Não há meio termo para Bruno Lage

OPINIÃO11.09.202409:45

Bruno Lage regressa ao Benfica pela mão de Rui Costa e não pelo chamamento dos adeptos. Essa reconquista da família encarnada será o seu primeiro grande desafio. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

O endeusamento dos técnicos do Benfica que conseguiram (alguns) bons resultados só é um problema porque quanto mais alto se coloca alguém num pedestal, pior é o tombo. É a lei da gravidade e a lei do adepto. Talvez por isso nenhum dos nomes que contribuíram para que o Benfica ganhasse seis das últimas 11 edições da Liga – Jorge Jesus, Rui Vitória e Bruno Lage – fosse consensual ou equacionado pela maioria dos adeptos para substituir Roger Schmidt.

Relativamente ao alemão, estou certo que aproveitará a pausa bem paga que tem pela frente não para aprender português, mas para finalmente estudar as equipas portuguesas – pode começar aleatoriamente pela letra F, de FC Famalicão. Lage esteve no melhor e no pior da vida dos encarnados. Não há meio termo. Ganhou o 37.º título quando ninguém esperava que alcançasse tamanha proeza e perdeu o bicampeonato depois de uma 1.ª volta épica e uma 2.ª volta deplorável.

A curta carreira de Lage como treinador principal é muito feita destes detalhes: um bom ano Wolverhampton e um arranque horrível no segundo ano; boa primeira impressão no Botafogo e um timing de intervenção completamente errado («Coloco o meu lugar à disposição», disse, após derrota em casa com o Flamengo e eliminação anterior da Taça Sul Americana) para chamar a si a pressão e por ela ser impiedosamente engolido. Por isso é que os adeptos do Benfica se interrogam sobre qual é a versão de Bruno Lage que aterrou na Luz em missão de socorro. Esperam que seja a primeira, mas pode ser qualquer uma delas.