Benfica: Lage pediu jogadores
Treinador não conseguiu evitar o desgaste das principais peças, à exceção de Di María, e queixou-se da falta de argumentos dos que habitualmente não jogam para proceder à habitual rotação
A conferência de Bruno Lage foi obviamente dominada pela quebra de rendimento, e resultados, do Benfica, mas parece-me que há uma mensagem clara do treinador. Lage pediu jogadores (e não apenas à direção).
Já elogiei a gestão que Lage fez de Di María, diferente daquela que executou Roger Schmidt, e com resultados com sucesso. Mas falta a gestão de todos os outros e é essa que tem estado em escrutínio à luz da quebra de rendimento coletivo e de algumas peças, no plano individual, com Akturkoglu a ser a mais evidente.
O que levou o treinador do Benfica, então, a fazer tal gestão? O técnico argumentou que rodou pouco porque aqueles que jogaram sistematicamente lhe deram garantias de qualidade e que até chegou ao topo da Liga. O problema veio depois, porque quando o calendário aperta, é preciso rodar e que quem entra, entre com níveis de competitividade exigidos para o futebol de alto nível.
Olhando de fora, à gestão de Lage, e ouvindo o que disse na antevisão desta terça-feira, há várias hipóteses.
Sobre a gestão: Lage não gosta do plantel que tem. O que é legítimo porque não foi ele quem o escolheu como treinador, embora para se tornar treinador do Benfica o tenha aceitado. Mas se assim é, quando pode o Benfica dar as armas que o técnico quer e necessita? Recorde-se que o argumento que o treinador usou para o insucesso e consequente saída do Benfica na primeira passagem pelo comando principal foi a falta de aposta em janeiro no mercado, o que levou a um desgaste físico de jogadores titulares, mas para os quais considerava não ter opções.
Sobre o que disse: os jogadores treinam mal ou têm-se esforçado pouco. Se assim é, não têm uma atitude correspondente à exigência profissional e muito menos à do Benfica. Se assim for, o técnico precisa de: a) outros futebolistas [pedidos à direção], b) que os que tem tenham uma dedicação e esforço maior [pedido ao próprio ao plantel, portanto].
Claro está que há ainda uma terceira hipótese em equação. A de ser o próprio Bruno Lage a fazer uma má gestão e, com isso, não só provocar uma falta de concorrência interna como também criar desgaste em quem não joga. Se assim for entendido pelos futebolistas, rapidamente o grito do Mónaco «precisamos de todos» pode ser entendido como uma falsa promessa, perigosamente por cumprir, no entender de quem treina e se dedica todos os dias.
O que não deixou de ser claro, no Benfica ou noutro clube, é que quem quer minutos tem de os merecer. Lage pediu jogadores. Falando para dentro e não só para a direção: falou sobretudo para o plantel.