OPINIÃO O negócio NBA All-Star
O All-Star Weekend tornou-se, provavelmente, na maior feira de basquetebol do mundo
Quando, na passada semana, aqui escrevi sobre o problema que a NBA tem tido quanto a conseguir que os 24 jogadores que vão ao All-Star Game disputem o encontro mais a sério, com defesa, como antes acontecia, mas não estando obrigados a excessos de intensidade, para criarem as emoções do basquete para lá da sua natural qualidade de atletas, e assim evitarem que o público comece a ir embora no início do 4.º período e em casa mudem de canal, pode ter ficado a ideia que o fim de semana All-Star também vai mal. Seja a nível organizativo ou financeiro. Nada podia estar mais errado.
O All-Star Weekend tornou-se um sucesso, super lucrativo, e provavelmente será a maior feira de basquetebol do mundo. Estima-se que o impacto económico direto em Indianápolis, que recebeu a 73.ª edição, terá sido de 300 milhões de dólares, mais de 276 milhões de euros, e naqueles três dias all-star a cidade recebeu 200 mil visitantes, dos quais 190 mil foram aos diversos eventos oficiais.
No Crossover, uma espécie de FIL de divertimento que envolve os patrocinadores da Liga e não só, estiveram 85 mil adeptos, e depois há as ações de rua, nas escolas, torneios de equipas jovens do estado ou campos de treino (e observação) para promessas que podem vir a integrar a NBA e no qual, na edição de Salt Lake City-2023, esteve o português Ruben Prey (Juventut Badalona).
Também se fazem reuniões de negócios com a Liga ou os seus clubes para parcerias, as marcas de equipamentos que patrocinaram os jogadores abrem megastores durante 4/5 dias onde tudo acontece ou lojas mais pequenas de marcas que querem ganhar outra dimensão e para isso é preciso lá estar.
Realiza-se um summit técnológio ao qual só podem assistir convidados do gabinete do commissioner Adam Silver para mostrar o que há de mais avançado em para o jogo, simples entretenimento ou comunicação e onde a NBA revela aos parceiros os caminhos que pretende trilhar para se manter na crista da onda e continue a vender o campeonato para 214 países e territórios.
Muitos há que, no domingo de manhã, quando termina a parte do negócio, vão-se embora. Não têm bilhete para o Jogo das Estrelas ao final do dia, os pavilhões só vão até aos 20 mil lugares, mas não foi para isso que visitaram a cidade.
Longe vão os tempos, nos finais da década 90 início de 2000, em que a Liga sentia problemas para a convencer clubes e cidades a receber um all-star e o então commissioner David Stern tinha o sonho/plano B de o levar a Paris. Hoje isso é impossível. A máquina é gigantesca e sair da América do Norte complica.
É tão grande que há cidades como Oklahoma City, Milwaukee ou Portland que não receberam um all-star recentemente porque não têm hotéis, recintos desportivos e outras infraestruturas para responder às atuais exigências. Por isso o Fim de Semana das Estrelas está bem e recomenda-se. O problema mesmo é o que está na sua génese e o seu ponto alto, o Jogo All-Star. Esperemos por São Francisco-2025.