Ligações perigosas
Nesta matéria [claques], Frederico Varandas, presidente do Sporting, merece o elogio maior
O mundo sabe que o FC Porto foi multado em mais de €20 mil pelo comportamento dos adeptos no dérbi com o Boavista. E também sabe que o Benfica pagou à UEFA €55 mil pelo mau comportamento dos adeptos durante o jogo com o PSG. Sabe ainda que o Sporting já desembolsou €127 mil em multas em 2022.
Exemplos de dinheiro perdido pelos clubes ao serem responsabilizados pelo comportamento dos adeptos, como prevê o artigo 25.º do Regulamento de Prevenção da Violência da FPF. Sim, é verdade, os clubes são responsáveis pelo que as claques/adeptos fazem dentro do seu estádio. E podem, em casos extremos, ver o seu recinto desportivo interditado - art.º. 46-A n.º 1 da Lei 92/2021, Lei da Segurança e Combate ao Racismo (...) - que prevê ainda outras sanções: multa, espetáculos à porta fechada, perda de pontos, entre outros. Importante relembrar que há aqui, como é habitual nesta matéria, um duplo controle: UEFA e Autoridades nacionais nos jogos das competições europeias, FPF e Autoridades nacionais nos jogos caseiros.
Esta foi a forma que as Autoridades encontraram de fazer respeitar a lei por parte das claques. Se os adeptos violarem a lei, quem sofre é a Instituição desportiva. Como há muito se percebeu, não chegava penalizar o próprio adepto, uma vez que este, enquanto cidadão, está sujeito às mesmas penalidades que qualquer um de nós: pagar multas, indemnizações, ser preso.
De notar que as claques têm de ser constituídas como uma Associação (art. 14 da lei). Acresce que têm de ser igualmente registadas junto da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto. Se não o fizerem, é o próprio clube que está ilegal. O Benfica tem uma claque nessas condições, os No Name Boys, e convinha, para sócios e adeptos, que o problema fosse resolvido.
Todos concordarmos que os espetadores que se juntam para assistir a um espetáculo de futebol merecem fazê-lo em segurança, homens, mulheres e crianças de todas as idades. Veja-se o exemplo do futebol inglês: anos depois da erradicação dos grupos organizados de hooligans que tanto terror espalharam, hoje, em terras do Rei, todos podem ir tranquilamente a um estádio. Mas por cá ainda vale a pena abusar: cantar "SLB, SLB, SLB filhos da p...” custou apenas 816 euros ao FC Porto.
Deixo o que me parece ser uma questão importante: têm os presidentes dos clubes portugueses, em particular dos designados três grandes, uma posição firme sobre este assunto? Nesta matéria, Frederico Varandas, presidente do Sporting, merece o elogio maior, porque há muito que alerta para a importância de erradicar comportamentos danosos por parte de algumas claques e é quem mais tem procurado cumprir a lei com rigor, protegendo todos os adeptos, os do Sporting e dos outros clubes. Tem, por isso, direito ao golo, bem lá no ângulo superior.
SELEÇÃO COM DIREITO AO GOLO
Amanhã a Seleção Nacional inicia a sua participação no campeonato do Mundo do Catar, num jogo onde defrontará o Gana. Acredito que vamos ter direito ao golo muitas vezes, acredito nos nossos jogadores, no nosso capitão, Cristiano Ronaldo. Força!