O belo Arsenal que apaixona

OPINIÃO10.10.202206:30

Arteta não teve medo de cortar o cordão umbilical e seguir o seu próprio caminho

HÁ uma frase que gosto cada vez mais de ouvir: “Este ano, torço pelo clube x.” É essa força que o futebol tem, essa capacidade que deveria ser  indestrutível de convencer-nos a mudar só por empatia. Acontece-me isso agora com o Arsenal, clube pelo qual senti poucas vezes afinidade - talvez mesmo só no tempo dos Invincibles de Arsène Wenger-  e que agora provoca-me sorrisos quando deixa para trás emblemas porventura mais apaixonantes e futebóis que nos divertiram tanto, como os de Guardiola ou de Klopp, já de si tão diametralmente opostos. Não é alheio a tal que, no meio de tantos rostos carismáticos, também se destaque o de Mikel Arteta, discípulo de Pep (tal como este tinha sido aprendiz de Cruijff), porém ao mesmo tempo sem medo de cortar o cordão umbilical e seguir o próprio caminho. É difícil não ficar apaixonado pela irreverência do futebol dos gunners, assente em tanta juventude, que encontrou razão e coração no equilíbrio entre o ataque posicional, retirado do conforto com a bola, e as transições ofensivas, extraídas da vertigem e virtuosismo dos homens da frente, carregadinhos de talento, de Saka a Martinelli, passando por Odegaard, Vieira e Jesus. Um futebol que nem cumpre com o dogma da presença de um 9 que conclua as jogadas. É um Arsenal líder, com apenas uma derrota diante de um Man. United ferido e talvez por isso mais perigoso do que o habitual, aquele que nos atrai, após já ter derrubado Tottenham e Liverpool, e nos faz agora crescer água na boca para o duelo adiado com o City. Este Arsenal diverte-me, confesso. Que seja feliz!

P.S. Cristiano Ronaldo marcou. Um bom golo, um golo à Ronaldo. Um golo histórico. A lesão de Martial, que ocupou o seu lugar quando não estava e que convenceu Ten Hag depois de empréstimo sem grande sucesso, abre-lhe a porta do agora ou nunca. Tem de ser agora!