Marcas decisivas

Marcas decisivas

OPINIÃO13.04.202306:35

Ainda o clássico da Luz e a significativa troca de palavras entre Schmidt e Conceição

SÉRGIO CONCEIÇÃO e Roger Schmidt deixaram marcas positivas e importantes, para o nosso futebol. O alemão teve a capacidade de analisar o jogo com imparcialidade e reconheceu publicamente o mérito da vitória de FC Porto na Luz («o Porto jogou melhor e mereceu ganhar») e Sérgio Conceição despediu-se do treinador do Benfica, desejando-lhe um bom jogo e bons resultados na eliminatória contra o Inter de Milão.  Será que os comentadores oficiais, conseguem entender essa troca de palavras entre os dois treinadores, deixando de lançar achas para uma fogueira destrutiva que assenta numa violência sem sentido, com fanatismos doentios, que desvalorizam o próprio País?

As emoções são fantásticas, mas no fim dos jogos, é imprescindível controlar comportamentos e aplaudir sempre o seu clube em todas as circunstâncias. Manter o apoio à respetiva equipa e superar frustrações sem violência nos estádios, mas revelando a eterna ligação intensa dos adeptos ao clube: esse é um passo desejável e que mudará certamente o panorama do futebol, prestigiando a nossa Liga. Para isso, é urgente que presidentes de clubes saibam distinguir a esfera do privado e do público e, acima de tudo, manterem um comportamento adequado e sem insultos gratuitos, muitas vezes para concentrar inaceitáveis ódios, que disfarçam as derrotas.


LIGA PORTUGAL

DEPOIS da vitória do FC Porto na Luz, as decisões do título, do apuramento das equipas para as competições da UEFA e das descidas de divisão, são focos constantes que transformam esta fase final do campeonato numa emoção permanente. É fundamental que não surjam erros da arbitragem (afinal para que serve o VAR, a não ser para valorizar a verdade) para evitar injustiças e um conjunto de argumentos parciais que devem ser banidos do jogo. FC Porto foi brilhante e provou a sua excecional organização tática e estratégica, acabando por vencer por margem curta, quando marcou mais golos, porque o árbitro errou ao não validar esses lances. Um Porto a mostrar a sua tenacidade e competência, sem margem para dúvidas e com o reconhecimento de superioridade no jogo, pelo próprio treinador do Benfica, numa demonstração de fair-play, o que revela a sua dimensão e o mérito dos azuis e brancos. Será que as férias dos jogadores do Benfica, antes do Clássico, amoleceram a equipa?

O Sporting foi ao Jamor (situação de campo emprestado, que deveria ter sido superada, antes do início da competição) onde aconteceu uma chuva de golos, com a vitória dos leões, num jogo onde as igualdades aconteciam em série, até que o terceiro golo de Trincão ditou o resultado e pela primeira vez conseguiu um hat-trick. Rúben Amorim descontente pela insegurança defensiva revelada, apesar de muitos golos marcados, mas também com tantos golos sofridos, apesar da vitória. O Braga começou a vencer o Estoril, que ainda conseguiu empatar; a entrada, ainda na primeira parte, de Pizzi a substituir André Horta, alterou o desfecho do jogo, porque desbloqueou a defensiva adversária, em especial, na segunda parte, marcando um golo que abriu caminho para vitória folgada. O Portimonense esteve a perder por 2 golos sem resposta do Rio Ave, contudo, nos minutos finais, o clube do Algarve conseguiu empatar.

O Boavista venceu no Bessa, com todo o mérito, uma equipa forte como é o Guimarães. O Vizela deslocou-se aos Açores e continua a vencer e a subir na classificação, ao invés do Santa Clara que não consegue deixar o último lugar da classificação. O Famalicão foi a Paços de Ferreira vencer e deixar os castores numa posição de descida de divisão.

O Arouca venceu o Marítimo e a diferença esteve na organização e eficácia do clube visitado, que somou mais uma vitória e se mantém numa classificação brilhante, ao contrário do Marítimo, que tenta conseguir a esperança do play-off para se manter na Liga principal. O Chaves foi empatar no Gil Vicente, num jogo de qualidade, mas sem golos.


TAÇA DE PORTUGAL

N A Madeira, o Nacional recebeu o Braga, na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal e o resultado foi uma goleada do Braga de 5-0 ao Nacional.  


COMPETIÇÕES EUROPEIAS

NA primeira mão dos quartos de final da Champions, o Benfica perdeu no Estádio da Luz com o Inter, equipa muito experiente, dando espaços ao adversário e mostrando incapacidade em manter a posse. Em Milão, os encarnados têm oportunidade de corrigir se tiverem mais rapidez, coragem, objetividade e apoio constante.

Nesta quinta-feira, o Sporting, em Turim, no Estádio da Juventus, no jogo da primeira mão dos quartos de final da Liga Europa, vai tentar alcançar um resultado que possibilite segurança, para na segunda mão poder confirmar a passagem às meias-finais.


CANDIDATURA AO MUNDIAL DE 2030

UCRÂNIA vai apresentar brevemente declaração de que não vai integrar a candidatura à organização do Mundial 2030, por razões óbvias.  Essa candidatura Ibérica vai ter a companhia de Marrocos, com a intenção de trazer essa competição para o extremo ocidental da Europa e Norte de África, como já existiram exemplos de competições que se estenderam por vários países.

