Impressões do Euro-2020

OPINIÃO16.06.202107:00

Portugal revelou classe e eficácia e um plano definido com forte compromisso

Abertura Oficial (11.06.2021). Um campeonato da Europa organizado em 11 cidades de 11 países é ideia original embora só no final se possa fazer a avaliação respetiva. Em Roma, arrancou o Euro-2020. Cerimónia de beleza e originalidade, com projeções virtuais, hologramas, festival de luz, música, coreografia vinda do céu e suportada por muitas bolas, recordando as origens do jogo que não conhece fronteiras, a voz e imagem de Bono, mais a excelente interpretação de Andrea Bocelli, no estádio. Fantástico. Estádio Olímpico de Roma, com 25% de adeptos.

Jogo inicial: Turquia 0 - Itália 3. Após o espetáculo, realizou-se o primeiro jogo desta fase final do Euro-2020, que se manteve equilibrado na primeira parte. A Turquia fechou espaços, linhas juntas e boa organização defensiva. A Itália mais à frente, circulando à largura, com mais remates à baliza adversária. Ao intervalo 0-0. Aos 53’ Itália marcou um golo, com a bola ainda a tabelar num jogador adversário: 0-1. Treze minutos depois, jogada rápida, com recarga após defesa, aumentou para 0-2. Os turcos reagiram mas a Itália voltou a marcar aos 79’ (0-3), sendo mais objectiva, intensa e eficaz. Turquia quebrou com o primeiro golo, mas nunca deixou de lutar. Nesse jogo e nos restantes, forte presença do público.

Dia 12. Em Baku, o País de Gales e a Suíça empataram a um golo. Primeira parte com domínio da Suíça, mais organizada e no segundo tempo, reação e empate do País de Gales. VAR anulou bem dois golos da Suíça.
- Em Copenhaga, jogaram Dinamarca e Finlândia. O controlo do jogo estava do lado da Dinamarca até ao minuto 43, no qual Christian Eriksen, sozinho, caiu inanimado no relvado. Emoção no estádio, eficaz atuação do corpo clínico da Dinamarca conseguindo reanimar o atleta e levando-o para o hospital, evitando-se uma tragédia. As equipas e o público foram exemplares. Após confirmação da segurança do atleta, o jogo prosseguiu, passadas duas horas. A Finlândia venceu uma equipa muito superior mas que sofreu uma emoção dramática que, inclusivamente, não permitiu rematar com sucesso uma grande penalidade. Força Eriksen! O desportivismo é herança única.
- Em São Petersburgo, encontraram-se a Bélgica e a Rússia. Bélgica mais organizada e coesa marcou 3 golos sem resposta, frente a uma Rússia lutadora mas ineficaz, que deu muito espaço ao adversário. Lukaku bisou.

Dia 13. Em Bucareste, defrontaram-se Áustria e Macedónia do Norte. Jogo intenso, pouca consistência de organização e agressividade nos limites. A Macedónia do Norte estreou-se numa competição deste nível, marcando um golo (pelo veterano Pandev) e a Áustria teve a sua primeira vitória nestas fases finais, por 3-1.
- Em Amesterdão, jogaram Países Baixos e Ucrânia. Jogo disputado com intensidade, equilíbrio, emoção e golos de muita qualidade. Após o recomeço, os Países Baixos marcaram dois golos (aos 52’ e 59’) e a Ucrânia empatou (marcando aos 75’ e aos 79’). Dois modelos  muito organizados e, aos 85’, os Países Baixos conseguiram o golo da vitória.
- Em Londres, a Inglaterra enfrentou a Croácia, iniciando com intensidade. A Croácia, a partir do minuto 25, equilibrou, controlou o jogo e Modric organizou a sua equipa, conseguindo mais posse. O jogo tornou-se estratégico e a Inglaterra, num lance em que Kane abriu espaço para desmarcação no corredor central, surgiu Sterling a obter o único golo aos 57’, conseguiu a primeira vitória de sempre, no primeiro jogo de um Campeonato da Europa.

