O futebol alberga tudo e todos
A Procuradoria Geral da República deu a conhecer esta semana que o Ministério Público investiga «(...) empréstimos concedidos a um destes clubes e a uma sociedade desportiva por um cidadão de Singapura com interesses em sociedades sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas (...)». Investigação semelhante deve andar para os lados do Valência com o seu principal investidor a adquirir mais 17.600 ações (a 6,00 euros por ação) num clube que se encontra com a corda ao pescoço e apenas um pé em cima da cadeira. O definhar de alguns clubes deveu-se a um ou outro investidor, mas a verdade é que, independentemente da sua origem ou core business, os grupos de empresários que atuam em torno do futebol têm uma influência cada vez maior no setor e a FIFA, acima de qualquer outra entidade, é responsável por esse poder. Atuou ao sabor do vento ao longo dos últimos vinte anos. Só uma pequena fação, onde me incluo com posição irredutível e por escrito desde 2009, defende um reforço imediato sobre o controlo da atividade de intermediação e investimento no futebol. Atuando sempre ao contrário dos acontecimentos, emanou-se da Suíça decisão insólita, em 2015, de deregulation total da atividade de representação de atletas e clubes. Como se o futebol se soubesse regular a si próprio com os dirigentes que nele circulam! É comédia e tragédia a tempo inteiro! Basta recuar ao FIFAgate para recordar a impunidade vergonhosa à escala global. Agora, qual virgem ofendida, a FIFA diz que, afinal, é melhor impor-se novamente uma licença com mais exigências. Também parecem querer controlar, finalmente, os pagamentos dos clubes e atletas através de uma FIFA Clearing House. O problema está à vista: existiu duplicação das comissões pagas aos intermediários nos últimos 4 anos (252,75 EUR em 2015 para 554,79 em 2019), todavia, o dinheiro ao abrigo dos direitos de formação e solidariedade não aumentou progressivamente. Algo está errado...