O caso Amorim

OPINIÃO17.03.202106:00

Que este seja definitivo ponto de partida para ‘outra’ formação de treinadores

C OMECEMOS pelo fim: a responsabilidade da fiscalização das regras que era competência da FPF é agora da ASAE!? A formação de treinadores ficou aprisionada em legislação complexa, numa visão centralista e totalitária, à boleia de governos.
Suspender durante anos a formação foi decisão para impedir comparações. Surgiu legislação que reduziu autonomia das federações desportivas.
Não acredito em perseguições mas na exigência do cumprimento da lei, a que também a ANTF está obrigada. Rúben Amorim é um de centenas de casos semelhantes. Quando o problema está na lei, só há uma solução: substituí-la. O atual modelo de formação de treinadores não serve o futebol.
Nunca conseguiu cumprir-se totalmente. Cada federação deve garantir a sua especificidade. Anular validade de diplomas legítimos e exigir dupla certificação foram decisões de controlo estatizante. É urgente criar modelo de formação de treinadores que promova partilhas e entendimentos. Grandes talentos e muita experiência se perderam.
É fácil criar alternativa legal, com mecanismos aceleradores, para casos específicos, com exigência máxima e seriedade absoluta. Na regulamentação residem as origens do problema. Gastar mais de 10 mil euros para conseguir atingir o nível IV e demorar o mínimo de seis anos (caso consiga clubes para treinar nos níveis anteriores) é paradoxal, dado não se tratar nem de Doutoramento Académico, nem de Curso Profissional de Investigação, mas de curso desportivo federativo.
Que Rúben Amorim possa ser um caso, não para polémicas que desviam atenções e divisões, mas um ponto de partida definitivo e prestigiante na resolução dos problemas da formação de treinadores, com independência e eficácia. A lei em vigor está fora de jogo e os seus defensores não podem continuar!


A LIGA 

À medida que a competição avança, o desempenho dos árbitros e VAR são cada vez mais decisivos, logo exige-se a máxima concentração.
No Nacional-Marítimo, os golos decisivos de Rodrigo Pinho deram a vitória e outro alento ao Marítimo. Em Faro, o Belenenses SAD marcou o único golo do jogo num lance que aproveitou falha de marcação e venceu, embora o Farense lutasse para tentar mudar o resultado.
O Benfica venceu o Boavista num jogo disputado, com expulsão do central do Boavista aos 10’, obrigando os axadrezados a jogarem com grande esforço. Santa Clara venceu o Portimonense e revela estar em bom momento. Em Tondela, o jogo foi muito disputado e, como vem sendo hábito nos minutos finais, o Sporting aproveitou espaço livre e marcou o único golo que garantiu a vitória.
Moreirense e Rio Ave empataram. O V. Guimarães em casa perdeu com o Gil Vicente, com um resultado surpreendente: 2-4. Após vitória épica em Turim, o FC Porto concentrou-se no campeonato e venceu o Paços de Ferreira, mantendo a luta até ao fim. Em Famalicão, o SC Braga conseguiu estar a ganhar na primeira parte mas, no segundo tempo, os da casa empataram, dominaram o jogo e criaram várias oportunidades para vencer.


SERÁ DESTA?

Osecretário de Estado da Juventude e Desporto (SEJD) referiu na Assembleia da República que este Governo vai criar medidas extraordinárias para o universo do desporto. «Quero tanto como as federações e os clubes que esses apoios apareçam. Garanto que vão aparecer muito brevemente», afirmou João Paulo Rebelo.
Aguardam-se os apoios para o universo do desporto. Desse plano constarão ajudas diretas às coletividades amadoras que foram obrigadas a reduzir atividades e mesmo a parar.
O secretário de Estado anunciou também o financiamento para o desporto que integrará a Estratégia Portugal 2030. Nessa estratégia, o desporto deverá ser privilegiado, porque no quadro do Portugal 2020 não foi contemplado. Como meta a alcançar, vai tentar colocar Portugal como «uma das 15 nações na Europa com mais atividade física desportiva e um dos países europeus mais ativos.» Meta muito ambiciosa porque parte com um atraso substancial. Em relação aos eventuais benefícios indiretos e ao acesso a financiamento com condições favoráveis para infra-estruturas desportivas, ficamos a aguardar. «Sei que os que mais diretamente contactam com o Governo sabem que podem confiar em absoluto no que lhes é dito. Não há proclamações simpáticas para circunstâncias, há efetivamente trabalho e respostas objectivas.» Afirmou o SEJD e ficamos a aguardar para ver o que acontece. 
 

