O eterno clássico

OPINIÃO27.10.202206:35

O FC Porto vai dar a resposta indispensável ao longo da época. Podem ter a certeza

D ESTA vez não foi só mais um clássico: foi o primeiro reencontro entre dois treinadores que lideram a classificação. Duas filosofias, dois modelos diferentes, duas formas de enfrentar o jogo. Sérgio Conceição privilegia o equilíbrio, a organização, a identidade e a intensidade, sempre na procura da vitória. Por outro lado, Schmidt tem postura diferente com base no controlo da estabilidade, da tranquilidade, da concentração, para reforçar racionalidade e utilizando a surpresa como estratégia. E como o treinador alemão nunca disputou, em Portugal,  um clássico, foi a sua estreia nestes jogos e logo no Dragão! Sérgio já disputou 15 clássicos com o Benfica, com 9 vitórias.
Para além do jogo, a homenagem ao Bibota Fernando Gomes não deixou ninguém indiferente, mas todos unidos como se fossemos um só. E se Sérgio partilha os seus ensinamentos como jogador e treinador, ele é a imagem do clube no relvado, sempre evitando perder bolas, procurando vencer duelos e evitar recuar. Antes do jogo, o FC Porto manteve a dúvida sobre a equipa inicial, particularmente no meio-campo. O treinador alemão transmitiu serenidade, procurou antecipar desequilíbrios dos jogadores, mantendo rotinas. Mas os jogos têm finais que o futuro nunca controla. Na entrevista que saiu em A BOLA, consegui prever o que iria acontecer mas com a falha imprevisível de não ter acertado no desejo que manifestei: ‘Que o árbitro consiga passar despercebido’; não só não passou despercebido, como até se tornou o centro das atenções, paradoxo infeliz porquanto a tolerância zero foi mais um exemplo de desperdício de tempo, de falta de critério uniforme e uma evidente comprovação da razão porque o Mundial do Catar não terá árbitro português.
O FC Porto entrou pressionante, intenso e a jogar no meio-campo do adversário. O resultado é passado e certamente que a motivação causada por apreciações diferenciadas em lances semelhantes vai reforçar a vontade de superação, não só pelo título, porque o clube vai dar o máximo para o conquistar mas para o oferecer ao universo Porto. Claro que com menos um jogador (expulso antes da meia hora da partida), o jogo tornou-se mais complicado para os azuis e brancos, que nunca deixaram de lutar, mesmo em inferioridade numérica e com decisões contraditórias, como «a perda sucessiva de tempo para tantas explicações». O FC Porto vai dar a resposta indispensável ao longo da época. Podem ter a certeza. Uma equipa que jogou 68’ com 10 jogadores por expulsão de um médio aos 27’ e não utilizou o mesmo critério para com o adversário, acabou por permitir ao treinador do Benfica substituir um dos jogadores que deveria ter sido expulso e não foi, conseguindo manter os 11 jogadores. Após o esforço imenso do FC Porto, aproveitou o final para conseguir superar o cansaço suplementar a que azuis e brancos foram sujeitos e conseguir obter um golo, embora discutível mas validado. Mas os azuis e brancos nunca desistem e continuaram a lutar até ao apito final. A dúvida: aquele lance em que Vlachodimos defende com as mãos um eventual atraso forte, direto e aflito do Grimaldo com os pés, dentro da sua área, não seria falta?
O campeonato não começa agora e ainda falta muito para terminar, mesmo com a infeliz paragem de campeonatos entre novembro e dezembro. Mas a raça do FC Porto será sempre o seu destino e nunca se conforma, procurando sempre a vitória em todos os jogos. Nos dragões, quem não esteve muito feliz assume sempre os factos e reforça a sua entrega ao jogo com total determinação, para ter sempre o foco na conquista do título.
A 10.ª jornada manteve a competitividade e com resultados disputados. O Casa Pia, com excelente organização estratégica, foi a Alvalade e na primeira parte estava a vencer por um golo. Rúben Amorim com a entrada de Paulinho conseguiu mudar a dinâmica, surgindo o golo da igualdade e a motivação para mais dois golos que confirmaram a vitória. O SC Braga foi vencer ao Estoril e o Famalicão, num processo de vitórias, superou o Paços de Ferreira. Destaque também para a vitória do Santa Clara em Vizela, do Chaves contra o Gil Vicente e o triunfo do V. Guimarães sobre o Boavista. A tabela classificativa começa a dar preocupações a alguns clubes.


