Tudo o que disse Bruno Lage antes da Taça da Liga

FUTEBOL07.01.202516:10

Treinador do Benfica na antevisão do jogo da meia-final com o Sporting de Braga, esta quarta-feira, às 19h45

Este jogo com o Sporting de Braga, a nível tático, poderá ser diferente, do de sábado, por ser um jogo a eliminar?

Eventualmente não será muito diferente, mas com certeza que de um ou do outro lado as equipas vão tentar que existam surpresas em posicionamentos, em formas de pressionar. Perspetiva-se um grande jogo, trata-se de uma meia-final e nós, porque é a natureza do clube e pelo facto de estarmos há dois jogos sem vencer, levamos para o jogo uma enorme motivação em vencer, em fazer um grande jogo para estarmos presentes na final e vencer um título que o Benfica não vence desde 2016.

Na última conferência de imprensa disse que a questão da ausência de golos não era só dos avançados, mas de toda a equipa. O Akturkoglu foi um jogador que, no início da época, deu golos à equipa, mas tem vindo a cair nos últimos jogos. Como é que explica a quebra de rendimento deste jogador?

O que eu disse foi que a responsabilidade de marcar golos vem de toda a equipa, não apenas dos avançados. A forma como nós queremos jogar e a responsabilidade de marcar golos vem de todos nós, e isso que fique bem claro. Há algo que é importante referir nesta altura, e que vai um pouco ao encontro daquilo que me perguntou… Quando nós entrámos, entrámos sem margem de erro. Nós não tínhamos margem de erro e nos primeiros jogos nós fomos ao encontro de uma equipa que nos deu garantias e fizemos realmente um período muito bom, de boas exibições. Não havia essa margem de erro quer no campeonato, quer na Liga dos Campeões, que é uma competição muito importante para o clube pelo prestígio internacional e financeiro, quer também a eliminatória da Taça de Portugal e a Taça da Liga. Durante esses quatro meses não tínhamos essa margem de erro, tínhamos a ambição de nos aproximar do primeiro lugar e eu senti mais confiança em determinados jogadores, pela forma como estávamos a render e pela forma como eles estavam a ligar o jogo. E, a jogar de três em três dias, consecutivamente, sentimos que nos últimos dois jogos alguns jogadores eventualmente baixaram um pouco de forma. Eu também já sei que me vão dizer 'sim, mas nos primeiros dias disse que contava com todos'. É verdade, eu conto, não abandono ninguém e nunca abandonei ninguém, mas para trabalhar comigo os jogadores têm de andar no limite, tenho de sentir que tecnicamente, taticamente, fisicamente e emocionalmente estão preparados para trabalhar comigo, e estão preparados para jogar a este nível. E corresponder, em função do rendimento.

Falou, a seguir ao jogo com o SC Braga, que um dos problemas é a falta de concretização e outro são as primeiras partes. Que trabalho fez para que esse problema das primeiras partes não volte a acontecer agora na meia-final?

O mais importante é nós olharmos para o jogo, perceber o que aconteceu e prepararmos da melhor forma o jogo seguinte. Há situações de jogo que temos de fazer melhor e eu tenho dito isso ao longo do tempo. Estão perfeitamente identificadas, os jogadores têm trabalhado muito e nós vamos ter de dar essa resposta de entrar fortes nos jogos, fortes a pressionar e ter um maior controlo do jogo com bola. Essa é a nossa preocupação, mas muito mais do que isso é a exigência que nós temos de ter, de ganhar, porque essa é a exigência de quem representa este clube.

Disse há pouco que não abandona nenhum jogador, mas que têm de trabalhar no limite. Refere-se a alguém em específico?

Não, não, é referência de nada. É referência daquilo que nós fomos falando nos últimos quatro meses. Repito aquilo que disse: eu senti que não tínhamos margem no campeonato, na Liga dos Campeões, na Taça da Liga e na Taça de Portugal. Na primeira fase, como disse aqui várias vezes, esse era o primeiro passo. Passámos a jogar muito bem. Já jogámos futebol de enorme qualidade, conseguimos o primeiro lugar e até aí fomos competentes. Quando chegámos ao primeiro lugar, e nos dois jogos seguintes, não fomos competentes e perdemos essa posição. Eu tive de me agarrar àqueles jogadores que sentia que, em função do tempo e do rendimento, que iam tendo, me davam mais garantias. Foram os jogadores mais utilizados devido a essa situação. A primeira fase cumprimos, chegámos à primeira posição e depois de estarmos em primeiro lugar infelizmente não cumprimos. Tenho total confiança em mim, nos jogadores que estão comigo porque durante um bom período jogámos um futebol de enorme qualidade. Agora é nós percebermos o que é que está a acontecer, trabalhar em cima disso, continuar a dar motivação e confiança aos jogadores. Temos de ter a enorme responsabilidade que significa estar à frente desta equipa, fazer as pessoas acreditar, quer os nossos adeptos, quer os nossos jogadores, pois temos todas as condições para voltar a jogar o futebol que já jogámos esta época.

