualmente apostar em Renato Paiva ou no mesmo Veríssimo. Todavia, os erros não se esgotam na Luz, com constantes chicotadas e os mesmos treinadores em rotação, apenas para se tentar algo diferente, depois de fazer vítimas entre quem provavelmente menos culpa tem. Será quando os dirigentes evoluírem no conhecimento do jogo ou quando se rodearem de gente com essa capacidade e autonomia, o futebol português poderá disparar.
Bruno Lage teve de fazer a sua ainda longa travessia no deserto até reaparecer no Molineux, herdando uma equipa com menos opções do que certamente precisava, longe de estar moldada às suas ideias,  com fragilidades decorrentes da longa paragem de Raúl Jiménez, a sua grande referência ofensiva, e força reduzida no mercado. Resistiu a três derrotas jogando sempre bem e finalmente estabilizou. Dificilmente este Wolves foi mais entusiasmante, tal como o Benfica não terá tido momento mais sólido em muitos anos, mesmo com Jesus, naqueles últimos seis meses de 2018/19.