O novo vírus!

OPINIÃO05.05.202107:00

O futebol tem de ser um jogo de competências e nunca um momento de subversão da verdade desportiva

A Liga do nosso futebol sofreu contaminação de risco elevado. A quatro jornadas do fim da competição, as consequências de jornadas anteriores criaram ambiente de suspeição, de prejuízo premeditado, de decisão de título sem as mesmas condições. De ano para ano, os árbitros e VAR profissionais têm desqualificado o rigor das competições, sem conseguirem rentabilizar elevados investimentos que fazem falta noutros setores.
Como é possível que num único jogo um árbitro consiga alterar radicalmente os rumos da Liga com a conivência do VAR? Pela primeira vez, nos últimos tempos, comentadores de arbitragem e ex-árbitros internacionais foram coincidentes: não foram assinaladas duas grandes penalidades (outros indicam três) a favor do FC Porto no jogo que foi realizar a Moreira de Cónegos. O empate a um golo é resultado falseado, com erros visíveis por TODOS menos pelo árbitro e o VAR, que subverteram a competição.
Claro que as decisões dos árbitros devem ser cumpridas de imediato. Mas há exceções: falhas que alteram a classificação e que revelam tendências que merecem investigação de entidade contra a corrupção. O próprio CA da FPF terá de ser investigado para justificar as nomeações em função dos jogos. E o CD da mesma merece atenta verificação pelas sanções atribuídas, para constatação da igualdade dos critérios.
O dia 26 de Abril de 2021 ficou para a história do futebol como uma data lamentável porque a suspeição invadiu definitivamente o relvado. O futebol é um jogo de competências e nunca um momento de subversão da verdade desportiva, pois o mérito é o seu lema de sempre. Que o futebol se consiga reencontrar, com a desejável naturalidade dos resultados, para valorizar a competição. Nem que para isso tenham de ser afastados elementos que a possam desvirtuar e colocá-la ao serviço de eventuais interesses inadequados. Está em causa o futuro do nosso futebol. Há quem designe o vírus por arbitragem-2021!
 

«O dia 26 de Abril de 2021 ficou para a história do futebol como uma data lamentável»

VACINA

MUITAS das nossas fragilidades estruturais são causadas por descuidos, vícios, ausência de lideranças competentes sem perspetiva estrutural. No futebol, como em todas as áreas, é urgente que os cidadãos sintam que contam, que têm direitos e responsabilidades.
Só em equipa se podem conseguir vitórias significativas. É indispensável terminar com o clima de guerra aberta que a todos prejudica e conseguir que a razão e a convivência consolidem vitórias que orgulham as competições. A vaidade exagerada destrói o conhecimento e a prepotência aprisiona a sabedoria.
Por isso, mais do que investimentos avultados que não impedem os erros, é indispensável uma gestão imparcial, avaliada com rigor e sem espaço para confusões. O exemplo da coerência permite erradicar o vírus do desentendimento e do ódio, porque vacina o organismo com doses de confiança e sem efeitos adversos. O processo de vacinação está ainda em fase de preparação…
 

A LIGA

A proximidade da conclusão da nossa Liga provoca um estado de grande emoção. É indispensável evitar mais casos lamentáveis com origem na arbitragem, mas não se consegue. Na jornada 30 (de 34), o Marítimo venceu o SC Braga e deu um passo importante para se manter na competição. Gil Vicente e Farense empataram e a luta continua, assim como o Rio Ave que foi a Portimão e só conseguiu empatar sem golos.
A visita do Boavista aos Açores, onde esteve prestes a vencer, acabou num empate a três golos no último segundo. A derrota do Nacional em Alvalade, apesar do maior domínio do visitado, teve decisões discutíveis.
Entretanto, o FC Porto e o Benfica tentam não descolar do sonho do título, para já mais próximo do Sporting. Deseja-se um final que não amplie casos infelizes nem polémicas que desprestigiam o nosso futebol. É urgente mudar radicalmente! Falta rumo sustentável, transparente e seguro ao futebol nacional, com antecipação e nunca com correção sistemática.
 