VENCER A VIOLÊNCIA NO DESPORTO

OGoverno reforçou mecanismos para o combate à violência no desporto, e apresentou estratégias de prevenção, assim como o agravamento penal. O facto das incidências ocorrerem dentro ou fora dos recintos desportivos têm de ser combatidas com a mesma responsabilidade. Destacam-se: criminalização de apoio a grupos organizados de adeptos não registados na Autoridade Prevenção e Combate à Violência do Desporto (APCVD); apoios diretos não declarados nos protocolos estabelecidos (que obriga a declaração específica e identificação dos responsáveis dos grupos). O facto de existirem somente 30 grupos organizados de adeptos implica que é urgente ultrapassar as situações de ilegalidade (com moldura penal de um a três anos de prisão). Os clubes são responsáveis pelas atitudes dos adeptos (que pode implicar o alargamento da interdição de acesso a recintos desportivos, assim como a ocultação de imagens de videovigilância). As diversas multas passaram a ter maior dimensão. Um dos passos a dar é o enquadramento para a violência relacionada com racismo, xenofobia e ódio. Uma das medidas a preparar devidamente será a criação de lugares para pessoas com mobilidade reduzida, nos diversos setores visitado e visitante. A criação do gestor de segurança para aplicação gradual, com simplificação dos regulamentos específicos. Essa proposta terá de ser aprovada na Assembleia da República, não para existir no papel mas antes para ter a funcionalidade que se exige.
Tarefa coletiva e que pode começar com pequenas alterações significativas, que terão de manter uma colaboração estreita com os órgãos de comunicação social: por exemplo, na afixação de tarjas com mensagens de ódio, solicitar que eliminem o clube visado, até para reduzir a eventual escalada de conflitualidade. Comentadores que, sentados ao redor de uma mesa, por vezes causam maiores danos do que um insulto infeliz num espaço reduzido. Lamentamos sempre as discussões acesas sobre clubismos, com argumentos fanáticos e tendenciosos de quem vive dizendo mal, apontando defeitos mas nunca recordando os do seu clube. E quer queiram ou não, analisemos um pouco a situação à volta de um estádio. Antes de entrar no estádio, os adeptos conversam, manifestam esperanças, mas também fazem provocações aos adeptos adversários, quando todos afirmam querer  o  mesmo, jogar bem e vencer com mérito. O problema da violência associada ao desporto passa principalmente pela responsabilidade de cada um e não fazer de uma vitória ou derrota um grave problema, um desequilíbrio emocional, mas aceitar que o jogo já acabou e não há oportunidade para alterar o resultado. E, de facto, as dificuldades e angústias do dia-a-dia por vezes fragilizam ainda mais as dificuldades diárias, seja aos adultos mas também aos jovens e crianças, porque cada cor quer vencer naturalmente. Em vez de ir atrás de quem cria atmosferas de conflitos, refletir no jogo que acabou, no que se podia ter feito melhor, no desempenho individual e coletivo e não se deixar levar pelos autores das tempestades imediatas, que apenas perseguem a violência e a destruição por onde passam.
Finalmente aos árbitros. Temos de lhes deixar uma mensagem de grande esforço para manter o jogo sem grandes e inaceitáveis erros, porque algumas vezes a violência também se potencia com as falhas mais graves dos árbitros. Um árbitro, também designado como um juiz, deve manter a serenidade sem espetáculo. A normalização da sua atitude e dos seus árbitros auxiliares deve pautar-se pela confiança e tranquilidade, impedindo gestos e comportamentos tão empolados que acendem rastilhos que nunca se sabe que incêndios podem causar. A responsabilidade é de todos! O futebol parece um alvo fácil, porque todos opinam sobre o jogo como se o tivessem analisado com rigor, quando sabemos que é um essencialmente um espaço de paixão, de emoção e de imprevisibilidade. O regresso a casa tem de permitir um percurso que nos conduza ao controlo da racionalidade.
Comunicado: «O Sporting Clube de Portugal lamenta e repudia os episódios de violência ocorridos ontem (22.10.2022), no Estádio José Alvalade, durante o jogo com o Casa Pia Atlético Clube. Agradecemos o apoio de todos os que, como sempre, contribuíram positivamente para conduzir a nossa equipa à vitória (…)  O Sporting CP dá também por terminadas as tentativas de celebração de protocolo com a Associação Juventude Leonina.»
Finalmente, foi encarada com a indispensável atenção os perigos da pirotecnia nos estádios, com o regime jurídico dos explosivos e substâncias perigosas que inclui a criminalização da utilização, transporte ou distribuição  de engenhos pirotécnicos em recintos desportivos; é proposta pena de prisão até cinco anos, ou pena de multa até 600 dias: A segurança merece a máxima atenção e prevenção. 


CHAMPIONS (5.ª JORNADA)

N A Luz, no dia 25, o Benfica defrontou a Juventus, com uma primeira parte que vulgarizou o adversário e ao intervalo já vencia por 3-1. No recomeço ampliou a vantagem (4-1), desperdiçou várias oportunidades de golo e, inexplicavelmente, os últimos minutos foram de pressão dos italianos, que conseguiram reduzir para 4-3. Vitória justa.
Na Bélgica, no dia 26, o FC Porto goleou o Club Brugge, com uma exibição de alto nível, quer individual quer coletivamente, marcando 4 golos (poderiam ser muitos mais) sem sofrer nenhum e revelando a força do dragão. Diogo Costa fantástico e a qualidade do futebol azul e branco correrá mundo pela excelência. No mesmo dia, em Inglaterra, o Sporting organizado conseguiu marcar aos 22’ e controlou o jogo em função do resultado. Na segunda parte, o Tottenham foi crescendo e, mais intenso, conseguiu perto do fim o empate. No último momento a equipa inglesa marcou o segundo golo, mas o VAR anulou e evitou a injustiça.


REMATE FINAL

O norueguês Erling Haaland está imparável a superar recordes: em 11 jogos na Premier League, já marcou 17 golos. No total desta época, Halland já faturou 22 golos e 7 jogos seguidos a marcar. Grande aquisição do Manchester City.