Dia 14. Em Glasgow, jogaram Escócia e República Checa perante o apoio constante do público. Escócia iniciou com jogo direto e os checos com maior organização na criação de lances. Muita intensidade do primeiro ao último minuto, sempre em velocidade. Aos 42’,cruzamento da lateral e cabeceamento exemplar de Patrik Shick que marcou o primeiro golo: 0-1 aos 42’. Segunda parte com várias oportunidades para cada equipa e a Escócia a usar os corredores laterais para cruzamentos de risco. Aos 52’ Shick bisou num pontapé com mais de 45 metros de distância, num chapéu exemplar ao guarda-redes, e faz o 0-2. Oportunidades desperdiçadas para as duas equipas, com Escócia a pressionar até ao apito final. Jogo com ritmo elevado, agressividade sem perdas de tempo. Vitória justa da República Checa, valorizada pela determinação do adversário.
 - Em São Petersburgo, a Polónia defrontou a Eslováquia e foi surpreendida sua pela dinâmica e velocidade adversária que marcou cedo (0-1, aos 18’). A Polónia na primeira parte, não fez um remate. Pelo contrário, a Eslováquia, muito ativa, focou-se no ataque rápido. Paulo Sousa mudou para criar mais espaços, circular com maior velocidade e foco na baliza adversária. A segunda parte iniciou-se com forte entrada da Polónia que empatou aos 46’, com determinação para vencer. A expulsão de um jogador (acumulação de amarelos) subverteu o plano. Aos 68’ a Eslováquia ainda conseguiu o golo que deu a vitória. Nos últimos momentos, a Polónia perdeu duas oportunidades.
- Em Sevilha, a Espanha encontrou-se com a Suécia. Dois modelos diferentes: Espanha de progressão em bloco, circulação e posse de bola. Suécia jogo mais direto, físico, objetivo. Espanha num jogo de paciência e posicionamentos, criando lances de perigo mas desperdiçando-os por falta de eficácia. Ao intervalo 0-0. Os nossos vizinhos mantiveram a coerência e a Suécia adiantou-se no terreno, lutando para criar perigo. Isak, numa insistência individual, poderia ter inaugurado o marcador. Foram várias as oportunidades de golo criadas pelos espanhóis, com futebol controlado, previsível, a que faltou eficácia. A Suécia teve iniciativas que poderiam ter mudado o rumo dos acontecimentos. Jogo sem grandes emoções e cujos talentos serviram a organização tática, tendo faltado um rasgo de liberdade e de criatividade. O resultado não se alterou desde o início. 

Dia 15 (conclusão da primeira jornada). Em Budapeste, a Hungria, em casa e perante mais de 60 mil adeptos, jogou com Portugal (campeão em título). A reação ao estádio lotado praticamente com adeptos da equipa da casa revelou a personalidade de Portugal, sempre controlando o jogo, com serenidade e organização. Portugal entrou forte, determinado e o adversário com garra, entusiasmo e agressividade com algum exagero. Portugal marcou o ritmo, circulou em todo campo, com apoios próximos, como equipa que possui grande coesão. Portugal desperdiçou lances de golo, a Hungria teve poucas oportunidades e foi sempre lutadora. Fernando Santos foi substituindo em função da velocidade e da capacidade para desequilibrar. Depois do desgaste da primeira parte, naturalmente vieram os golos: Raphael Guerreiro aos 84’, Ronaldo aos 87´e bisou aos 90’+2, de grande penalidade. Cristiano bateu mais um recorde, o único jogador a participar e marcar golos em 5 jornadas finais dos Europeus e aproximou-se do máximo de golos nas seleções. A nossa equipa revelou classe, eficácia e um plano definido com forte compromisso.
- Em Munique, a França enfrentou a Alemanha no que poderia ser um grande jogo. Duas equipas de grande valor a tentarem bloquear o adversário, com a França mais veloz no meio-campo e nos avançados. A Alemanha aos 20’ fez um autogolo infeliz e esse lance foi decisivo. Cada equipa tentava obter o golo, a França com mais tranquilidade e a Alemanha de forma menos trabalhada. Três pontos para a França e zero para a Alemanha.