 

AMBIÇÕES

Q UER em relação à Nova Champions e às sugestões de regras para transferências, a discussão na UEFA entra numa fase de decisões complexas. Quando o objetivo principal é o crescimento das receitas, é bom estarmos atentos. Ainda sem decisão definitiva, o aumento de 32 equipas para 36, numa única liga (já não se fala em grupos) em que cada equipa jogará 10 jogos, tendo em consideração o ranking das equipas na primeira fase, colocando frente a frente adversários equilibrados, ficam algumas dúvidas por esclarecer.
O tão falado novo formato da Champions (com início em 2024) está em fase de análise, com visões dissonantes, embora unidas na obtenção de mais dinheiro, em especial com origem nas transmissões televisivas. O negócio é essencial mas o futebol nunca pode ser desvalorizado. Para já, debate-se a distribuição de verbas, alterações nos calendários de jogos e como se vai processar o aumento de participantes de 32 para 36 equipas. Há quem defenda que se apurem os oito primeiros classificados a quem se juntam os oito apurados do play-off a duas mãos: 16 equipas apuradas.
A Associação das Ligas Europeias (European Leagues) defende que na primeira fase as equipas joguem oito jogos (e não 10, pois com esse modelo haveria um grande aumento de jogos). O secretário-geral da UEFA afirmou que em abril tudo deve ficar decidido. O diretor geral da European Leagues, apesar de reconhecer a proposta como interessante, deixou o aviso da necessidade de proteção para as ligas nacionais (que podem perder espaço e receitas) e decidir bem a questão do número de jogos.
Quanto às quatro novas vagas, ainda não houve acordo, apenas dúvidas. A Associação Europeia de Clubes (ECA) defende que duas das vagas devem ser escolhidas em função da classificação no ranking das equipas. Pelo contrário, a European Leagues prefere recompensar clubes fora das principais ligas.
Do Ajax veio a proposta do modelo de todos contra todos para impedir saídas precoces de várias equipas.
O presidente da European Leagues defendeu a necessidade de equilibrar as competições nacionais com as europeias. Ainda falta partir muita pedra porque os interesses são muito divergentes.
Paralelamente, a ECA quer impedir transferências de jogadores dos clubes das mesmas competições ou do mesmo ranking. A pretensão que os clubes só podem negociar com outros de ranking mais baixo agudizará muitas polémicas, porquanto seria impor limites à liberdade de funcionamento do mercado e até impedindo opções de jogadores.


REMATE FINAL

Sérgio Conceição, após o jogo em Itália com a Juventus, afirmou: «Tenho um grupo de jogadores bravos, que interpretaram da melhor forma o que tínhamos para o jogo, perante uma grande equipa, de altíssimo nível. Tínhamos de estar preparados para sofrer, mas também para criar dificuldades à Juventus. Fomos uma verdadeira equipa, os jogadores estão de parabéns. Fizemos um trabalho fantástico e não é fácil. Depois da expulsão do Taremi, fomos buscar aquilo que é o ADN do FC Porto (…) Estávamos a perder 2-1, mas nunca deixámos de acreditar. Esse é o verdadeiro ADN do FC Porto.» E acrescentou: «Nunca preparamos a equipa para ficar reduzida (...) Às vezes, além do espírito de sacrifício, também queremos essa inteligência para perceber o que o adversário está a fazer. Era preciso estarmos precavidos para isso (…) É normal sofrer contra uma equipa destas, mas de realçar que sofremos mas criámos oportunidades para fazer golos».

A Seleção Nacional de Andebol, venceu a França, em Montpellier, com um golo no último segundo, conseguindo a participação inédita nos Jogos Olímpicos, em Tóquio. «Por Quintana!» é o lema. Muitos parabéns!