Sente-se realmente em alerta ou debaixo de fogo?

Qualquer treinador do Benfica que não vence dois jogos está sob enorme pressão porque esta é a nossa exigência. Entrei nesta casa há 20 anos, tenho quase 100 jogos enquanto treinador principal desta equipa. Conheço muito bem a exigência do Benfica. Nós ganhamos por 5, temos de ganhar por 7. Quando ganhamos por 1 já não é suficiente e quando se perde dois jogos a pressão e a crítica aumentam. Não é o Bruno Lage é outro treinador qualquer. Isso faz parte da história do nosso clube e é a exigência dos nossos adeptos. É normal. Agora nós temos é de ter a capacidade de continuar a trabalhar, de continuar a acreditar e de fazer as pessoas acreditarem. Isso é fundamental para o nosso trabalho, porque só há um caminho: vencer, vencer, vencer. Vencer com qualidade e com muitos golos. Isso é nosso, está enraizado e nós temos vivido isso. Qualquer treinador do Benfica que perde dois jogos está sujeito a essa pressão porque a pressão vem da nossa natureza. Falo diariamente com o presidente.

Há uns dias disse que a solução para a saída de Kaboré seria o Leandro Santos, mas acabou o último jogo diante do SC Braga com o Leandro Barreiro a lateral-direito. A decisão do Leandro Santos já é definitiva ou o Benfica ainda está no mercado a ver o que pode acontecer, como as notícias recentes do interesse em Alberto, do Vitória de Guimarães? E perguntar se os jogadores que dão menos garantias são Prestianni, Rollheiser ou Schjelderup que têm exigido mais minutos?

Reforço aquilo que disse que foi que quando cheguei, e pela forma como reestruturei e organizei a equipa, porque às vezes os jogadores jogavam em posições diferentes das que jogam comigo, e alguns nem jogavam, eu senti que jogávamos com qualidade. Em função de não haver margem, senti que aqueles jogadores, pelo jogo que iam jogando, não havia tanta necessidade de alterar porque davam confiança para continuar com este registo. Sobre os jogadores menos utilizados aquilo que eles têm de fazer é a cada momento, a cada oportunidade terem o rendimento que eu exijo, que o clube exige e que jogar no Benfica exige. Sobre o mercado, aquilo que eu lhe posso dizer é que o Benfica, como clube grande que é, está sempre atento ao mercado, quer para reforçar a equipa, quer numa eventual saída de algum jogador. Sobre um ou outro nome, o que pode acontecer é nós ouvirmos propostas, analisarmos o rendimento do jogador, analisarmos aquilo que é o melhor quer para o jogador, quer para a equipa e quer para o futuro do Benfica. Vai ser sempre em função disso.

Nessa ausência de margem de erro, até por aquilo que os jogadores não dão e que esperava que dessem, que importância acrescida tem esta Taça da Liga, neste momento de instabilidade do Benfica?

Vencer no Benfica é que é estabilidade e mesmo assim vencer com qualidade. A nossa conversa com os jogadores foi de olharmos para aquilo que fizemos no último jogo. Olhar, perceber, mas também não estar muito tempo focado naquilo que aconteceu, mas sim estar preocupados com o jogo seguinte. Quer a ganhar, quer a perder, não podemos olhar muito para trás. É olhar para a frente e o caminho é já amanhã. Vencer, fazer um grande jogo, vencer com qualidade. Termos todos os jogadores disponíveis, com energia, para fazermos um grande jogo. Só assim eu, enquanto treinador, e os jogadores, enquanto jogadores, acreditando no trabalho que vamos fazer, fazemos as pessoas acreditarem que nós somos a solução para a equipa jogar e vencer títulos.

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