Além da candidatura que integra Portugal, mais duas alternativas vão concorrer: Uruguai/Argentina/Chile/Paraguai e ainda Egito/Grécia/Arábia Saudita. A candidatura em que estamos integrados, para além da confiança na capacidade de organizar eventos dessa dimensão, será uma demonstração de confiança em três países com provas dadas e apoios governamentais com excelente entendimento comum.

O Comité Executivo da Confederação Africana de Futebol (CAF), vai apoiar por unanimidade Marrocos (considerada também como Candidatura do Continente Africano), porque integra também uma frente com mais dois países (Portugal e Espanha) com ligações, história e laços profundos, representando uma originalidade que merece essa atribuição. Marrocos tem aprovação da UEFA. Convém ter presente que em 22 Campeonatos do Mundo, só por uma vez se realizou em território africano: África do Sul em 2010. Até ao momento realizaram-se 11 campeonatos na Europa, 5 na América do Sul, 3 na América do Norte, Central e Caraíbas e 2 na Ásia.


47.º CONGRESSO DA UEFA

EM Lisboa, no Congresso da UEFA, Aleksander Ceferin foi reeleito presidente, assim como os elementos do respetivo Comité Executivo. Fernando Gomes, presidente da FPF, atingido o limite de idade, abandona esse Comité e passa a integrar o Conselho da FIFA, por período de 4 anos, que permitirá diversos contactos, para tentar a vitória da candidatura conjunta da Espanha, Portugal e Marrocos.

Simultaneamente, Ceferin não deixou de criticar, com veemência, os clubes do movimento da Superliga Europeia, assim como considerou a extrema importância do caso ‘José Negreira e Barcelona’ como «uma das situações mais graves que vi no futebol. Ao nível da UEFA nada está prescrito, está a ser investigado», afirmou o presidente da UEFA. Fica a mensagem final: «A UEFA não irá apoiar mais alterações ao modelo de competições europeias», curiosamente em oposição ao presidente da FIFA.

Ceferin mantém a força do futebol europeu no apoio aos campeonatos nacionais porque, como afirmou, esses campeonatos «são o cimento do nosso modelo».

Como lamento, fica a não eleição, para o Comité Executivo da UEFA, da única candidata que poderia permitir uma diferença significativa: a norueguesa Lise Klaveness.


ARBITRAGEM

O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) reconhece que o quadro de árbitros é fraco. Mas é fraco há anos, embora paradoxalmente afirme que existe potencial. Afirma que cada vez há mais formação, mas na prática continuam falhas inaceitáveis e com efeitos nos resultados.

Outro ponto em que o presidente da APAF confia plenamente é no VAR, embora reconheça que continuam a surgir lapsos polémicos e com influência nos resultados?! Se o protocolo é demasiado fechado, então abram-no em função das exigências do nosso futebol e da verdade desportiva. Preocupa-nos que cada VAR tenha opções e métodos diferentes. A competência não se escreve, somente na prática se consegue definir. A APAF não tem de defender os árbitros, mas essencialmente de defender a sua ação no campo e de penalizar erros que decidem jogos, não pelo jogo, mas pelos erros decisivos de arbitragem. Mas isso implica uma capacidade de diálogo intenso, sistemático e imparcial.

Quando questionar o árbitro implica punição e um certo autoritarismo, algo está contrário ao desejo de entendimento e respeito mútuo do árbitro com o treinador. Para isso, o quarto árbitro poderia ser um elemento essencial de equilíbrio emocional e não um ‘apontador de queixinhas’ que poderiam ser evitadas, com ação cuidada e racional. Por vezes, fica a ideia de querer castigar em vez de tentar acalmar, porque o jogo é também um universo de emoções intensas. Para criar um ambiente saudável e cooperativo, é urgente mudar a mentalidade ‘policial’ e torná-la mais cooperante.

Um árbitro nacional envolvido num processo com clubes, admitiu em tribunal ter pedido revisão de nota, mas desconhecendo o reencaminhamento. O presidente da APAF admitiu que «não é normal» facultar relatórios a elementos dos clubes e o árbitro em questão não facultou qualquer documento a um clube. Mas não teve procedimento adequado, sem o fazer de forma intencional ou direcionada a um clube.

«Fez as coisas de forma ingénua e serviu de lição para ele e para muitos outros», como afirmou o presidente da APAF que deveria ter reunido previamente com esse árbitro, para não ser uma vítima, mas antes para o levar a compreender a complexidade do momento e dar-lhe as condições para não ser utilizado para outros interesses. De facto, houve também uma falha do presidente da APAF em não ter abordado essa questão com a devida atenção e não permitir que o árbitro ficasse numa posição inaceitável.


REMATE FINAL 

«Fomos sempre superiores em todos os momentos», afirmou Conceição e Schmidt concordou, com dignidade e justiça.

FC Porto, nesta época, foi a equipa que somou mais pontos no confronto entre os quatro melhores classificados, ficando Sérgio Conceição como o treinador com mais sucesso no desempenho dos clássicos, ultrapassando os treinadores Janos Biri e Jorge Jesus, ambos no Benfica. Sérgio conquistou 6 pontos frente ao Sporting, 6 pontos frente ao Braga e três frente ao Benfica.

Em basquetebol, no Dragão Arena, o FC Porto, após estar a perder por 18 pontos com o Benfica, acabou por vencer a partida por 92-89.