ELES ANDAM POR AÍ

Oinvestidor maioritário da SAD do Boavista perdeu a licença que possuía para competir no futebol profissional, com a equipa belga do Mouscron, por falta de «habilitação financeira». O empresário e gestor será obrigado a vender a licença desse clube, pois a comissão de licenciamento tem fundadas dúvidas de que tenha possibilidade de manter a sua capacidade financeira. Agora, ao Mouscron só resta descer da primeira divisão profissional para os distritais, a não ser que surja um improvável milagre imediato.
Gerard López, o detentor do Mouscron e da maioria do capital da SAD boavisteira, em 2017 adquiriu o Lille e, passados três anos, vendeu esse clube (em dezembro de 2020) a um grupo de investidores, por eventuais dívidas que poderão ter atingido os 200 milhões de euros. Não faltará rigor e verificação exaustiva das condições financeiras para evitar aventuras sem suporte e que podem deixar um caos de destruição e desemprego? Mais vale prevenir do que remediar!
 

TALENTOS IMPARÁVEIS

COM 16 anos, compatriota de Haaland, surge uma nova estrela, Andreas Schjelderup, que está a disputar o play-off do título da principal divisão da Dinamarca, pelo Nordsjaelland, como médio ofensivo com grande futuro que, nos últimos três jogos, marcou três golos, jogou, fez jogar e ainda fez uma assistência. Recusou propostas de grandes clubes europeus.
Muitos comparam-no ao também norueguês Martin Odegaard, que, com a mesma idade, foi o mais jovem jogador que no campeonato norueguês marcou um golo e acabou por jogar pelo Real Madrid; hoje com mais seis anos, com vínculo ao clube espanhol, está emprestado ao Arsenal. Terá sido por isso que Andreas prefere, para já, manter-se no Nordsjaelland, onde tem feito grandes exibições que confirmam o acerto da sua opção.
Em Portugal não faltam jovens talentos, mas falta-lhes competição e oportunidade no nosso país, embora alguns valores já integrem as equipas principais, mas muitos outros emigraram precocemente para ligas mais fortes.
 

A TERRA NÃO É PLANA

COM um ar triunfal, o presidente da UEFA mantém a opção de punir os clubes que criaram a Superliga Europeia. Admite a revisão da nova Champions e afirma desejar uma forte participação dos adeptos, manifestando admiração pela sua espontânea reação e deixando um agradecimento ao primeiro-ministro britânico, o que permite várias interrogações.
Num momento de aparente vitória expressiva, o presidente da UEFA reagiu com alguma sobranceria para com os treinadores e jogadores, por causa de novo aumento da carga competitiva.
«Não se pode gerar menos produto e ganhar mais dinheiro ao mesmo tempo», afirmou com altivez. Talvez venha a ter de mudar de estilo, porquanto se a Terra não é redonda, ela pode rebolar e surpreender. Um pouco mais de humildade seria preferível. Talvez uma visita à memória não muito longínqua o possa fazer cair na realidade e aprender a jogar em equipa. Já vimos quedas fantásticas e surpreendentes!
 

REMATE FINAL

1. O nosso primeiro-ministro, ao anunciar as medidas da última fase do plano de desconfinamento para Portugal continental, afirmou sobre o regresso do público aos estádios de futebol: «Não foi tomada qualquer iniciativa de alteração da situação. Até ao final da época, falta bastante tempo, mas diria que não é previsível que venha a haver uma grande alteração nesta matéria». Entretanto, confirmou a retoma das modalidades desportivas de alto risco e o regresso à competição dos escalões de formação.


2. A Seleção Nacional de andebol apurou-se para a fase final do Europeu, que se disputará na Hungria e na Eslováquia de 13 a 30 de janeiro de 2022, ficando em primeiro lugar no seu grupo.


3. Filipa Martins, a melhor ginasta portuguesa, apurou-se para duas finais nos Campeonatos da Europa de ginástica artística, em Basileia, na Suíça, onde apresentou um novo elemento técnico, nas paralelas assimétricas, que vai passar a ser incluído no código de pontuação internacional, com o seu nome: «Martins».


4. Na Croácia, o Sporting conquistou a Liga dos Campeões de futsal, vencendo na final o Barcelona e repetindo o título de há dois anos.