Se as estrelas não querem…

OPINIÃO Se as estrelas não querem…

OPINIÃO28.02.202409:00

Quando, há pouco mais de uma semana, no Gainbridge Filedhouse, acabou o 73.º All-Star Game de Indianápolis, com a seleção da Conferência Este a bater a de Oeste por impensáveis 211-186, números que derrubaram quase tudo o que eram recordes de pontos e lançamentos de três – só o Este converteu 42(!) em 97 tentativas e o Oeste 25 em 71 -, perguntaram a Damian Lillard, MVP do encontro, se pensava que tinha sido uma boa partida. E, caso não, se havia algo que, realisticamente, pudesse ser feito para melhorar.

Claro que o base dos Bucks não diminuiu a distinção que acabara de receber, assim como o seu desempenho (39 pontos, com 11/23 em triplos, e 6 assistências) ou o os colegas, mas lá foi dizendo que crê que algo possa ser feito, só não sabe o quê, ainda que ninguém espera que atuem com a intensidade de um play-off. «Mas achei que foi um bom jogo. Sempre que o púbico está envolvido ouvem-se os oohs e os aahs e coisas desse género, porque, se não estiver a gostar do que se está a ver, não dirão nada. Já o vi. Apenas sentam-se e assistem», acrescentou.

Pois… se no início do 4.º período tivesse olhado melhor para certos sectores das bancadas e sobretudo andasse nos corredores do pavilhão, viria as os fãs que, a pouco e pouco, tinham desistido e saíam mais cedo. E se o tivessem informado de quantos em casa tinham, entretanto, mudado de canal, então talvez o comentário fosse diferente.

Na véspera, o commissioner Adam Silver afirmara que esperava um bom jogo, isto depois das desilusões das últimas edições que fizeram com que se voltasse ao Este-Oeste após seis anos das equipas serem formadas pelos capitães depois de escolhidos os 24 eleitos. Nessa mesma manhã de domingo, no tradicional brunch entre antigos e novos jogadores da NBA, Larry Bird, natural do estado de Indiana e ex-treinador e presidente para o basquetebol dos Pacers, quase exigira, no seu discurso, que o Jogo das Estrelas voltasse a ter a qualidade e empenho dos seus tempos de all-star…

Na entrega do troféu Kobe Bryant para o MVP, a cara e linguagem corporal de Silver dizia muito. Mostrava alguém desiludido que tem de negociar os novos contratos televisivos que beneficiarão os basquetebolistas de uma liga onde o salário médio são $9,7 milhões (€8,5 milhões), mas o top 18 está acima dos 40 milhões (36,9 milhões) e se ganhar menos de 20 milhões (18,45 milhões) terá 77 jogadores à frente… E isto sem contar com contratos publicitários.

Crescem as ideias/propostas de como melhorar o principal evento e a razão de existir o All-Star, que há muito é mais do que um jogo e se transformou num gigantesco evento de negócios. Espera-se que um confronto entre estrelas dos Estados Unidos contra o resto do mundo na NBA traga outra emoção, sugere-se aumentar o prémio que já dá $100 mil (€92 mil) aos vencedores… Não há nada a fazer! Se os jogadores não quiserem atuar mais a sério, não há regras que o levem a tal. É que nem as desculpa de Lillard sobre o receio de se magoarem pega numa época em que, até ao momento, os dados mostram que a quantidade de lesionados é baixa face a outros anos. O troféu não se chama Kobe Bryant por acaso, é que ele levava o All-Star a sério.