O alto preço da ‘criatividade financeira’

OPINIÃO23.01.202305:30

A gestão errática do Everton e a reparação devida a Marco Silva; a diferença entre Itália e Portugal; e a Final Four da Taça da Liga...

O Everton, propriedade do anglo-iraniano Farhad Moshiri, atual penúltimo classificado da Premier League, já pôs as malas de Frank Lampard, o manager, à porta, e procura nova solução. Depois de anos a fio de estabilidade - David Moyes esteve dez anos à frente dos toffees, seguido de Roberto Martínez, atual selecionador de Portugal, que assegurou três épocas - o clube  entrou numa deriva, que tem tudo para acabar mal. Ronald Koeman fez uma época (7.º) e não quis mais, Sam Allardyce foi 8.º, o mesmo sucedendo com Marco Silva, Carlo Ancelotti já foi 10.º, Rafa Benítez durou seis meses e deixou a equipa em 16.º, posição que Frank Lampard manteve, e nesta época o histórico clube de Goodison Park, nove vezes campeão de Inglaterra, vencedor de cinco Taças e de uma Taça dos Vencedores das Taças, está em zona de despromoção, no 19.º lugar. Trata-se claramente, porque dinheiro não falta, o estádio está sempre cheio, e os técnicos contratados são de qualidade, de um problema de gestão. No futebol, há, de facto, mais do que jogadores e treinadores. E a propósito de treinadores, Marco Silva foi dos melhores dos últimos anos...

F ORAM retirados 15 pontos à Juventus na Serie A (a Vecchia Signora recorreu para o Supremo desportivo, que funciona no Comité Olímpico), por mascarar as contas e aldrabar, inflacionando, várias transferências. Em Portugal, ainda muito recentemente foram detetadas práticas semelhantes em vários clubes, que não tiveram pejo em assumi-las como  uma engenharia financeira que é feita com regularidade. Pelos vistos, a única coisa que é diferente relativamente a Itália, é a lei vigente, a nossa a omitir, e a transalpina a punir. Sic transit gloria mundi.

A Final Four da Taça da Liga, que vai ocupar a semana futebolística, não conta, desta feita, com dois suspeitos do costume, Benfica e SC Braga, o que vai ter reflexos, seguramente, na bilheteira. Mas como nem encarnados nem arsenalistas tiveram competência para aceder a esta fase, há que dar os parabéns a Arouca e Académico de Viseu, com a probabilidade alta (ok, isto é futebol, tudo pode acontecer...) de estarmos na antecâmara de mais uma final entre FC Porto e Sporting, excelente aperitivo para a escaldante segunda volta da Liga.


ÁS – GONÇALO GUEDES

Rui Costa viu uma janela entreaberta para o reforço imediato da equipa, e meteu uma lança em África ao trazer de volta para a Luz (até ao fim da época) Gonçalo Guedes. O avançado de Benavente aterrou numa noite e no dia seguinte estava a seguir com a equipa para Ponta Delgada, onde jogou e até marcou. Promete muito.


ÁS – PEDRO PORRO

Se alguém bater a cláusula de Pedro Porro até dia 1 de fevereiro, Rúben Amorim terá em mãos o maior problema desde que chegou a Alvalade, de tal forma o badajocense se tornou influente na manobra e dinâmica da equipa. A exibição contra o Vizela, onde marcou um golo e fez uma assistência, assim o confirma.


DUQUE – DANIEL ALVES

Acusado, em Barcelona, de ataque sexual, está preso sem fiança, muito provavelmente porque a Justiça ainda não esqueceu a fuga de Robinho para o Brasil, de onde não pode ser extraditado (para Itália). Ser acusado não é ser culpado (viu-se, para já, com Mendy), mas Dani Alves tem futuro sombrio.