O Benfica, Toulouse, e o resto da época
Foto: IMAGO

O Benfica, Toulouse, e o resto da época

OPINIÃO26.02.202409:17

Na antecâmara das grandes decisões, quando a margem de retorno é quase nula, Schmidt precisa de reencontrar o equilíbrio

O Benfica que se apurou para os oitavos de final da Liga Europa em Toulouse é um mistério. Em primeiro lugar porque qualquer semelhança entre o futebol que praticava na época passada e o que ali produziu só pode ser coincidência. As saídas de Grimaldo e Ramos, e a entrada de Di María, alteraram a matriz do jogo encarnado, e a verdade é que, quase em março, Roger Schmidt ainda não foi capaz de encontrar a tecla certa para afinar a orquestra.

Na antecâmara de três jogos de transcendente importância - Sporting, FC Porto e Rangers - não será tempo do treinador alemão regressar a alguns conceitos por onde já andou, sem se fixar? Na esquerda da defesa, por onde já passaram Jurásek, Morato e Carreras, é Aursnes, pau para toda a obra, a opção mais fiável (como se viu com o Portimonense); e no meio-campo, até para compensar o que Angel Di María já não consegue entregar em termos defensivos, o comparsa de João Neves só pode ser Florentino, que faz, na recuperação de bola, o que não é feito por João Mário (o Portimonense não é nem o Sporting, nem o FC Porto).

Depois, quanto ao ponta de lança, Schmidt tem de saber o que quer, se alguém que segure a bola de costas para a baliza contrária e sirva os companheiros (Arthur Cabral); se um jogador que pressione a saída de bola adversária (Tengstedt); se um ponta-de-lança com faro de golo (Marcos Leonardo); ou se um falso nove (Rafa). Todos com qualidade, mas cada um com características diferentes, que dão ao treinador opções diversas.

Kokçu (como se viu com o Portimonense), a jogar na sua verdadeira posição (entre o dez e o nove e meio), razão que justificou o grande investimento feito pelo Benfica, é um jogador entusiasmante, capaz de fazer a diferença.

Perante um adversário muito acessível como o Toulouse, o Benfica suou as estopinhas para classificar-se, e realizou, no sul de França, uma segunda parte pura e simplesmente lamentável. Nesta fase da época, ou Schmidt encontra um equilíbrio que lhe permita estabilizar a equipa, ou cada jogo será uma roleta russa, sem que se saiba, antes de premir o gatilho, se a bala está no carregador, ou se já passou para a câmara.

PS - João Neves e António Silva, ao dizerem-se em condições de jogar em Toulouse, e fazendo-o com grande qualidade, mostraram uma força mental que é própria dos campeões.